Para Caetano Veloso, Dorival Caymmi é a figura mais importante da música brasileira. Para Gilberto Gil, amigos, filhos — Dori, Danilo e Nana — este monge baiano (para João Gilberto) permanece vivíssimo. No ano em que completaria 110 anos (morreu aos 94, em 2008), vida, obra, músicas e manhas estão celebradas em “Dorival Caymmi, um homem de afetos”, cultivado ao longo de cinco anos pela diretora Daniela Broitman (“Marcelo Yuka — No caminho das setas”).
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O eixo principal da realização está no registro de um encontro do compositor com seus amigos Lígia e Marcelo Machado, em 1988. À vontade, Caymmi arruma a camisa, se prepara para a câmera. Quer sair bem na fita. Quando jovem, revela, se achava um Rodolfo Valentino — mas ao longo da vida “aprendi a gostar de mim mesmo gostando dos outros”. Sua alma e tempero baianos são expostos através de junções de canções como “É doce morrer no mar” com imagens belíssimas do mar baiano, seus barcos, pescadores, crianças. Nem todos sabem que a lendária Carmen Miranda “estourou” nos States graças ao autor de “O que é que a baiana tem?”.
Casos e músicas se somam à filmagem ocorrida na casa de Tom Jobim. Seus filhos e fiel empregada relembram a intimidade, na qual conviviam com o artista e o pai de família tradicional. Era católico fervoroso e umbandista. Por que não? O lado mulherengo é visto com o beneplácito do tempo em que viveu. Adorava sua terra, o mar, o vento e as mulheres, que geraram clássicos como “Marina” e muita confusão doméstica. Artimanhas de Caymmi.
Bonequinho aplaude.