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Por — Rio de Janeiro

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GERADO EM: 20/06/2024 - 04:00

Riscos de fios expostos no Rio

Fios e cabos expostos nas calçadas do Rio representam risco para pedestres, com casos de acidentes fatais. Empresas de energia e telecomunicações são responsáveis, mas a situação persiste. Operação Caça-Fios recolhe toneladas de material abandonado. Furto de cabos também contribui para o problema. Polícia apreende toneladas de cabos e prende criminosos.

Caminhar pelas calçadas do Rio nem sempre é tarefa trivial. No chão, é preciso cuidado, por exemplo, com o pavimento irregular, um ou outro bueiro sem tampa e os puxadinhos que deixam espaço mínimo para os pedestres. Mas o perigo também vem de cima. Difícil encontrar na cidade um trecho de calçada sem que haja pedaços de fios ou cabos soltos, pendentes, muitas vezes à altura da cabeça de quem passa. Não raro, a fiação solta é enrolada de forma improvisada nos postes. Perto de alguns, o emaranhado “brota” do chão. Além da poluição visual, o descaso oferece riscos. O problema pode ser constatado em praticamente todos os bairros da cidade. Na dúvida sobre a origem do material — da rede elétrica ou de telecomunicações —, melhor evitar o contato.

— A sensação que passa é de abandono, de algo largado. A gente tem que ficar sempre atenta porque ninguém sabe exatamente qual o perigo que aquilo oferece, se o de um simples esbarrão, o que já não é bom, ou algo pior — diz a engenheira Marina Alckmin, de 42 anos, ao passar pela Rua Vicente de Souza, em Botafogo, perto de um cabo pendurado a meia altura.

Porteiro eletrocutado

O perigo é real. Em março deste ano, o porteiro Leonardo Monsores da Silva, de 46 anos, morreu num domingo de manhã após encostar em um poste de energia na rua Barão da Torre, em Ipanema, na Zona Sul, diante do prédio onde trabalhava. Embora a investigação ainda esteja em andamento, a Polícia Civil confirmou, ontem, que os laudos periciais indicam que a morte foi causada por descarga elétrica. A 14ª DP (Leblon) ainda apura responsabilidades pelo crime. O GLOBO voltou à rua na tarde de ontem e constatou que o poste onde Leonardo tomou o choque, que pertence à concessionária Smart Luz, tem fios visíveis em seu exterior, diferentemente de outros equipamentos semelhantes na mesma calçada. Embora a fiação pareça estar isolada em suas junções, quem conhece a trágica história ocorrida no local não se atreve a encostar no suporte.

— Jamais. O que aconteceu foi muito triste, todos nós que conhecíamos o Leonardo ficamos muito abalados. Evito até passar perto do poste — diz o também porteiro Marcelo Gomes, de 37 anos.

Em nota, a Companhia Municipal de Energia e Iluminação (Rioluz), com a qual a Smart Luz possui contrato de parceria público privada, informa que notificou a empresa ontem, dando “prazo de 24 horas para corrigir as instalações do referido poste” sob pena “de multas contratuais no valor de R$ 20 milhões por dia”. À noite, uma equipe da Smart Luz esteve no local e, segundo a assessoria de imprensa da Rioluz, removeu os fios expostos.

Tão enrolada quando a fiação pela cidade é a missão de descobrir a quem cabe resolver de fato o problema. Os postes são parte de uma concessão pública às empresas que operam o serviço de distribuição de energia, mas estas compartilham o suporte, mediante pagamento, com as companhias de telecomunicações. Só no âmbito das agências reguladoras há pelo menos cinco resoluções para disciplinar essa relação.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações, “cabe às distribuidoras de energia elétrica detalhar as regras de utilização da infraestrutura e realizar a boa gestão dos postes, atividade pela qual são remuneradas pelos prestadores ocupantes”. Já as empresas de telecomunicação devem “observar a legislação local, o plano de ocupação e, especialmente, a conformidade técnica com as normas de postes”.

Na mesma linha, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) diz que a “responsabilidade pela manutenção da fiação é das empresas distribuidoras de energia elétrica e operadoras de telefonia, de acordo com regras de compartilhamento de postes” firmadas entre as agências.

A Light, por sua vez, informa “que a rede elétrica da companhia costuma ficar na parte alta dos postes e a fiação que fica na parte baixa pertence a outras companhias, como as de telefonia e de TV a cabo” e que “compete às operadoras de telecomunicações (...) a correta adequação dos seus ativos às normas técnicas e de segurança aplicáveis”. A empresa afirma que fiscaliza sua rede e notifica as operadoras quando encontra irregularidades.

Procuradas, as companhias Claro, Tim e Vivo designaram o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Conexis Brasil Digital) para responder sobre o assunto. Em nota, o Conexis diz que as empresas do setor “seguem os padrões estabelecidos em regulamentos e normas técnicas para a instalação de fios e cabos nos postes” e que a “fiscalização cabe à empresa proprietária do poste que deve acionar as empresas de telecomunicações para reparos em caso de necessidade”.

Operação Caça-Fios

Nas calçadas, a sensação é que sobram fios soltos nessa história. Em outubro de 2022, a prefeitura do Rio iniciou a operação Caça-Fios. De lá para cá, segundo a Rioluz, responsável pela tarefa, foram recolhidas quase 27 toneladas de material abandonado nos postes da cidade. Quando anunciada, a Caça-Fios prometia notificar e multar as concessionárias donas dos fios recolhidos e relacionava o problema aos constantes “furtos de cabos da rede elétrica da cidade e de fiações de telecomunicações desordenadas”. A percepção de que a ação de criminosos contribui para piorar o problema é comum.

— Infelizmente é isso que acontece. Escolas aqui perto já ficaram sem aulas porque furtaram cabos e faltou luz. Além disso, as ruas ficam escuras. Chega a dar medo — diz a empresária Ana Camila Lopes Pereira, de 41 anos, moradora da Tijuca.

Em 2024, a Light registrou 225 ocorrências de furto de cabos em sua rede até o momento, contra 373 em todo o ano passado. A companhia informa que o prejuízo, só neste semestre, chegou a R$ 4,88 milhões, com 28.708 metros perdidos. A Conexis informa que foram furtados 137.643 metros de cabos no Rio em 2023, o menor número desde 2021. O estado, que era o segundo do ranking no país, hoje aparece na décima posição. O sindicato atribui a melhora à “intensificação do diálogo entre autoridades locais e o setor”.

A Polícia Militar informa que, em 2024, apreendeu mais de 11 toneladas de cabos e prendeu 400 pessoas por este tipo de crime. A corporação também participa de um grupo de trabalho sobre o assunto com concessionárias, operadoras de telecomunicações e órgãos públicos.

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