A Prefeitura do Rio apresentou, nesta sexta-feira, um novo protocolo de comunicação para população em cenários de risco relacionados aos períodos de ondas de calor. O modelo foi desenvolvido com as secretarias de Saúde, Ambiente e Clima, além do Centro de Operações Rio (COR), e tem como base o Índice de Calor, que leva em consideração temperatura e umidade relativa do ar. Além dos estágios já conhecidos em caso de chuvas, haverá protocolo também para os casos de alta excessiva na temperatura, que pode interferir na realização de shows. O modelo terá cinco Níveis de Calor (NC): o NC 5 será atingido quando as temperaturas seguirem extremas por três dias consecutivos.
No NC 1 é considerado o estado de normalidade. Nos níveis seguintes (NC2 e NC3), quando há previsão ou registro de calor alto por dois ou três dias, são iniciadas ações de comunicação para alerta à população por meio dos canais oficiais da prefeitura, avisos em mobiliário urbano nas vias de transporte e pela imprensa. Já no NC 4, entra a zona de risco à saúde com índices de calor muito alto: 42 graus por quatro horas consecutivas por ao menos três dias consecutivos. Nesse momento serão indicados locais com ilhas de resfriamento em locais públicos (como parques) e locais climatizados, como postos de saúde, assim como a ampliação de oferta de estações de hidratação e distribuição de água para populações mais vulneráveis como idosos, grávidas e crianças. Essa indicação acontecerá também por meio do aplicativo do COR que poderá direcionar os usuários aos locais mais próximos para alívio do calor.
Também há possibilidade de cancelamento ou adiamento de eventos de médio e grande porte. No NC 4, será considerada ainda a suspensão de atividades em áreas externas.
— Essa é uma das questões mais críticas porque esportes, atividades como limpeza urbana, como obras, onde tem uma incidência de sol em área externa muito intensa, é importante que sejam suspensas, pois há o risco maior à saúde. A gente tem evidências cientificas suficientes para mostrar que em dias mais quentes as pessoas morrem mais não necessariamente de desidratação ou por efeitos diretos do calor, então podemos sim evitar um número de óbitos substancial se suspendermos algumas atividades — disse Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde.
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Quando a cidade chegar ao nível máximo — NC 5, quando houver calor extremo acima de 44 graus por duas horas consecutivas, em três dias seguidos — a forma de comunicação passará a ser mais agressiva, com boletins meteorológicos a cada seis horas. Também haverá boletim epidemiológico até 72 horas após o término da onda de calor.
No NC 5, atividades de risco como shows e aglomerações serão interrompidas se não puder haver adaptação do evento para suprimir os riscos. Também serão suspensas de atividades externas em unidades de ensino. Citada mais de uma vez como exemplo de situação extrema de calor, a semana do show de Taylor Swift em novembro do ano passado foi mencionada pelo prefeito. Naquela ocasião, uma fã morreu, depois de passar mal com o calor forte.
— Se esse protocolo existisse no show da Taylor Swift nós teríamos cancelado o show como se fez no dia seguinte, mas se fez muito mais por um temor dos produtores, somado ao temor da prefeitura, mas sem um protocolo naquele momento. Nós literalmente improvisamos. A partir de agora nós não vamos mais improvisar. Se estivermos no NC 4 nós vamos analisar e se chegarmos à conclusão de que é o caso, vamos cancelar — disse Eduardo Paes durante entrevista coletiva, ao lado da secretária municipal de Ambiente e Clima, Eliana Cacique Romano; o chefe-executivo do COR, Marcus Belchior; e a vereadora Tainá de Paula (PT).
Na próxima segunda-feira, dia 1º de julho, será publicado decreto criando um comitê permanente para monitorar a questão. No painel de calor do Rio, serão considerados modelos de previsão para tentar se antecipar às ondas de calor. Essa é a segunda grande mudança de protocolos de emergência na cidade desde a alteração feita no acionamento de sirenes em casos de chuvas e riscos de desabamentos ocorrida em 2015.
— É uma mudança tão importante que ela entra também na matriz decisória de mudança estágio de alerta na cidade que agora, além de avaliar mobilidade, chuva e outros aspectos, passará a incluir também nível de calor — disse o coronel Marcus Belchior Corrêa Bento, chefe executivo do COR.
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— Especialmente nesse momento vivido pelo Rio Grande do Sul, esse tema, que parecia meio abstrato, passou a chamar a atenção e preocupar a população. Na experiência com o verão deste ano, e antes com o show da Taylor Swift também, o que ficou claro é que esses eventos climáticos de excesso de calor serão cada vez mais frequentes. Não me lembro de outro outono e inverno sem nenhum dia frio, sabemos que pela frente teremos um verão em que se pode repetir esses dias de calor — afirmou o prefeito.
A inauguração de parques e corredores verdes foram citados como ações para aliviar o valor, o que abrange Irajá, Bangu, Complexo do Alemão, Maré e Guaratiba. O reflorestamento usando drones também faz parte dessas ações.
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Ondas de calor passam a ter nome
A cidade tem experimentado temperaturas acima das esperadas neste início de inverno. O mesmo já havia sido observado no outono, com dias bem mais quentes que o normal. No último fim de semana do verão foram registradas temperaturas elevadas no Rio, reflexo de mais uma onda de calor que atingiu parte do Brasil. Houve registro de sensação térmica de 57,5 graus em Guaratiba, Zona Oeste da capital.
Para ser caracterizado como onda de calor — expressão que se popularizou no ano passado após nove ocorrências do fenômeno —, é preciso ficar pelo menos cinco graus acima da média por um período de cinco dias ou mais.
Conforme anunciado na coletiva desta sexta-feira, outra novidade é que as ondas de calor passam a ter nome, assim como acontece com os furacões. A lista de nomes que poderão ser usados até 2028 também foi divulgada: cada onda em cada ano receberá um dos nomes da sequência, de cima para baixo.
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