Cinema
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Por — Rio de Janeiro

Não se deve esperar por uma visão panorâmica da vida e da obra de Sidney Magal em “Meu sangue ferve por você”. O próprio filme se apresenta como “fábula magalesca” que fala de “coincidência cósmica” e de “destino”. Com a leveza de quem não pretende se levar muito a sério, a história combina um pedacinho da vida a um tiquinho da obra para dar conta de um único episódio, que tem início em 1979, em Salvador: os percalços que levam o cantor a conhecer uma jovem baiana e a se apaixonar por ela como se não houvesse amanhã.

Em uma parada de turnê na capital baiana, Magal (Filipe Bragança) é, como sempre, assediado pelas fãs. Seu empresário (Caco Ciocler) procura gerenciar a situação, mas não consegue impedir que o acaso aproxime o cantor de Magali (Giovana Cordeiro) — curiosamente, alguém que não está nem aí para o homem que sonha com “Sandra Rosa Madalena”. Outros personagens gravitam em torno do par romântico, com destaque para uma espécie de anjo da guarda de Magali (Sidney Santiago Kuansa), em chave de humor de chanchada que lembra nossa tradição de comédia televisiva.

Dirigido por Paulo Machline (“Natimorto”, “O filho eterno”), esse refresco concentrado de um Magal bem juvenil reserva dois brindes especiais ao final — um deles, já nos créditos, exige que o espectador aguarde um pouco antes de ir embora da sala. Se a impressão que levamos de um filme tem muito a ver com o que ele nos oferece ao encerrar-se, então a de “Meu sangue ferve por você” é boa — mas, ao mesmo tempo, esses dois bônus escancaram que parte do que veio antes tem algo de insosso.

Bonequinho olha.

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