Rodoviários da Auto Ônibus Brasília e da Expresso Barreto, de Niterói, anunciaram que podem entrar em greve a partir de 20 de dezembro. Com primeira parcela do 13º salário em atraso, cerca de 230 funcionários das duas empresas podem cruzar os braços se até esta data o pagamento do benefício não for feito integralmente, conforme determina a legislação trabalhista. A paralisação, se concretizada, vai afetar dez linhas, que operam em bairros como Fonseca, Barreto e Centro, além de Venda da Cruz e Morro do Castro, em São Gonçalo. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), o movimento grevista pode chegar a outras empresas que operam o setor na cidade.
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Segundo o sindicato, as empresas ainda não pagaram a primeira parcela do 13º, o que deveria ter sido feito até 30 de novembro, e alegam dificuldades devido a um atraso de sete meses no repasse das gratuidades por parte da prefeitura, além do congelamento do valor das passagens de ônibus na cidade, que já dura quatro anos.
O Sintronac acrescenta que, na semana passada, enviou um comunicado ao prefeito Axel Grael e às secretarias de Urbanismo e Mobilidade e Trânsito e Transportes do município alertando sobre a decisão dos rodoviários e ressaltando a gravidade da situação. O presidente do sindicato, Rubens dos Santos Oliveira, diz que também enviou o alerta à Justiça e ao Ministério Público do Trabalho.
—O movimento grevista pode crescer até o Natal, caso outras empresas, que estão em condições financeiras precárias, decidam não cumprir com suas obrigações trabalhistas — diz.
Em setembro do ano passado, a Auto Ônibus Brasília teve 16 ônibus apreendidos por decisão judicial em cobrança de dívida bancária e suspendeu a circulação de três linhas em Niterói, o que agravou sua crise financeira.
As linhas afetadas pela possível greve em 20 de dezembro seriam 28, Centro x Largo do Cravinho (Circular); 29, Centro x Largo do Cravinho (via Av. do Contorno); 41 BC, Venda da Cruz x Centro (Via Benjamin Constant); 41 JB, Venda da Cruz x Centro (Via João Brasil); 61, Venda da Cruz x Icaraí; 67, Morro do Castro x Centro; 42 SL, Barreto x Centro (via São Loureço); 42 T, Barreto x Terminal; 66 C, São Lourenço x Centro; e 66 I, São Lourenço x Centro.
O GLOBO-Niterói entrou em contato com a prefeitura e com as empresas, mas ainda não obteve resposta.
'Esse modelo faliu'
O Sintronac cobra ainda da prefeitura a apresentação do estudo de reequilíbrio econômico do transporte público, anunciado pelo próprio município em julho deste ano, que poderá aliviar as empresas de ônibus da cidade com o estabelecimento de uma tarifa técnica, parcialmente subsidiada pelo governo.
—O poder público tem que entender que, na atual situação, a população será prejudicada, além dos trabalhadores. Esse modelo atual faliu. Precisamos urgentemente de um novo sistema e não há problema algum em os governos subsidiarem o transporte público, como já acontece em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e outras cidades. Aliás, em 2015, foi promulgada a Emenda Constitucional 90/15, que incluiu o transporte como um direito social, ao lado da educação e da saúde. Ou seja, o transporte é um direito constitucional do cidadão — afirma.