Rio
PUBLICIDADE

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

A delação premiada do ex-policial militar Ronnie foi validada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que deve elucidar a investigação das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Os detalhes que o ex-sargento contou aos agentes vão preencher as lacunas da investigação que permaneceram sem respostas por seis anos. Além de apontar o mandante e qual foi a motivação da execução, Lessa também pode fornecer detalhes sobre como o crime foi contratado, quanto custou e confirmar a participação de cada um dos envolvidos.

Quanto custou a morte da vereadora?

Em delação, Queiroz disse que Ronnie Lessa jurou para ele não ter recebido dinheiro para matar a vereadora, mas que o crescimento no patrimônio do PM reformado fez com que ele desconfiasse dessa afirmação.

Segundo Élcio, Lessa tinha uma Range Rover Evoque, uma Dodge Ram blindada e uma lancha. Além disso, custeava duas casas e ainda fazia manutenção em um terreno em Angra dos Reis. Só esse imóvel na Costa Verde estaria avaliado em R$ 1,2 milhão. A polícia descobriu ainda que o ex-sargento também pagava R$ 2.049,95 em uma vaga para sua lancha, que custou R$ 261.449,95. Ele seria proprietário ainda de um imóvel no condomínio Píer 51, em Mangaratiba.

Agora, Lessa deve esclarecer quanto o crime custou e dar detalhes de quais foram os termos para a contratação dos executores.

Quem mandou matar Marielle Franco?

Lessa apontou duas pessoas como mandantes da morte da vereadora. Um dos envolvidos revelados por ele tem foto privilegiado e por isso a colaboração foi para a Corte Suprema. Com isso, os dois suspeitos de ordenar serão julgados pelo Supremo.

O próximo passo deve ser feito pela Procuradoria-geral da República, a quem cabe denunciar os acusados e pedir as prisões. O ministro Alexandre de Moraes decidirá sobre os pedidos e os nomes devem ser revelados em breve.

Detalhes da tentativa frustrada de matar a vereadora em 2017

A delação do ex-PM Élcio de Queiroz revelou que houve uma tentativa de matar Marielle Franco ainda em 2017. Ele contou que soube dessa informação em uma festa de réveillon de 2017 para 2018, quado estava com sua a família e a de Lessa no condomínio Vivendas da Barra, na Zona Oeste, onde o atirador morava.

No meio da noite, Ronnie, alcoolizado, confidenciou que estava chateado, pois não consegui concluir um trabalho há algum tempo com dois cúmplices: Maxwell Simões Correa, o Suel (preso em operação da PF), e Edimilson Oliveira, o Macalé, que foi assassinado.

Lessa então detalhou a noite que saiu com os dois: Maxwell era o motorista do Cobalt, o atirador no carona com sua submetralhadora e Edimilson no banco traseiro com um fuzil Ak-47.

Marielle estava num táxi, também no Estácio, bairro onde foi assassinada meses depois. Em seu desabafo ao amigo, o atirador contou que o trio se aproximou do veículo da vereadora, mas, apesar da ordem de emparelhar com o carro, Suel não conseguira se aproximar. O motorista explicou a Lessa que o carro dera um problema, mas o ex-Bope não acreditou e achava que Suel tinha ficado com medo. Em delação, Lessa deve ter dado ainda mais detalhes de como se deu essa tentativa e como foi acordado com os mandantes a condição para a execução da parlamentar.

Qual foi a motivação do crime?

O que motivou o assassinato da vereadora Marielle Franco é uma das principais perguntas do caso. Desde que Lessa falou pela primeira vez com a PF, os agentes investigam se uma disputa por terra na Zona Oeste do Rio motivou o crime que ocorreu em março de 2018.

Nesta segunda-feira, Lessa teve uma audiência com um juiz auxiliar do ministro do STF Alexandre de Morae e concordou com os termos do acordo firmado com a PF e a Procuradoria-Geral da República. A delação foi homologada e, a partir de agora, a PF deve cruzar as informações fornecidas por Lessa e Queiroz e buscar provas que corroborem o relato dos dois ex-policiais.

Com esses cruzamentos, os agentes vão confirmar ou descartar a hipótese que Marielle teria virado vítima por defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda. Seguindo essa linha de investigação, ela se tornou alvo ao defender que o processo de ocupação fosse acompanhado por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio (Iterj) e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.

O mandante do assassinato apontado por Lessa buscaria, segundo ele, a regularização de um condomínio inteiro na região de Jacarepaguá sem respeitar o critério de área de interesse social, ou seja, o dono tinha renda superior à prevista em lei. O objetivo seria obter o título de propriedade para especulação imobiliária. A PF ainda deve provar se essas informações estão corretas.

Outros envolvidos

Além de detalhar ainda mais a participação dos envolvidos já citados na investigação, Lessa pode revelar o nome de outros envolvidos no crime. Quando o também ex-PM Élcio de Queiroz fez uma delação, ele apontou o ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, como responsável pelo monitoramento e sumiço do Cobalt usado no crime, o que era desconhecido pela polícia.

Foi Élcio quem trouxe também para o inquérito o mecânico Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, acusado de desmanchar o carro, e o sargento da PM Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé. Este último teria sido o elo entre mandantes e Ronnie Lessa. Quase três anos depois, ele foi assassinado em 2021 como suposta "queima de arquivo".

Com a colaboração de Lessa, ele pode explicar o que motivou a execução de Macalé, em novembro de 2021 e dar mais detalhes das conexões do submundo do crime. Além da relação com o assassinado de Marielle e Anderson, Macalé já foi citado em inquéritos relacionados ao jogo do bicho, aparecendo como integrante da equipe de segurança de Bernardo Bello e apontado como um dos braços direitos do bicheiro.

Mais recente Próxima Rogério de Andrade tem 11 anotações criminais na Justiça; relembre denúncia e prisões

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

Mais do O Globo

Após voltar às competições, em agosto passado, a americana já conquistou o ouro no individual geral no Mundial

Simone Biles vence seletiva nos EUA e se classifica para os Jogos de Paris-2024

'MilTONS do Brasil' será apresentado no Theatro Municipal de Niterói. Veja datas e valores

Milton Nascimento é celebrado com espetáculo da Cia Nós da Dança

Com a chegada da alta temporada de verão no Hemisfério Norte, diversos destinos pelo mundo tentam contar os problemas causados pelos visitantes

Veja as novas taxas e regras que cidades e países estão adotando para conter o turismo excessivo

O jogo entre Portugal x Eslovênia acontecerá nesta segunda-feira (01), às 13h (de Brasília), a partida terá transmissão da Cazé TV

Portugal x Eslovênia: Saiba onde assistir, horário e prováveis escalações do jogo da Eurocopa 2024

Projeto-piloto chega ao fim e comprova satisfação dos funcionários sem prejudicar desempenho das empresas

Governo de Portugal admite adotar semana de quatro dias, que melhora saúde mental

Clube inglês pretende investir pesado para manter hegemonia na Premier League

Manchester City planeja pagar R$ 700 milhões em dupla para reforçar elenco, diz jornal

Rubro-negro sabe lidar com suas limitações e obtém mais uma vitória no Brasileiro

Flamengo x Cruzeiro: Dedicação, estratégia e um pouco de brilho individual explicam vitória e liderança; leia a análise