Política
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Por Eduardo Gonçalves, Paolla Serra, Hyndara Freitas e Giulia Ventura — Brasília, São Paulo e Niterói

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira uma operação que investiga um suposto esquema de venda de presentes dados ao Estado brasileiro durante missões oficiais no exterior. Entre os alvos da ação estão o pai do tenente-coronel Mauro Cid, general Mauro César Lourena Cid; o ex-ajudante de ordens Osmar Crivelatti e o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.

A PF cumpre ao todo três mandados de busca e apreensão — dois em Brasília, em São Paulo e um em Niterói. As ações foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito das milícias digitais. Segundo a corporação, os alvos são investigados pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

"Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior", diz a nota da PF.

Os valores obtidos da comercialização desses objetos teriam sido convertidos em dinheiro vivo e "ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores", segundo a PF.

A operação foi batizada com o nome de um versículo da Bíblia - Lucas 12:12 -, que diz que “não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido “.

Pai de Cid levou Rolex aos Estados Unidos

A Policia Federal constatou nas investigações que o general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ajudou a vender as joias nos Estados Unidos. O general também atuou para recomprar as peças quando o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenou que o ex-presidente as devolvesse.

Segundo fontes envolvidas na operação da PF realizada hoje com busca e apreensão em endereços ligados a Lourena Cid, mensagens, e-mails e recibos mostram que o Rolex de diamantes já tinha sido vendido a uma joalheria e estava exposto para ser revendido em Miami quando o TCU deu cinco dias para que Bolsonaro devolvesse as joias.

Em outro trecho da investigação aponta que o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef, teria recuperado o relógio em março deste ano nos Estados Unidos. Em abril, Wassef encontrou Mauro Cid em São Paulo, e entregou o relógio. O ex-ajudante do presidente retornou para Brasília, e entregou o Rolex para Osmar Crivelatti. Segundo o inquérito, a intenção era "posterior devolução ao Estado brasileiro".

Buscas em SP e Niterói

Na manhã desta sexta-feira, o GLOBO foi até dois endereços que seriam de Frederick Wassef. Antes das 6h, a PF foi ao edifício onde os pais do advogado moram, no Morumbi. Os agentes subiram até o apartamento e apreenderam documentos, de acordo com seguranças do prédio.

A PF foi, mais tarde, a outro endereço, no Itaim Bibi, Zona Sul da capital. Os agentes foram informados pela portaria que Wassef não mora mais no local.

Prédio dos pais de Frederick Wassef, no Morumbi, em São Paulo — Foto: Hyndara Freitas/ Agência O Globo
Prédio dos pais de Frederick Wassef, no Morumbi, em São Paulo — Foto: Hyndara Freitas/ Agência O Globo

Em Niterói, Rio de Janeiro, um policial foi visto deixando uma casa na Rua Dom Helder Câmara, em Camboinhas, na região Oceânica. O local é apontado como um dos possíveis endereços ligados ao pai de Mauro Cid.

Segundo um morador, o imóvel é usado como uma casa de veraneio, mas diz não conhecer os proprietários. Outra vizinha do endereço afirma ter visto um helicóptero sobrevoando a região por volta de 8h45. Além de ter observado uma movimentação não usual em frente ao portão da casa.

— Tinham dois homens de terno em frente à casa. Não é normal ter algo assim pela rua. Essa casa não tem ninguém morando, eles vêm vez ou outra. O que sei é que o antigo morador era policial ou militar do Exército, mas morava fora do país. Não sei se ainda é ele o dono. A casa é antiga aqui e passou por uma reforma há 2 anos — afirma a mulher, que não quis ser identificada.

Casa na região Oceânica, em Niterói: residência foi alvo de operação de busca e apreensão contra general Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid — Foto: Giulia Ventura/Agência O Globo
Casa na região Oceânica, em Niterói: residência foi alvo de operação de busca e apreensão contra general Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid — Foto: Giulia Ventura/Agência O Globo

Cinco 'eixos principais' de investigação

O ministro Alexandre de Moraes afirmou que foram identificados cinco "eixos principais" da suposta organização criminosa envolvendo os auxiliares de Bolsonaro.

Os cinco eixos são:

  1. ataques virtuais a opositores;
  2. ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;
  3. tentativa de golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  4. ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia;
  5. uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens

O último item, por sua vez, seria subdivido em outros três eixos:

  • uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais
  • inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina
  • desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito

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