Vera Magalhães
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Vera Magalhães

Os principais fatos da política, do Judiciário e da economia.

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Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

A velocidade estonteante em que avançam as investigações a respeito dos malfeitos de Jair Bolsonaro e um grupo de ex-auxiliares que se reveza numa corrida de quem se meteu em mais rolos, torna mais complexa uma tarefa a que a cúpula do Exército tem se dedicado nas últimas semanas: tentar desvincular a instituição de rolos cometidos com a ajuda de militares da Força.

O tenente-coronel Mauro Cid conta com uma solidariedade discreta entre a cúpula do Exército, que avaliava, até a semana passada, como excessiva sua prisão preventiva e defendia sua opção por se mostrar fardado em ocasiões como o depoimento à CPMI do 8 de janeiro.

Já as ações que Cid filho cometeu, dizem os generais, devem ser investigadas e punidas pela Justiça comum, sem vinculação com a corporação ou tentativa de defendê-lo.

O discurso que vem sendo defendido passados oito meses do 8 de janeiro é o de que a imprensa, a sociedade e, muitas vezes, até as instâncias da Justiça, do governo e do Ministério Público confundem indivíduos militares, o Exército e as Forças Armadas como um todo nas análises sobre o grau de contaminação pelo bolsonarismo.

Pessoas se deixaram levar pela politização, mas não o Exercício e nem as Forças, é a tese. Que fica muito mais difícil de emplacar quando se vê um general, no caso Lorena Cid, pai do notório tenente-coronel Mauro Cid, envolvido num esquema de compra e venda no mercado paralelo de presentes desviados do acervo da Presidência da República.

E não é o primeiro general a frequentar esse noticiário. Diante dessa constatação, os generais costumam fazer distinção entre os pares da ativa e os da reserva, para os quais não haveria impedimento de maior manifestação política. Nessa outra tentativa de dourar a pílula, eles só não conseguem justificativa para o general Eduardo Pazuello, para quem sobram críticas em reservado.

O fato é que a semana não apenas fechou de maneira muito séria e concreta o cerco a Jair Bolsonaro, seja pelas evidências de uma trama golpista, seja no front da traficância com a coisa pública. Ela também deixou mais tortuoso o caminho para que o Exército Brasileiro se desvincule de mais esse período da história brasileira em que os militares e a democracia trilharam caminhos distintos.

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