Rio
PUBLICIDADE
Por — Rio de Janeiro

Observar do alto, em voos panorâmicos, o Cristo Redentor e outros pontos turísticos do Rio, é, sem dúvida, uma experiência marcante. Por muito tempo, essa visão ficou reservada a passageiros que partiam ou chegavam ao Rio de avião. Hoje, os passeios aéreos se tonaram comuns e crescem a cada dia. Mas esses voos de helicópteros, explorados por diversas empresas de turismo, que duram entre 15 e 20 minutos ao custo de R$ 650 a R$ 1.900, estão se tornando motivo de preocupação e de muitas reclamações por conta do risco de acidentes, barulho e, até mesmo, de danos ao patrimônio público.

O aumento do número de voos panorâmicos próximos ao Cristo Redentor fez com que a administração do Santuário pedisse um estudo técnico para avaliar possíveis problemas estruturais no monumento. O objetivo é avaliar também impactos na fauna e flora do Parque Nacional da Tijuca, onde está situado a estátua.

Riscos ao meio ambiente

De acordo com a administração do Santuário, os sobrevoos “não representam apenas uma ameaça à integridade estrutural do Cristo Redentor. Há também impactos negativos significativos no meio ambiente, na experiência dos turistas e na segurança dos moradores locais”.

— Nossa principal missão é facilitar o diálogo entre o trade turístico, moradores e instituições impactadas. Estamos comprometidos com o bem comum e desejosos por boas práticas para a construção exemplar do turismo sustentável no Rio de Janeiro — disse o padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor.

O relatório, que começou a ser elaborado no início do ano, ressalta ainda a importância de restringir os voos em torno do monumento, tendo em vista sua “significância histórica e cultural”, como já ocorre em outros países.

Apesar do passeio inesquecível e da vista privilegiada para quem participa desses voos, em terra há motivos para queixas. Moradores das regiões onde eles ocorrem questionam a regularidade e cobram mais fiscalização. Eles dizem que não são contra a atividade, mas reclamam do agravamento da poluição sonora e temem o risco de acidentes, caso o piloto esteja voando abaixo da altura mínima permitida.

A preocupação já constava de um abaixo-assinado, promovido pelo movimento “Rio Livre de Helicóptero sem Lei”, que reúne diversas associações de moradores de bairros como Botafogo, Cosme Velho, Jardim Botânico e Lagoa, além do Morro Santa Marta. Com mais de 11 mil adesões, o documento foi encaminhado ao prefeito Eduardo Paes, conforme adiantou o colunista Ancelmo Gois, do GLOBO.

O sistema de licenciamento da Agência Nacional de Aviação Aérea (Anac) informou que no Rio há 19 empresas credenciadas no segmento de táxi aéreo. Elas realizam voos que partem, geralmente, do Aeroporto de Jacarepaguá, na Avenida Ayrton Senna, na Zona Oeste.

Embarques na Zona Sul

Mas há também embarques e desembarques a partir de helipontos localizados na Zona Sul, como o Helisul Urca, em Botafogo; o Heliponto Municipal da Lagoa Rodrigo de Freitas e o Heliponto da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Parque dos Patins, este privado. Os preços dos pacotes variam conforme o destino e a quantidade de passageiros.

Os helicópteros levam, no máximo, de dois a três tripulantes nas cabines que possuem ar-condicionado e janelas de vidro que garantem vista privilegiada da cidade. Os visitantes têm ainda a opção de personalizar a rota,escolhendo trajeto. No caso, as alternativas incluem o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, Avenida Niemeyer, Jardim Botânico, Jockey Club, Lagoa Rodrigo de Freitas, Pedra da Gávea, Rocinha e Vidigal. As praias da orla, como as da Barra da Tijuca, Ipanema, Joatinga, Leblon e São Conrado, também podem entrar no roteiro.

O cirurgião Carlos Manoel de Carvalho, de 75 anos, trabalha no Hospital Federal da Lagoa e mora no Humaitá, na Zona Sul. Ele reclama que o barulho das aeronaves que partem do heliponto da Lagoa são um problema constante.

