Shows e concertos
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Por — Rio de Janeiro

“Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé/Manda essa tristeza embora/Basta acreditar que um novo dia vai raiar/Sua hora vai chegar”. O refrão do grupo de pagode Revelação, que tem sido cantado por Maria Bethânia nos últimos dois anos, em um dos ápices do seu show “Fevereiros”, vai se transformar num dueto neste domingo, no Rio de Janeiro. É que Bethânia vai se apresentar com Xande de Pilares, o compositor de “Tá escrito”, em um encontro inédito (e exclusivo) nos palcos.

Ao GLOBO, os dois deram detalhes sobre o show no festival Doce Maravilha — o último da intérprete antes da turnê com o irmão, Caetano Veloso, que também começa no Rio, em agosto (com ingressos já esgotados). Bethânia — que nos últimos anos já dividiu o palco com Liniker, Chico Chico, Gloria Groove e Tim Bernardes — se mostra animada com a parceria com o sambista. Ele, por sua vez, não esconde o nervosismo. Veja, abaixo, as fotos feitas durante um dos ensaios de Bethânia e Xande, na última terça-feira, e alguns destaques das duas entrevistas:

A troca com artistas de diferentes gerações e estilos musicais

MARIA BETHÂNIA — Eu adoro dividir o palco. Adoro. Qualquer coisa, uma canção, me alegra, eu fico feliz. Gosto de fazer, de ouvir e de prestar atenção (nos novos artistas). Tim Bernardes é um músico extraordinário, um compositor lindo. Ele fez uma canção linda para eu gravar, “Prudência”, que gravei no disco “Noturno” (2021), e quando eu fui fazer o “Vozes do amanhã” (em outubro de 2023), eu chamei o Tim, já que tínhamos uma canção e eu sou fã dele. Ele fez e eu fiquei muito contente. Depois, para encerrar o ano passado, antes das férias (em dezembro, na Arena Jockey), falei “Tim, quer fazer de novo?” ele disse “quero”. Aí, fizemos tudo de novo (risos). Foi divertido.

E Xande, eu tenho por ele uma admiração muito grande, há muito tempo. Desde que eu conheço o trabalho dele fiquei encantada por como ele também tem, além da presença cênica e da coisa musical, um encanto, uma coisa feiticeira de palco, bonita. E aí ele gravou, agora, um disco lindíssimo e premiadíssimo com as canções do Caetano (“Xande canta Caetano”, lançado em agosto de 2023, cuja turnê começa em breve), o que facilita, porque eu conheço as canções e posso dividir algumas com ele, não é?

Os bastidores: 'meus trabalhos são todos ensaiadíssimos'

MARIA BETHÂNIA — Não se faz um show novo de uma hora para a outra. Não se faz um show assim de 30, 32 canções em dois dias. Isso é irresponsabilidade, ao meu ver. Os meus trabalhos são todos ensaiadíssimos. Pode ser considerado careta e antiquado, o que quiserem achar, não tem problema nenhum, mas eu não subo no palco sem estar com um espetáculo pensado e entendido na minha cabeça, na minha sensibilidade, na minha possibilidade vocal... Tudo isso e a escolha das sequências (das músicas), isso dura, demora muito tempo. É um mês de ensaio. E, para fazer um show assim com participação, é lógico que eles anunciam que é um show novo, shows diferentes de todos os artistas, mas eu duvido que o Jorge Ben Jor tenha feito 30 canções da semana passada para cá (risos). Quer dizer, mesmo que ele queira, com a genialidade dele, é impossível ensaiar e botar de pé.

Então, será o meu espetáculo, “Fevereiros”, com a participação de Xande, e algumas modificações de canções, porque a cada show eu modifico. Eu sou um inferno para os músicos, porque chego para o ensaio corrido, e já troquei uma canção por outra, já inverti o segmento, já botei no lugar de outro, e por aí vai... Mas é o meu jeito, e não acerto fazer se não for assim. Xande é um espetáculo. O disco dele com as canções de Caetano me comoveu muito, é muitíssimo bem feito, e é uma honra para mim dividir o palco com ele.

A despedida de 'Fevereiros'

MARIA BETHÂNIA — Ah, eu fico com saudade (do show "Fevereiros", que estreou em abril de 2022) porque eu fui muito feliz fazendo ele. A essa altura, fiz uma experiência de participar de festivais, então eu fiz milhares de festivais, e tudo sempre muito lindo, com milhares de pessoas. Foi uma experiência inesquecível para mim. Eu não vou esquecer esse show. (De abril de 2022 para cá, Bethânia levou esse show para o Festival de Inverno da Bahia, em Vitória da Conquista, o Coala Festival, em SP, o Festival Jardins do Marquês, em Oeiras, Portugal, o Festival de Inverno, no Rio, o Festival Viva Brasil, em BH, o Vozes do Amanhã, no Rio, e o Rock The Mountain, em Petrópolis).

Expectativas dos fãs para o show no Doce Maravilha

MARIA BETHÂNIA — O que (os fãs) podem esperar? Seu Xande dando um show, cantando lindamente com aquele vigor cênico que ele tem, e o meu espetáculo, a minha apresentação, com sinceridade, com amor, com dedicação, com boa vontade, com alegria e muita, muita, muita felicidade de estar com Xande.

XANDE DE PILARES — O público pode esperar muita emoção, porque estou muito emocionado de poder fazer esse show, e muita alegria, porque quando subo no palco, esqueço tudo o que acontece nesse mundo doido que estamos vivendo. Uma coisa vocês podem ter certeza: vão se divertir bastante.

Fã e ídolo: 'meu brinquedo era ouvir disco'

XANDE DE PILARES — A lembrança mais antiga que tenho com a obra da Bethânia foi um LP que eu ganhei do “Mel” (1979). Ele foi o meu primeiro disco, e agora (a música homônima) está no repertório do nosso show. Eu não podia brincar, não tinha brinquedo, então meu brinquedo era ouvir disco. E aí entra essa família maravilhosa na minha vida (os irmãos Bethânia e Caetano Veloso) através dos discos que eu ouvia. Hoje estou aqui, fazendo um show junto. Estou nervoso, a voz some, erro a letra... mas vai ficar legal.

Antes do palco, a música e o cavaquinho

XANDE DE PILARES — Meu primeiro nervosismo com Bethânia foi quando recebi um telefonema antes dela gravar “Cria da comunidade”, música que fiz com Serginho Meriti. Lembro que fiquei sentado na cama sem conseguir responder. Depois, ela me convidou para gravar um cavaquinho com ela no disco, e agora me convida para fazer um show onde eu achava que ia subir no palco para cantar uma música. Ela disse que não, que a gente vai fazer um show junto. Eu falei “Jesus amado”. Aí liguei para o Zeca (Pagodinho) e falei “Aí, Zeca, não foi só você, não” (Juntos, Bethânia e Zeca fizeram o show “De Santo Amaro a Xerém”, em 2018, que acabou virando um álbum). Estou muito feliz porque a música tem esse dom de nos presentear né? De nos colocar com pessoas que admiramos, em lugares que jamais imaginamos. Por isso que eu amo a música.

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