Web Summit Rio
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Presidente da californiana Ripple — que fornece todo tipo de tecnologia relacionada a criptoativos para empresas do setor financeiro e foi avaliada em US$ 11 bilhões —, Monica Long afirma que o Brasil se tornou um dos mercados cripto mais avançados do mundo graças à receptividade de reguladores como o Banco Central. A executiva esteve no Web Summit Rio para falar sobre o potencial da chamada Web3, de serviços de internet baseados em blockchain, a tecnologia por trás do bitcoin.

A cobertura do Web Summit Rio 2024 na Editora Globo é apresentada pelo Senac RJ e Itaú, com o apoio da Prefeitura do Rio | InvestRio.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

A inteligência artificial ocupou o lugar da Web3 como ‘hype’ do momento. O que sobrou daquele entusiasmo?

É engraçado como esses ciclos funcionam, já vi vários altos e baixos. Mas há uma curva de maturidade saudável para o blockchain. É difícil comparar com o “hype” da IA, mas uma diferença hoje é a adoção concreta do blockchain por investidores institucionais, como grandes bancos. E não devemos subestimar a importância da recente liberação, nos EUA, dos ETFs de bitcoin (fundos listados em Bolsa que investem na criptomoeda). No Brasil, aliás, eles já existiam, e por isso o Brasil é um líder global no segmento.

Esses novos fundos levaram o bitcoin a valor recorde…

Desde que as criptomoedas ganharam relevância, os impulsos vêm da especulação, por isso nossa paixão é mostrar a utilidade da Web3 para o mundo real.

Por exemplo?

É o caso dos pagamentos. Tentar transferir dinheiro para o exterior leva dias, custa caro e nem sempre dá certo. O blockchain é uma solução óbvia para essa situação antiquada, e já é um case de sucesso. A Ripple processou US$ 50 bilhões assim. E o Brasil tem sido um mercado-chave para expansão desse negócio.

A alta do bitcoin favorece a Ripple?

Sim, pois ajuda na adoção por investidores institucionais. Mas temos que passar da fase da especulação para a fase da adoção no mundo real.

Ela passará no curto prazo?

Estamos cada vez mais próximos. O blockchain tem uma ambição equivalente à da internet, que levou décadas para se estabelecer. Só que, com finanças, é mais complicado porque estamos mexendo com dinheiro.

Voltando ao Brasil, como vê o o ambiente regulatório para cripto aqui?

Há uma mentalidade inovadora no Brasil na relação entre público e privado. O Banco Central brasileiro se tornou pioneiro na regulação de criptoativos, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai pelo mesmo caminho. (O marco regulatório entrou em vigor no ano passado, mas as regras de implementação estão sendo elaboradas pelo BC). Eles estão ouvindo empresas como a nossa, que querem operar em conformidade com as regras. Queremos garantir que nossos produtos não sejam usados para financiar terrorismo, por exemplo. As autoridades brasileiras se tornaram líderes porque estão entre as mais abertas do mundo. Os EUA estão no extremo oposto. A SEC (Securities and Exchange Commission, que regula o mercado de capitais) declarou guerra às criptomoedas.

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