Ailton Krenak vence o Faz Diferença na categoria País: 'Que bom que podemos nos encontrar pra fazer festa, já fizemos muito luto'

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Aplaudido de pé pela plateia ao receber o prêmio, Ailton Krenak disse ter se sentido admirado por estar diante de tantas pessoas de referência em suas áreas, e com tamanha diversidade de raça e gênero.

Ele ainda enfatizou a importância de cultivar a memória para que o Brasil se torne de fato uma comunidade que tenha liga. Para isso, fez questão de lembrar aqueles que constroem o país, mas não estão mais presentes fisicamente.

— Que bom que podemos nos encontrar pra fazer festa, pois já fizemos muito luto. Então quero saudar a nós que estamos vivos, aqueles que se foram e saudar nossos ancestrais — disse Krenak.

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Ailton Krenak usa as cosmogonias dos povos indígenas para questionar conceitos criados pelo pensamento ocidental. Além de "Futuro Ancestral", ele é autor de "Ideias para adiar o fim do mundo", best-seller publicado em vários países, e "A vida não é útil", todos editados no Brasil pela Companhia das Letras.

Com posições firmes, ele critica a exploração “predatória” do meio ambiente e exalta a sabedoria indígena como saída para salvar a Humanidade das mudanças climáticas. 

Seu povo, os Krenak, só teve direito a seu território reconhecido após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 1997. Em 2015, a aldeia foi atingida pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana. A lama tóxica da tragédia causou a morte do Rio Doce. Chamado de “Watu” (avô) pelos Krenaks, o rio era a principal fonte do sustento da comunidade.