Marina Lima: 'Com o tempo, vou sentindo bem menos preocupação com o julgamento alheio'

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— Eu adoro fazer esse show e foi muito bom rodar o Brasil com ele. A troca com o público é revitalizante. É emocionante ver a plateia toda cantando do início ao fim as músicas que fiz ao longo de 45 anos de carreira — diz a carioca da gema de 68 anos, que não esconde a animação de reencontrar seus conterrâneos. — Vou estar inteira no palco para eles.

Também inteira, como de costume, estará a gaúcha Filipe Catto, que tem rodado o país com o show de seu último álbum, “Belezas são coisas acesas por dentro”, com ousadas reinterpretações de Gal Costa. A amizade entre as duas é longa, e começou pouco depois da chegada de Catto em São Paulo, em 2010, quando Marina já morava por lá. Em seguida, Marina deu uma música para Catto, “Partiu”, gravada em seu segundo álbum, “Tomada”, de 2015.

Domingo, nas areias de Ipanema, será a segunda vez que as duas dividem o palco em “Nas ondas da Marina”. A primeira foi em São Paulo, na Casa Natura Musical, em maio. “Marina Lima, eu te amo. Obrigada por ser o presente, o passado e o futuro”, publicou a cantora, na ocasião. Ao GLOBO, ela pontua que a compositora de “Virgem” é uma de suas maiores referências (“em termos de composição, de estética, de tudo”).

— Acho ela uma gostosa, acho todos os discos magníficos, me identifico completamente com a sua obra. Quando descobri o seu repertório maravilhoso, na adolescência, me senti contemplada de ver que existia uma artista que pensava daquele jeito, com aquela expressão tão sofisticada e ao mesmo tempo tão universal, tão alinhada com o que a contemporaneidade estava propondo — diz Catto, que celebra essa aproximação com o seu ídolo. — A Marina é uma pessoa muito alinhada com o que há de chique, moderno e novo. Ela sempre foi e sempre será essa pessoa.

A própria Marina tenta explicar esse fator “fresco” em músicas compostas (muitas delas com seu irmão Antonio Cicero, membro da Academia Brasileira de Letras) há mais de quatro décadas. O tempo passa — prova disso são as ruínas do antigo Hotel Marina, que já não acende mais —, e ela sente ele passar, claro, mas tira proveito disso.

— A minha música sempre buscou soar livre, contemporânea. O que me interessa é tentar descrever o meu tempo. Sou muito curiosa e o meu tempo não é datado. Ele tem pausas, acelerações, freadas bruscas... É o tempo da vida, e acho que a atemporalidade da minha obra vem daí. Sempre quis fazer canções que resistissem ao tempo, e me orgulho de ver que consegui — comenta a cantora, que em julho começa os preparativos para a nova turnê, “Rota 69”, celebração aos 69 anos de idade (que completa em setembro) e 45 de carreira. — Com o tempo, vou me sentindo mais segura e até merecedora das minhas escolhas, e com bem menos preocupação com o julgamento alheio.

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Antes, no sábado (29), quem sobe ao palco do festival é Teresa Cristina, com o show “Pagode, preta”, em que canta sucessos do gênero dos anos 1980 e 90, de Almir Guineto a Raça Negra.