O furto de cabos já se tornou um problema crônico tanto no Rio quanto em outras cidades da Região Metropolitana. Somente em 2023, mais de 16 mil metros de cabos de cobre foram furtados da rede subterrânea da Light. A quantidade de metros furtados é equivalente à quatro voltas completas na orla de Copacabana. O número representa um aumento de 160% em relação a 2022, em que foram subtraídos pouco mais de 6 mil metros de fios. Além de do prejuízo causado às empresas, o furto de cabos também prejudica a população. Mais de 190 mil clientes (192.377) ficaram sem luz por em média duas horas em consequência do crime. Para recompor o material furtado devido aos atos de vandalismo, a empresa precisou gastar quase R$ 4 milhões.
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Ao tentar cortar cabos, homem cai de uma altura de três metros
Na semana passada, uma câmera flagrou o momento em que um homem que tentava furtar cabos na Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, despencou de uma altura de 3,5 metros. O flagrante foi na Rua Barão de Ubá. O ladrão escalou uma árvore da calçada, se equilibrou nos cabos da rua e usou uma serra para cortá-los. Com os cabos rompidos, ele acabou caindo no chão (veja vídeo acima).
No ranking dos bairros com maior incidência estão: Tijuca, na Zona Norte, com 94 ocorrências; seguido por Barra da Tijuca, com 80 casos; e Recreio dos Bandeirantes, com 45 registros, na Zona Oeste – a região, inclusive, concentra os casos mais alarmantes. Durante o ano, também ocorreram furtos de cabos no Centro do Rio, Maracanã e Vila Isabel. Segundo a Light, a concessionária vem buscando alternativas para combater os furtos. Uma das soluções é a substituição da matéria-prima dos cabos, trocando cobre por alumínio, que tem menor valor comercial.
— Adicionalmente, são implementadas medidas de proteção mecânica para impedir o acesso de terceiros aos ativos da empresa, como o uso de tampas antifurto, substituição de cabos de cobre por alumínio e utilização de cordoalhas de aço - materiais com menor valor agregado que geralmente são desvalorizados no mercado — enfatiza Leonardo Bersot, gerente de Operação e Manutenção da Rede Subterrânea da Light.
Levantamento feito pelo GLOBO em novembro do ano passado com CET-Rio, Rioluz/Smart Rio, SuperVia, Light e Conexis (que reúne empresas de telefonia e internet) mostra que foram furtados pelo menos 380 mil metros de cabos de cobre e alumínio no primeiro semestre de 2023, ou cerca de dois quilômetros por dia. Se colocados ainda na balança 35 transformadores da Light sumidos, o total chega a 234 toneladas. É como se, em seis meses, tivessem surrupiado uma composição inteira do metrô, com seis vagões, que, segundo sua operadora, pesa 240 toneladas.
Prejuízos para a população
Além dos prejuízos financeiros causados à companhia por esse tipo de ação criminosa, a maior preocupação da Light é com os riscos que atitudes como essa podem causar às pessoas.
— Dos mais de 190 mil clientes afetados, há pessoas dependentes de energia elétrica para suporte à vida, seja pelo tratamento médico ou pela utilização de equipamentos que demandam o uso constante de eletricidade. O furto de cabos já deixou empresas, escolas, repartições públicas, shopping centers e até unidades de saúde sem luz — ressalta Bersot.
O vandalismo — que destrói o patrimônio público e privado, mas que também fere e mata, por incivilidade ou furto — é tão intenso no Rio que a prefeitura instalou aparelhos de GPS em peças de metal visadas por ladrões, espalhadas por áreas públicas, como mostra uma série de reportagens publicadas pelo GLOBO. Somente entre janeiro de 2022 e outubro de 2023 a prefeitura gastou R$ 98 milhões com reparos e ações voltadas a inibir esses atos.
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