— O barulho me deixava tenso e atrapalha bastante. É um problema antigo que enfrentamos. A gente mora numa cidade atraente para esse tipo de atividade. Mas, não vejo as autoridades preocupadas em olhar para a população que há anos vem reclamando do incômodo. Quando estou em casa, tenho que lidar com esse barulho o dia inteiro. Não dá para estudar, ler ou ouvir música. Eles começam cedo e terminam no final da noite — reclamou o médico.

De acordo com as queixas, a frequência dos voos costuma ser maior nos fins de semana e feriados. A situação teria se agravado a partir de novembro. Alguns moradores dizem que, às vezes, há mais de um helicóptero sobrevoando ao mesmo tempo e provocando um barulho ensurdecedor. Há quem se queixe de que alguns pilotos dão voos rasantes sobre as casas. A tradutora Maria Angela Cândinavo, de 28 anos, do Cosme Velho, se queixa da situação:

— Comecei a fazer terapia para lidar com a ansiedade. Sou tradutora e trabalho em casa. Todos os dias tenho que lidar com o barulho dos helicópteros sobrevoando a minha janela e o Cristo. É horrível. Seria interessante se a prefeitura ajudasse neste controle ou algum órgão pudesse limitar esses voos — sugere a tradutora.

Feriadão do G20 em novembro: saiba para quem valerá a folga

Busca por solução

O deputado estadual Carlos Minc defende medidas que atendam as demandas do Santuário do Cristo Redentor, dos moradores e das empresas do segmento. O parlamentar destacou que há uma preocupação com os impactos negativos dos voos na saúde auditiva da população, na qualidade do sono e, também, no cumprimento da legislação.

O parlamentar lembra que, em 2013, algumas medidas foram adotadas para tentar amenizar o problema. Na ocasião, houve embargo de heliportos, negociações com associações de moradores e autoridades aeronáuticas, além da assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com um dos helipontos. Esse acordo estabeleceu algumas regras como itinerários, altitudes mínimas e frequências para os voos.

— Há que retomar essas medidas estendê-las a todas as operadoras — defendeu.

Procurado, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) informou que atua para reduzir os efeitos do barulho e que, no ano passado, determinou a elevação da altitude mínima dos helicópteros no Rio. Pelas regras do órgão, as aeronaves não podem voar em altura inferior a 500 pés, ou seja, 152, 4 metros. A Anac afirma que fiscaliza, mas não tem poder de polícia.

O Centro de Operações Rio afirma que coordena apenas as atividades do heliponto municipal, na Lagoa. Já a Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) disse que sua competência e responsabilidade se limitam ao licenciamento das atividades turísticas.

Mais recente Próxima Como é o Edifício Chopin, vizinho ao Copacabana Palace, onde Regina Gonçalves tem dois apartamentos

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

Mais do O Globo

Janayna Evangelista Napoleão havia terminado relacionamento com Iago dos Santos

Acusado de entregar ex-namorada para traficantes vai a júri popular

Cerca de 13 animais continuam no abrigo de Equinos da EPTC, localizado no bairro Lami. Caso não compareçam, os cavalos serão colocados para adoção

Prefeitura de Porto Alegre dá prazo para donos buscarem cavalos resgatados na enchente

Ataque de franco-atirador, morto pelo Serviço Secreto, deixa um espectador e dois feridos em situação grave

Rei Charles III enviou mensagem a Donald Trump após a tentativa de assassinato

Ex-presidente deu uma entrevista ao jornal New York Post a bordo de avião, a caminho da Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee

'Eu deveria estar morto', diz Trump em entrevista após atentado a tiros em comício eleitoral

Argentina se sagrou campeã do torneio com placar de 1 a 0 na prorrogação contra Colômbia

Jornalista revela quanto Shakira ganhou por show na final da Copa América 2024

Equipes das polícias já estão em dez comunidades da região na manhã desta segunda-feira

Castro admite aumento da mancha criminal no Rio e afirma que ações em dez comunidades da Zona Oeste serão permanente

O Jardim Vertical foi inaugurado em março de 2016, tem 6,5 metros de altura e virou um símbolo da cidade de Buenos Aires

Torcedor argentino de 29 anos morre após despencar de jardim vertical em concentração para final da Copa América