“Jardim dos desejos” (“Master gardener”) começa com Narvel Roth (Joel Edgerton) escrevendo em seu diário que “jardinagem é uma crença no futuro, de que as coisas acontecerão conforme o planejado, de que a mudança virá no tempo certo”. Depois explica que a vida útil de uma semente pode durar indefinidamente, e ele carrega a dele na pele todos os dias, enquanto vemos suas costas tatuadas com suásticas e outros símbolos nazistas.
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Narvel comanda uma equipe que cuida dos vastos jardins da mansão de uma senhora rica e solitária vivida por Sigourney Weaver. Há um clima de mistério que ronda aquela casa e está presente não apenas na relação ambígua entre os dois. Quando ela recebe, meio a contragosto, uma sobrinha-neta que se recupera de problemas com drogas para se juntar aos jardineiros, aos poucos o passado de Narvel vai sendo descortinado.
O diretor Paul Schrader encerra aqui sua trilogia sobre homens atormentados após colher elogios com “Fé corrompida” e “O contador de cartas”. É um assunto que o roteirista de “Taxi driver” e “Touro indomável” domina como poucos e que percorreu sua carreira (ao qual ele voltou no fraco “Oh, Canadá”, recém-exibido em Cannes), mas neste filme de 2022 há problemas justamente no roteiro. A primeira metade instigante deixa pontas soltas quando dá lugar a uma rotineira trama violenta de vingança e redenção. O resultado é irregular, nos lembrando que o poético “Muito além do jardim”, de Hal Ashby, segue imbatível usando a jardinagem como metáfora para a vida.
Bonequinho olha.