Nas horas livres, ela batuca um "cajon" e um atabaque por aí. Nas de trabalho, ela é a meteorologista chefe do Sistema Alerta Rio. Aos 33 anos, Raquel Franco tem sido destaque das redes sociais do Centro de Operações Rio. Com os alertas de previsão de fortes chuvas no estado do Rio de Janeiro, os vídeos de atualizações da meteorologista falando sobre o clima na cidade junto com o prefeito Eduardo Paes viralizaram.
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Nascida e criada no bairro Abolição, na Zona Norte do Rio, Raquel não tinha sonhos profissionais com a meteorologia. A sua trajetória na profissão começou com um curso técnico no Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), mas a escolha do curso "foi por acaso":
— Entre os cursos técnicos disponíveis que tinham, foi que mais me identifiquei na hora de escolher e acabou que gostei, ai que resolvi fazer a faculdade de meteorologia — conta Raquel, que cursou o bacharelado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) de 2007 a 2010.
Durante o período de graduação, ela continuou trabalhando como técnica na área e chegou a ser cabo da Marinha atuando no serviço meteorológico na sede da instituição militar em Niterói.
— Trabalhava na Marinha e fazia faculdade ao mesmo tempo, mas quando me formei na faculdade decidi sair de lá e acabei tendo a oportunidade de trabalhar no Alerta Rio.
Em 2018, começou a carreira no Centro de Operações começou como técnica em meteorologia da equipe. Em apenas três meses surgiu uma vaga efetiva como meteorologista ela aproveitou a oportunidade.
— Sai de técnica plantonista para meteorologista plantonista, e fiquei até o final de 2022 no cargo. Até que o meu chefe da época teve uma outra oportunidade, ele está na Defesa Civil de Niterói agora, e me perguntou se eu queria ser a chefe de meteorologia do sistema alerta rio — lembra Raquel, que "mesmo com medo encarou a responsabilidade" — se ele sentiu confiança em mim para isso, então eu tinha que aceitar o desafio — completou.
Na chefia desde janeiro de 2023, Raquel concluiu o seu segundo verão como chefe do sistema alerta rio. E ela não tem dúvidas de que este momento é o mais desafiador da sua carreira "ainda mais por ser em uma região tropical, que já é difícil por si só para a meteorologia".
— A cidade do Rio tem muitas nuances, tem muitas dificuldades envolvidas na previsão. O estado inteiro tinha essa previsão, parte dela se confirmou e outra não. Infelizmente estamos vendo essa chuva muito forte na região serrana, e o pior cenário realmente era para lá — comenta sobre o primeiro dia deste final de semana de chuva na cidade.
Apesar de parte das previsões de risco já estarem se confirmando na prática, Raquel diz que conseguiu ver um lado otimista na mobilização.
— A gente não tem um comportamento cultural de respeitar a previsão, e é um evento com potencial para ser mais extremo. Acompanhar o comportamento da população, dos políticos terem levado a sério junto com a mídia que deu essa importância, foi muito satisfatório, apesar dos nossos erros e acertos. Isso é uma mudança cultural e gradativa na população de entender os alertas, que é uma prevenção.
A meteorologista, que se considera uma pessoa tímida, destaca que precisa se forçar a ser "cara de pau" para aparecer na frente das câmeras. Ao contrário das gravações, Raquel se sente confortável fazendo trilhas, nadando, batucando e escrevendo.
—É tudo de forma bem amadora mesmo, nada profissional. Pelo menos não ainda — revelou.
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Para os próximos dias desse momento importante na carreira, a meteorologista garante que não vai medir esforços e nem deixar de dizer caso identifiquem riscos para a cidade.
— A gente, digo por todos os meteorologistas da equipe, fica muito feliz de fazer o nosso trabalho e estar salvando vidas. Nenhum meteorologista quer errar, a gente quer acertar — afirma.
No início da noite da última sexta-feira, as previsões iniciais mudaram. As previsões de chuvas mais fortes são no domingo "devido a formação do sistema de baixa pressão".
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