Samantha Jones fala da Zinha de 'Renascer', de representatividade na TV e de namoro com atriz

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— A Zinha é um pouco de tudo, dos lugares que morei e das pessoas que conheço. Às vezes eu coloco na novela uma expressão que não é tão conhecida, mas que é algo que alguém que eu amo fala e tem a ver com aquele momento. Ela é muito espontânea e tem muita firmeza, então, mesmo que ela fale alguma expressão que não é muito conhecida, a gente vai entender mais ou menos o que ela quis dizer com aquilo — afirma.

Além de serem conterrâneas, Zinha e Samantha dividem outra vivência parecida. Assim como acontece na trama com João Pedro (Juan Paiva), a atriz também tem um melhor amigo de infância que todos acreditavam que seria seu companheiro em algum momento. E as duas ainda têm mais em comum: fazem parte da comunidade LGBQTIAPN+. O tema da sexualidade de Zinha já começou a ser abordado na narrativa:

— Eu morei a maior parte da vida em Senhor do Bonfim, que é uma cidade que me deu muita coisa em vários aspectos, principalmente culturalmente, mas é uma cidade do interior, e tem essa coisa forte conservadora. Sou uma mulher bissexual que demorou um pouco para falar sobre isso em voz alta. Não para me entender assim, mas para conseguir falar. Então tem essa coisa de ser LGBT em lugares conservadores.

Na primeira versão da novela, Zinha era Zinho. Na atualização, o autor, Bruno Luperi, trouxe novos elementos que mudaram a trama original. Para Samantha, a mudança se reflete em diferentes aspectos que vão além do gênero. Ela conta que ainda não tem mais informações sobre um possível romance da personagem na novela, mas acredita que eventualmente irá acontecer.

— Essa mudança de gênero não é uma coisa simples. O Zinho era o personagem há 30 anos, e agora é a Zinha, que traz um monte de outras coisas — analisa Samantha, que dá pistas sobre a futura história da sexualidade da personagem: — Essa é uma discussão que viria a somar muito na novela. Acho que ela vai ter um final feliz, vai ter um romance que não seja apenas um prêmio de consolação e vai dar uma aliviada nessa característica rabugenta dela.

Samantha também fala sobre a importância de narrativas que vão contra os padrões sociais no audiovisual:

— Um dos trabalhadores da roça onde fizemos o workshop, quando nos ensinava sobre o plantio, falava que "quanto mais diversidade, melhor". É óbvio, mas diz muita coisa. É uma questão de necessidade, porque é impossível fazer uma obra hoje em dia no Brasil com o mesmo padrão específico de pessoas, fazer uma novela só branca em um país que é mais preto do que branco. Estamos falando sobre um Brasil que existe, e pessoas trans, bissexuais, gays, lésbicas existem. Empobrece a história quando não tem esse tipo de narrativa. É um compromisso com a realidade, então, além de necessidade, as pessoas precisam se ver e se identificar com o que estão vendo.

Quem ajuda a atriz a se preparar para suas cenas é a namorada, Manu Morelli, que atualmente grava a novela "Beleza Fatal", da Max. Ela também fez parte do elenco de "Onde está meu coração" (Globoplay) e "Todo dia a mesma noite" (Netflix). Samantha conta que as duas, que estão juntas há "muitos tempos", se ajudam na profissão:

— Adoro ouvir as percepções da Manu. Ela é muito boa em dar parecer, em dar pitaco, em falar mesmo. Ela consegue descrever as sensações, o que ela está sentindo com a cena e como poderia melhorar. Eu adoro compartilhar isso com ela e também sempre passo os textos dela.