Zona Sul
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Por — Rio de Janeiro

Uma pesquisa da WGSN, líder global de previsão de tendências, apresentou no início deste ano as direções que vão influenciar o comportamento do consumidor e o desenvolvimento de produtos em 2024. Uma delas são os brechós, que com suas peças repaginam o dress code urbano e misturam estilo e identidade. A tendência de compra já é uma macrotendência, como apontam as pesquisas. A previsão é que até 2030 os brechós devem ultrapassar o mercado de fast fashion.

— Foi-se o tempo em que brechó era sinônimo de roupa com cheiro de naftalina. Hoje, eles estão se especializando também em itens de luxo e peças novas. Tive uma experiência incrível em Nova York, onde encontrei peças de colecionadores que são icônicas e não estão mais nas lojas — diz Alanka Nasser, consultora de moda, imagem e comportamento.

A procura pelas peças de brechós aumentou desde a pandemia. Os motivos são vários e incluem a sustentabilidade, o consumo consciente e a economia circular. Além de economizar dinheiro, ao comprar seus produtos os clientes ajudarm a reduzir o impacto do lixo no meio ambiente, graças ao reúso de peças.

— É uma segunda chance para as pessoas usarem um produto que seria descartado. Ou terem acesso a uma roupa, um item de moda de marca que não conseguiriam por causa do preço. Os brechós hoje vão desde os que trabalham com peças mais baratas aos que oferecem experiências de luxo. É uma macrotendência que já está acontecendo porque as pessoas estão perdendo o preconceito de comprar ali — avalia Alanka.

Personal Brechó. Desde 2012, a marca está no Leblon, em um espaço de 150 metros quadrados com acervo de mais de dois mil itens — Foto: Divulgação/Lucas Mavinga
Personal Brechó. Desde 2012, a marca está no Leblon, em um espaço de 150 metros quadrados com acervo de mais de dois mil itens — Foto: Divulgação/Lucas Mavinga

O Personal Brechó foi um dos pioneiros na internet. Nasceu em 2008 com a parceria de Juliana Lenz e Priscilla Cunha, ambas apaixonadas pelo mercado de segunda mão e pela oportunidade de vender peças atuais, de marcas nacionais e internacionais, a preços mais acessíveis.

— Temos peças de luxo. Nosso forte são peças atuais, muitas vezes ainda com etiquetas e em excelente estado. O bacana é que as nossas fornecedoras são também nossas clientes finais. A revenda faz bem a todo mundo e ao meio ambiente. Quem vende consegue reaver o dinheiro gasto para adquirir aquela peça. Quem compra muitas vezes não poderia comprar a mesma peça nova. E é bom para a própria marca, pois sua cliente fiel terá mais dinheiro para comprar novamente — detalha Juliana Lenz.

A loja, que desde 2012 está no Leblon, tem um espaço de 150 metros quadrados e um acervo que reúne mais de dois mil itens selecionados por Juliana. Os valores podem chegar a até 70% de desconto em relação aos preços originais das peças.

— São três salas grandes repletas de opções. Todos os nossos produtos têm certificação internacional de autenticidade; é muito importante que quem compra em brechós faça esta solicitação — completa Priscilla Cunha.

Alanka Nasser. A consultora diz que brechós hoje são uma macrotendência — Foto: Divulgação
Alanka Nasser. A consultora diz que brechós hoje são uma macrotendência — Foto: Divulgação

Ajuda a ações sociais

Sandra Tollentino começou a consumir em brechós há quatro anos, durante a pandemia. Hoje, como professora do IED Rio e consultora de estilo, ela afirma que busca levar o conceito de circularidade para o seu trabalho.

— As roupas e os acessórios contam histórias. Com os brechós, é possível que essas peças estejam em novas narrativas. Tenho peças que são verdadeiros tesouros que nunca serão achados em lojas e também costumo enviar minhas peças para que tenham novos donos. Aplico esse conceito na minha vida pessoal e profissional. Observo que a geração Z se preocupa muito mais com o ambiente e busca primeiro os brechós do que a economia linear —opina.

