Rio
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Por Geraldo Ribeiro — Rio de Janeiro

Inaugurado em 1991 como espaço destinado à preservação do samba e da cultura popular, o Terreirão do Samba, localizado na Praça Onze, tem suas noites de glórias durante o carnaval, mas vive literalmente às traças na maior parte do ano. A prefeitura anunciou mais uma tentativa de passar sua gestão para a iniciativa privada para dar vida ao lugar durante o ano todo, com direito a criação de camarote vip, sem perder seu perfil popular, principalmente durante a folia de Momo. A intenção é colocar um ponto final na gangorra de altos e baixos que o local enfrenta desde sua criação.

O Terreirão do Samba foi criado com a intenção de sediar atividades o ano todo, mas isso nunca se concretizou. Desde julho de 2021, o espaço passou a se chamar Terreirão do Samba Nelson Sargento, em homenagem ao baluarte da Mangueira, autor do samba "Agoniza, mas não morre", falecido naquele ano.

Um dos piores momentos do Terreirão aconteceu em abril de 2019. Na madrugada do dia 14 daquele mês, a estudante de Odontologia Maria Fernanda Ferreira de Lima, então com 20 anos, morreu eletrocutada no local. Segundo amigos, ela levou um choque ao encostar numa barra de ferro em uma área de acesso restrito da produção de um festival de funk que acontecia ali. Uma amiga de Fernanda, identificada apenas como Maria Luíza, também levou um choque, sobreviveu.

O evento foi organizado pelo coletivo Puff Puff Bass e realizado com autorização da Secretaria municipal de Cultura (SMC) , que faz a gestão do Terreirão do Samba, tendo cedido o espaço em troca de 15% da bilheteria. O acidente que resultou na morte da estudante levou a polícia Civil a interditar o espaço por tempo indeterminado.

O espaço só foi reaberto para o carnaval de 2020 e depois ficou fichado durante a pandemia, só reabrindo em 2022 para o carnaval oficial realizado em abril daquele ano. Durante o período em que permaneceu fechado o espaço sofreu visivelmente com o abandono.

O espaço foi interditado novamente às vésperas do carnaval do ano passado. Na época, o Corpo de Bombeiros alegou que, o tradicional espaço, na Praça Onze, não cumpriu as exigências de um termo de ajustamento de conduta (TAC) e apresentava irregularidades relacionadas a segurança contra incêndio e pânico. O TAC havia sido assinado após a morte da estudante, em 2019. No ano seguinte, dez pessoas foram indiciadas por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Prefeitura tem novos planos de revitalização do Terreirão do Samba — Foto: Divulgação/Riotur
Prefeitura tem novos planos de revitalização do Terreirão do Samba — Foto: Divulgaç��o/Riotur

Momentos de Glória

O Terreirão de Samba viveu também momentos de glória, nos seus 32 anos de existência. No começo de junho de 2012, o sambista Arlindo Cruz subiu ao palco do espaço popular para gravação do CD e DVD "Batuques do Meu Lugar ao Vivo", tendo recebido convidados como Alcione, Caetano Veloso, Marcelo D2, Rogê, Seu Jorge, Sombrinha e Zeca Pagodinho. O projeto celebrava os 30 anos de carreira do artista, cria da geração do Cacique de Ramos. O artista está afastado dos palcos desde 2017, quando sofreu um AVC.

Um ano depois, durante a Copa das Confederações, o Terreirão do Samba, na Praça XI, uniu as duas grandes paixões brasileiras: futebol e samba. O espaço recebeu um telão em LED de 60m² para exibição dos jogos do torneio ao vivo. Batizado de Concentra RIO, o evento aberto ao público contou com uma série de shows de cantores e bandas brasileiras, como Revelação, Arlindo Cruz, Bebeto, Cordão da Bola Preta e a Escola de Samba Vila Isabel.

Em agosto de 2018, a Feira do Podrão, evento de gastronomia popular, levou 7 mil pessoas ao Terreirão do Samba. Entre as iguarias que fizeram sucesso na edição estavam a coxinha de um quilo, que servia quatro pessoas, a pizza de churros e o açaí servido no copo do liquidificador.

Três meses depois, foi a vez dos roqueiros invadirem o templo do samba, durante a realização do Rio Rock Festival - Hell in Rio, voltado ao rock e metal. A escalação das atrações incluía o Sepultura, icônica banda de heavy metal e um dos grupos brasileiros mais prestigiados no exterior. Também se apresentaram grupos como o Almah, Angra, Korzus, Project 46 e Dead Fish em uma programação com 16 atrações.

Ao longo dos anos, o espaço também recebeu festas juninas e premiação do troféu Estandarte de Ouro, dos jornais O GLOBO e Extra. Também foi palco para destruição de milhares de CDs piratas, apreendidos em ações de combate à pirataria. Parceria entre a Receita Federal e a Secretaria de Segurança foi responsável também pela destruição de 4 mil máquinas de caça-níqueis no Terreirão do Samba, em 2009.

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