Política Bolsonaro

'Vamos libertar o povo do socialismo e do politicamente correto', diz Bolsonaro

No final de sua fala, segurou uma bandeira do Brasil e disse que ela não é vermelha
Bolsonaro pegou uma bandeira do Brasil e disse que ela jamais será vermelha Foto: Jorge William / Agência O Globo
Bolsonaro pegou uma bandeira do Brasil e disse que ela jamais será vermelha Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA — Após receber a faixa presidencial de Michel Temer, o presidente Jair Bolsonaro discursou nesta terça-feira no parlatório do Palácio do Planalto, dizendo que sua posse representa o momento em que o Brasil começou a se libertar do socialismo e do "politicamente correto". ( Confira a íntegra do pronunciamento de Bolsonaro)

— É com humildade e honra que me dirijo a todos vocês como Presidente do Brasil. E me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto.

Ao fim da fala, o governante pegou uma bandeira do Brasil e disse que ela jamais será vermelha, em referência à cor adotada tradicionalmente pelos movimentos de esquerda.

— Essa é a nossa bandeira, que jamais será vermelha. Só será vermelha se for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela.

O novo presidente ressaltou que, em seu governo, não haverá espaço para conchavos políticos, porque será formado apenas por técnicos, com base na meritocracia. No discurso, ele criticou as ideologias e disse que elas são responsáveis pela destruição de valores e tradições, como a família.

— Graças a vocês, conseguimos montar um governo sem conchavos ou acertos políticos, formamos um time de ministros técnicos e capazes para transformar nosso Brasil. Mas ainda há muitos desafios pela frente. Não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os brasileiros. Ideologias que destroem nossos valores e tradições, destroem nossas famílias, alicerce da nossa sociedade — disse.

Bolsonaro voltou a dizer que o governo deve servir à nação e não a interesses políticos:

— A corrupção, os privilégios e as vantagens precisam acabar. Os favores politizados, partidarizados devem ficar no passado, para que o governo e a economia sirvam de verdade a toda nação.

Tudo o que propusemos e tudo o que faremos a partir de agora tem um propósito comum e inegociável: os interesses dos brasileiros em primeiro lugar.

O chefe do Executivo também disse que as eleições de outubro mostraram que a população quer mudança. Segundo ele, as mudanças serão promovidas com respeito à Constituição Federal e a Deus.

— As eleições deram voz a quem não era ouvido. E a voz das ruas e das urnas foi muito clara. E eu estou aqui para responder e, mais uma vez, me comprometer com esse desejo de mudança. Respeitando os princípios do Estado Democrático de Direito, guiados por nossa Constituição e com Deus no coração, a partir de hoje, vamos colocar em prática o projeto que a maioria do povo brasileiro democraticamente escolheu, vamos promover as transformações de que o país precisa — declarou.

Primeira-dama quebra protocolo e discursa

Antes, em um gesto inédito, a primeira-dama Michelle Bolsonaro também discursou no parlatório do Palácio do Planalto . Ela se manifestou em libras (língua brasileira de sinais), em homenagem à população surda, público para o qual dedica trabalho voluntário. Ao lado dela, uma assessora traduzia a gesticulação da primeira-dama ao microfone. Bolsonaro disse que respeitará os princípios do estado democrático de direito guiado pela Constituição e com Deus no coração. O presidente afirmou ainda que não se pode deixar "ideologias nefastas" dividirem os brasileiros e que em seu governo a corrupção, os privilégios, as vantagens não serão aceitos.

— É uma grande satisfação e privilégio poder contribuir e trabalhar para toda a sociedade brasileira. A voz das urnas foi clara no sentido de que o cidadão brasileiro quer segurança paz e prosperidade, em um país em que todos são respeitados —  disse Michelle.

Ela agradeceu a todos que demonstraram solidariedade durante os “momentos difíceis” - especialmente ao filho do presidente Carlos Bolsonaro. Segundo Michelle, o enteado faz com ela uma “parceria” durante os 23 dias em que o então candidato ficou internado em um hospital em São Paulo.

Apesar da orientação da segurança do governo, o presidente manteve a tradição e desfilou em carro aberto da Catedral de Brasília até o Congresso.

A Esplanada dos Ministérios recebeu público de todo o Brasil para a posse. De ônibus, avião e em caravanas, apoiadores do presidente eleito começaram a chegar a Brasília no fim de semana.

O empresário André Rhouglas conta que chegou à Praça dos Três Poderes por volta de 6h30. Pegou um lugar na grade, na frente da rampa do Palácio do Planalto, onde Bolsonaro receberá a faixa.

— O importante é estar no meio do povo, no sol na chuva. Mostrar apoio para Bolsonaro, para o Sérgio Moro, para mudar o Brasil - disse ele, que veio de Belo Horizonte, carregando um cartaz com fotos do futuro ministro da Justiça.