Peça Rara. Brechó em Ipanema oferece roupas femininas, masculinas  e infantis — Foto: Divulgação
Peça Rara. Brechó em Ipanema oferece roupas femininas, masculinas e infantis — Foto: Divulgação

Há uma semana, a esquina da Prudente de Morais com a Maria Quitéria, em Ipanema, ganhou uma loja da Peça Rara, rede de franquias fundada há 17 anos, em Brasília, e que tem mais de 150 unidades no país. O espaço tem 270 metros quadrados e setores feminino, masculino e infantil. Helô Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema, tem uma arara com suas peças na unidade.

— Comecei a estudar sobre moda circular e percebi que era algo que eu já praticava com meus filhos, colocar as coisas para vender, reaver o dinheiro, mas também de doar. Ter esse olhar menos consumista e comprar de fato o que eu vou usar — destaca Roberta Castellões, dona da nova franquia.

Os itens são distribuídos em araras e móveis, divididos por setores. Os descontos chegam a até 50%. É possível comprar um look completo com camisa, calça e sapato por R$ 150, em média. Quem quiser doar seus itens pode deixar na loja em consignação e depois buscar o valor arrecadado, ou usar os créditos na própria loja. As peças que não passam pelo controle de qualidade podem ser doadas para os bazares do Instituto Eu Sou Peça Rara para ser posto à venda com preços simbólicos de R$ 5 a R$ 50. O que é arrecadado é doado integralmente às causas sociais apoiadas pela marca.

— O consumo consciente é uma mudança de hábitos, uma virada de chave, um novo estilo de vida. É importante pensar sempre em reusar, reciclar e reparar os itens. Ao incentivar a reutilização e a redução do descarte de mercadorias, impactamos significativamente o ciclo de vida dos produtos comercializados e promovemos o consumo consciente. Essa abordagem vem sendo cada vez mais aceita pelos consumidores, que buscam marcas que tenham um propósito claro e onde ele se aplica —explica Bruna Vasconi, CEO e fundadora do Peça Rara.

Brechó Chique. Evento será realizado no dia 9, em Laranjeiras — Foto: Divulgação
Brechó Chique. Evento será realizado no dia 9, em Laranjeiras — Foto: Divulgação

Moradora da Zona Sul, Isabela Menezes é CEO e fundadora do Hug Shop, um brechó on-line que tem até peças da jornalista Glória Maria. Tudo começou em 2019, quando ela foi convidada para organizar um evento para uma grande plataforma de brechó de luxo com o objetivo de captar mercadorias. Depois disso, a procura para desapegar de peças não parou, e ela viu, a partir dessa demanda, a oportunidade e a vontade de lançar seu próprio second hand, fundado em dezembro de 2020. São cerca de 900 produtos internacionais e nacionais. Parte do lucro, 10%, é revertida para ONGs ligadas a crianças e moda.

A designer de joias Isabelle Paiva compra em brechós há 20 anos, não só para contribuir para um mundo mais sustentável, mas também pela economia circular e para ajudar ONGs.

— Sou adepta dos brechós desde a época que meus filhos nasceram. Comprei muito e vendi também. Roupas supernovas que eram usadas apenas dois ou quatro meses. Depois comecei a comprar para mim também. Principalmente moda vintage, da qual sou fã. Marcas que amava e não existem mais, como Mara Mac e Mariazinha. Hoje consumo mais dos on-line — conta.

Em Laranjeiras, o Brechó Chique é realizado na Rua Alice 308, em Laranjeiras. A próxima edição será dia 6 de abril, das 10h às 18h. O evento é promovido pela instituição espírita Casa de Francisco de Assis, organização sem fins lucrativos que realiza trabalhos sociais. Todo o valor arrecado será doado para os projetos da casa voltados à população de baixa renda que vive no entorno de sua sede. No brechó haverá roupas novas, de marca, masculinas e femininas, sapatos e bolsas.

— Selecionamos os melhores acessórios e peças de marcas nacionais e de fora do país. Tem opções para todos os bolsos e gostos, até para pessoas exigentes em questão de qualidade. O melhor é que toda a renda arrecadada será para nossas obras sociais —diz Elizabeth Bomfim, presidente da Casa de Francisco de Assis.

As futuras edições do Brechó Chique serão nos dias 6 de julho, 14 de setembro, 9 de novembro e 7 de dezembro, sempre das 10h às 18h.

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