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Participe da nova seção do GLOBO ‘Conte sua história de amor’! É só mandar seu relato, com no mínimo 2 mil caracteres e no máximo 5 mil, para o e-mail historiadeamor@oglobo.com.br. É preciso se identificar e mandar um telefone para contato. No entanto, caso prefira, a publicação pode ser anônima.

As histórias selecionadas pela nossa equipe serão publicadas a cada 15 dias na versão digital (às quintas-feiras) e impressa (aos sábados) do jornal. Não é preciso ser escritor, apenas ter um conteúdo verdadeiro, vivido por você e com emoção genuína. Qualquer tipo de amor vale a pena!

Confira a história dessa semana, enviada por Victor Hugo Abril:

"Terminada a pandemia, em 2022, tentando retornar à socialização, fui vencido pela tecnologia e entrei num aplicativo de namoro. Sou professor de história, nascido em terras fluminenses e trabalhando em terras pernambucanas. Tinha meus 30 e poucos anos. Conheci alguém, a princípio era atração física, depois identifiquei gostos comuns, ele era muito parecido comigo. Apesar de ele ter 20 e poucos anos, era maduro para a idade.

Ilustração da seção Conte sua história de amor: Chowchow — Foto: Rata
Ilustração da seção Conte sua história de amor: Chowchow — Foto: Rata

Marcamos de nos encontrar, ele viria aqui em casa. A proposta era clara: algo casual. Ele estava saindo de um relacionamento de cinco anos, trocara de cidade e estava em Recife para reconstruir a vida. Mas quando a campainha tocou e abri a porta, tudo mudou para ambos. Meu cachorro, Simba, um chow chow um pouco desconfiado e antissocial, foi abanando o rabo de alegria para uma pessoa que nem ele, e nem eu, conhecíamos. Depois, algo mais estranho aconteceu: ficamos exatos 10 minutos parados um de frente ao outro, nos olhando, sem saber o motivo, sem nenhuma palavra e com Simba pulando entre nós.

Depois desse lapso temporal o convidei a entrar. O casual, virou uma conversa longa, com beijos e abraços. E não houve o sexo, pois decidimos que iríamos nos ver mais, não sabíamos explicar o porquê. Como ele estava hospedado em um hostel, saiu de madrugada. “Oi, cheguei e não se preocupe, o hostel já estava fechado e vou dormir dentro do carro mesmo”, me avisou. Sem o conhecer direito e sem nunca ter deixado ninguém dormir aqui permiti que viesse para casa, seria injusto deixá-lo num banco de carro. Dessa noite não recordo mais, pois pela manhã estava num hospital.

Calma, não foi um “boa noite cinderela”, não foi um golpe, eu tive pela primeira vez na vida uma convulsão. E, se não fosse por ele, talvez nem vivo estivesse. Ele me levou para o hospital, pagou as contas, pois não achava meu convênio. E o pior: geriu a minha família que se perguntava 'quem é esse rapaz'? A partir daí, o algo casual se tornou cotidiano. Nos víamos, nos cuidávamos. Ouvia as inseguranças e ansiedades dele para se reerguer em Recife. Em março, começamos a namorar. Ele alugou um canto para ele, mas não conseguíamos viver separados, no fim ele sempre dormia comigo, com as bençãos de Simba.

Mas as circunstâncias mudam as histórias. Em julho, ele foi a um congresso e eu fiquei sozinho, com meu Simba (como sempre ficávamos no passado), quando ele passou mal, muito mal, com problemas cardíacos. Nico era o único que dirigia, entrei em pânico, eram 3hs da manhã e num piscar de olhos estava deitado no chão da cozinha, já sem vida, o meu serzinho. Imediatamente, Nico voltou do congresso e ficou o mês inteiro em casa. Me ajudou a superar e doamos juntos as coisas de Simba para um abrigo de cães.

Passadas três semanas, fomos ao show da Adriana Calcanhotto. Foi um presente para ele, porque era fã dela e me contava histórias de que quando era bebê dormia ao som de Esquadros, Vambora, etc. Ao final do show tiramos fotos com ela, segurei a mão dele e pedi para morar comigo de vez e nos casarmos. Pronto, cinco meses de namoro e já noivos.

Éramos um só, eu adorava pipoca doce, só ele fazia. Tomávamos todo dia o café da manhã juntos. Saíamos, namorávamos. E isso foi se estendendo, até dezembro de 2022.

Com nove meses de namoro ele entrou em crise e disse queria um tempo para processar tudo que estava vivendo. Parecia um término e, confesso, não estava preparado. Nunca tivemos uma briga e, realmente até hoje eu não sei por que ele decidiu isso. A gente estava bem. Mas ele tinha questões de adolescência, internas, para resolver e estava fazendo terapia.

Ele saiu de casa, foi para o canto dele. Toda vez que nos víamos, nos beijávamos, fazíamos amor, mas ele dizia que não poderíamos mais nos ver. Eu tinha certeza do nosso amor e que iríamos voltar, era só uma questão de tempo.

Assisti aos jogos da Copa do Mundo no Quatar sozinho, num apartamento já muito vazio. Minha insegurança bateu e mandava mil mensagens para nos vermos. Até que ele resolveu me ver, em 20 de dezembro. Sentamos, nos olhamos como na primeira vez, mais de 10 minutos. Nos abraçamos e parecia ser mesmo o fim dessa história. Fiquei aos prantos, mas acreditando que agora seguiria sozinho.

No dia 23 de dezembro, tive um dia angustiado, dormi mal, suava mesmo com o ar ligado a 17°C. Até que na manhã de 24 de dezembro, uma amiga dele me ligou e disse que Henrique, meu Nico, estava indo ver a família em Fortaleza de carro, estava chovendo, o carro aquaplanou na BR 304 e ele morreu na hora. Uma véspera de Natal que ficará marcada para sempre. Nós iríamos juntos de carro, Recife-Fortaleza, levando Simba. Depois da morte do serzinho, a programação era irmos nós dois, mas nos separamos. Ele me salvou da convulsão e eu não consegui salvá-lo do acidente.

2023 passou para todos e para mim uma procrastinação, sem vontade de dar aulas, de sair, de viver. Em dezembro de 2023 fui até a BR 304, a estrada do acidente que matou meu amor, tentar sentir sentir a energia dele. Conversei com o bombeiro que o resgatou e ele me confidenciou que a primeira pessoa que eles acharam no celular era eu, mas não conseguiram contato.

Às vezes sinto a presença deles e lembro do sorriso de Nico levantando Simba para o alto. Voltei há poucos dias do cartório, pois tinha agendado o casamento, e não tinha cancelado desde que terminamos."

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