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Putin diz que vitória mostra 'confiança e esperança' dos russos

Com 85% das urnas apuradas, atual presidente russo é reeleito com mais de 76% dos votos
Vladimir Putin discursa em evento que celebra o quarto aniversário de anexação da Criméia, na Praça Vermelha, em Moscou Foto: KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP
Vladimir Putin discursa em evento que celebra o quarto aniversário de anexação da Criméia, na Praça Vermelha, em Moscou Foto: KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP

MOSCOU — Antes de a apuração da eleição presidencial deste domingo chegar a 60% das urnas, o presidente russo, Vladimir Putin, se escorou na sua ampla vantagem em relação aos opositores para já falar com status de reeleito. Por volta das 23h de Moscou (17h de Brasília), Putin apareceu para um rápido discurso em palco montado nos arredores do Kremlin, para a comemoração do aniversário de quatro anos da anexação da Crimeia.

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Diante de um público de 35 mil pessoas, segundo a agência estatal Ria Novosti, Putin falou por apenas dois minutos. O presidente russo agradeceu a votação expressiva. Com 85% das urnas abertas, Putin soma mais de 76% da preferência do eleitorado. Pavel Grudinin, candidato do Partido Comunista e segundo colocado na apuração, tem 12%.

Se os números se confirmarem, essa será a maior quantidade de votos recebida por Putin.

— Quero dizer a nossos seguidores em todo o país: obrigado por este resultado — discursou Putin. — Eu vejo o reconhecimento de tudo que foi feito nestes últimos anos em condições muito difíceis. As pessoas têm esperança e confiança de que nós trabalharemos com o mesmo esforço, a mesma responsabilidade e a mesma eficiência.

Logo depois, o presidente russo concedeu uma entrevista coletiva, com direito a puxar gritos de "Rússia, Rússia" —  a exemplo do que fizera em seu discurso na Praça Vermelha.

Reeleito, Putin ficará no poder até 2024 e não pode concorrer novamente na sequência. Perguntado se tentará mudar a Constituição para se prolongar ainda mais no poder, Putin deu uma rara resposta atravessada nesta noite de comemoração antecipada:

— É ridículo o que você está dizendo. Vamos fazer as contas: você espera que eu fique aqui até fazer 100 anos? É claro que não — disse Putin, que tem 71 anos.

COMPARECIMENTO

Embora Putin já comemore vitória, a taxa de abstenções nesta eleição, ponto sensível para o governo, ainda não é conhecida oficialmente. A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia atualizou o índice pela última vez às 18h de Moscou (12h de Brasília), quando ainda havia duas horas de votação pela frente. Àquela altura, o comparecimento nacional estava em 59,93%.

Ao longo do dia, os principais veículos estatais russos, como a rede Russia Today e a agência estatal Ria Novosti, divulgaram estatísticas parciais que apontavam para um aumento do comparecimento em relação à eleição presidencial de 2012. No entanto, mesmo com o avanço da apuração —  os votos de 62% das urnas haviam sido contadas até as 18 de Brasília —, a taxa de comparecimento divulgada seguia idêntica.

De acordo com o número parcial, o índice de abstenções em Moscou beira os 50%. Na república autônoma da Chechênia, que teve comparecimento de 99,59% na eleição de 2012 —  com 99% desses votos para Putin — , o percentual que foi às urnas neste ano não passava de 78% até a última parcial divulgada. Na Crimeia, que teve sua primeira eleição presidencial como parte da Rússia após a anexação de 2014, o comparecimento também não empolgava: 63,83%.

Pesquisas realizadas antes da eleição apontavam uma tendência de até 37% de abstenções. O voto é facultativo na Rússia. Em 2012, a abstenção não chegou a 35%. O crescimento do índice de ausentes na eleição era uma preocupação do governo, que fez campanha massiva para incentivar a população a ir às urnas.