“Quem me criou foi a Rocinha”, afirma Rebeca (Maria Bomani), confrontada, desde a infância, com a ausência da mãe, a falta de escrúpulos da avó e a exploração dos homens. Por meio dessa personagem — que corresponde a Raquel de Oliveira, autora do livro “A número um”, no qual evoca sua ligação com o tráfico na Rocinha, que chegou a comandar —, o diretor João Wainer aborda a disputa por poder e a mudança no perfil das práticas criminosas na região, ao longo dos anos 1980. Sai o bicheiro que domina crianças e mulheres e investe em comemorações “inocentes” e entra o traficante com armas pesadas e voltado para a venda de cocaína.
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Esse panorama, apresentado de maneira sintética, traz à tona o impactante “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles. Como no filme de Meirelles, Wainer coloca o público diante de uma mistura de choque de realidade e entretenimento repleto de adrenalina. O mundo violento de Rebeca é mostrado através de vertiginosas sequências de ação. Também ganha destaque a história de amor entre ela e Pará (Jean Amorim).
Wainer assume suas escolhas, tanto em relação ao roteiro (que assina com Patricia Andrade, Cesar Gananian e Thais Nunes) — marcado por narração em primeira pessoa e divisão em capítulos — quanto à concepção estética, com interferências visuais e alternância entre cor e preto e branco diferenciando momentos da vida de Rebeca. Como se pode perceber, não houve economia de recursos. Mas é justamente o excesso de ambição que prejudica o resultado.
Bonequinho olha.