Rio

PMs da Subsecretaria de Inteligência prenderam comerciante que não pagou propina, revelou investigação

Comandante do setor foi exonerado após operação da Polícia Civil que tinha como alvos sete agentes
Notas supostamente apreendidas pela Polícia Militar no dia em que comerciante foi preso acuso de tentativa de suborno Foto: Reprodução Polícia Militar
Notas supostamente apreendidas pela Polícia Militar no dia em que comerciante foi preso acuso de tentativa de suborno Foto: Reprodução Polícia Militar

RIO - A investigação que resultou na prisão de policiais militares da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Militar revelou que um comeciante chinês foi preso por não pagar quase R$ 1 milhão de propina aos militares. Passando-se por policiais civis, eles pediram o dinheiro para liberar uma carga de produtos contrabandeados avaliada em cerca de R$ 3 milhões. O episódio aconteceu no último dia 21. Os policiais presos eram subordinados ao coronel Rubens Castro Peixoto Júnior, que foi exonerado nesta sexta-feira.

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Na tarde daquele dia, o coronel Peixoto afirmara que a Subsecretaria de Inteligência da Polícia Militar havia recebido uma informação de que um comerciante de Madureira havia recebido “uma farta quantidade de material contrabandeado”. Ainda de acordo com o relatório do coronel enviado à imprensa, “equipes da S4 procederam ao local supracitado e, após intenso trabalho de busca, localizou farto material contrabandeado de origem chinesa”. À época, a Polícia Militar informou que apreendeu três toneladas de produtos.

Segundo Peixoto, “um suspeito responsável pelo material, após ser dada voz de prisão ao mesmo, tentou oferecer vantagem indevida (R$10 mil, para que não apreendessem o material)”, escreveu o oficial. Na ocasião, o próprio coronel divulgou um vídeo com imagens da suposta tentativa de suborno aos agentes. Confira o vídeo abaixo:

Passando-se por policiais civis, PMs pediram dinheiro para liberar carga de produtos contrabandeados avaliada em cerca de R$ 3 milhões. O episódio aconteceu no último dia 21. Os agentes foram presos nesta sexta-feira. Eles eram subordinados ao coronel Rubens Castro Peixoto Júnior, que foi exonerado
Passando-se por policiais civis, PMs pediram dinheiro para liberar carga de produtos contrabandeados avaliada em cerca de R$ 3 milhões. O episódio aconteceu no último dia 21. Os agentes foram presos nesta sexta-feira. Eles eram subordinados ao coronel Rubens Castro Peixoto Júnior, que foi exonerado

No entanto, de acordo a investigação da Polícia Civil, os PMs da Inteligência estiveram no local para extorquir dinheiro do chinês e não para confirmar informação de contrabando. Como ele não tinha a quantia estipulada pelos militares, acabou sendo preso e acusado de tentar subornar os agentes. Ainda segundo a Polícia Civil, a prisão do chinês teria servido de exemplo para outros comerciantes que não estavam pagando o que os policiais estipulavam.

Viatura da PM chega à sede da Polícia Civil, no Centro do Rio, na manhã desta sexta-feira Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Viatura da PM chega à sede da Polícia Civil, no Centro do Rio, na manhã desta sexta-feira Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

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Cinco policiais presos

Cinco PMs do setor de inteligência foram presos pela Polícia Civil na operação desta sexta. Além deles, outros dois estavam foragidos até o fim da manhã. Todos  foram indicados por Peixoto para a subsecretaria.

O setor de Inteligência da Polícia Militar fica perto da sala do secretário da corporação Rogério Figueredo de Lacerda. Nesta manhã, agentes da Polícia Civil usaram alicates e arrombaram diversos armários dos PMs — no Quartel Geral da PM — que estavam envolvidos no esquema criminoso. Nenhum porta-voz das duas polícias foi autorizado a passar informações .

Segundo os investigadores, os acusados se faziam passar por agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM)
Segundo os investigadores, os acusados se faziam passar por agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM)

Por meio de uma nota, a Polícia Militar afirma que “repudia, com veemência, condutas criminosas realizadas por seus integrantes”. Ainda de acordo com o comunicado, “é interesse da Polícia Militar identificar e expurgar policiais que manchem a honra da corporação”.

Por fim, a corporação afirma que “a Corregedoria Geral da Polícia Militar acompanha toda a ação e tomará as medidas cabíveis pelas condutas dos envolvidos no caso”.

Procurado, o delegado Mauricio Demétrio Afonso Alves, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), disse que não estava autorizado a passar detalhes da investigação. Cerca de 70 policiais civis participaram da operação.