Barra
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Por Lilian Fernandes e Madson Gama — Rio de Janeiro

Em 1982, quando O GLOBO-Barra foi criado, a Barra da Tijuca começava seu processo inexorável de urbanização e crescimento, e o Plano Lucio Costa, concebido com o objetivo de nortear essa expansão, no fim dos anos 1960, podia tanto ser seguido quanto solenemente ignorado nos projetos. A população na Área de Planejamento 4 da cidade, que engloba Barra e Jacarepaguá, era de 400 mil habitantes, e a Avenida das Américas, via expressa que ligava Rio a Santos, tivera um trecho duplicado mas ainda não contava com sinais de trânsito.

A Avenida Lucio Costa, na orla, chamava-se Sernambetiba, e o campeão de voo livre Pepê fazia sucesso também com sua barraca de sanduíches naturais na beira da praia, que atraía tantos visitantes à região quanto o Bar do Oswaldo ou o trecho da Estrada da Barra da Tijuca conhecido como Rua dos Motéis. Pescadores se esbaldavam no início da Praia da Barra e nas lagoas, e o Recreio dos Bandeirantes era predominantemente rural.

O GLOBO-Barra preparou uma série de matérias que relembram seis profundas mudanças pelas quais a Barra e os bairros vizinhos passaram nas últimas quatro décadas, todas devidamente documentadas pelas páginas do caderno. Neste último capítulo, trataremos da evolução nos setores de comércio e serviços.

Comércio e serviço pujantes

Já vai longe o tempo em que os moradores da Barra precisavam ir às zonas Sul ou Norte caso precisassem de produtos e serviços muitas vezes básicos. Hoje o bairro e os vizinhos têm opções variadas e sofisticadas que atraem, isso sim, quem vive em outras áreas da cidade. O aumento da população e a diversificação do perfil dos moradores orientaram o desenvolvimento dos setores de comércio e serviços, com pequenos polos surgindo nos arredores de áreas residenciais em crescimento.

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgados pelo Ministério do Trabalho e compilados pela Secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS), em 2021 a Barra da Tijuca tinha 12,1 mil empresas e 160,3 mil empregados, o que representa 9,8% das empresas do Rio e 7,6% dos empregados cariocas. Desse total, 68,1% das empresas são do setor de serviços; e 25,8%, do comércio.

Marca registrada local, os shoppings desbravaram esta seara e ainda hoje mantêm o posto de oásis de lazer e compras, do pioneiro BarraShopping, inaugurado em 1981 e expandido sete vezes depois, aos recém-chegados ParkJacarepaguá, inaugurado em 2021, e o Taquara Plaza, que abriu as portas no último dia 17, com cinco andares, 120 lojas e um investimento de R$ 300 milhões. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), são 14 empreendimentos do gênero na região, sendo nove na Barra, dois no Recreio e três em Jacarepaguá. Isso fora a profusão de pequenos centros e prédios comerciais.

Inaugurado há dez anos, o Shopping Metropolitano nasceu no Centro Metropolitano, área concebida por Lucio Costa para ser o novo centro da cidade.

— Fazemos parte da vida do morador da Barra como uma opção importante de lazer, compras, serviços e entretenimento — orgulha-se Eliza Santos, gerente de marketing do shopping.

Suíte do Hotel Grand Hyatt, na Barra: setor de hotelaria foi impulsionado por eventos esportivos, na Barra — Foto: Divulgação/Tadeu Brunelli
Suíte do Hotel Grand Hyatt, na Barra: setor de hotelaria foi impulsionado por eventos esportivos, na Barra — Foto: Divulgação/Tadeu Brunelli

Impulsionado pelos eventos esportivos, o setor hoteleiro foi um dos que tiveram o maior crescimento na região nos últimos anos. De acordo com o Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município (Hotéis Rio), esta nova oferta de quartos melhorou a taxa de ocupação na cidade, que se mantinha em 30% nos anos 1990 e, hoje, está em torno de 60%.

— Os grandes eventos esportivos do calendário ampliaram a infraestrutura hoteleira no Rio de Janeiro, e a Barra da Tijuca é o melhor retrato desta expansão que transformou a nossa hotelaria em uma das mais modernas da América Latina. Só a Barra da Tijuca reúne hoje mais de dez mil quartos de hotel, quase um quarto da oferta total da cidade, além de abrigar importantes redes internacionais que vieram somar ao nosso portfólio de hotéis cinco estrelas — diz Alfredo Lopes, presidente da entidade.

Escolas, universidades, centros médicos e hospitais de primeira linha desembarcaram na Barra nas últimas décadas. E bares, restaurantes e casas noturnas, um ponto alto do bairro desde antes do boom da ocupação, continuam atraindo gente de toda a cidade. A área em torno da Avenida Olegário Maciel, no Jardim Oceânico, é o point mais badalado, mas há muitos outros, numa rota que se estende até Guaratiba.

A série

A série sobre as mudanças na Barra da Tijuca tratou também sobre a evolução na mobilidade, as transformações no perfil dos moradores, a urbanização de suas praias, o crescimento imobiliário e os desafios entre preservação ambiental e o adensamento da região. Esta reportagem sobre o crescimento e a sofisticação dos setores de comércio e serviços encerra o material.

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