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Primeiro-ministro da Rússia é diagnosticado com Covid-19

Segundo na linha de comando e nome central nas ações contra o coronavírius, Mikhail Mishustin revelou resultado do teste durante videoconferência com Vladimir Putin
Premier russo, Mikhail Mishustin, durante videoconferência com integrantes do governo nesta quinta-feira Foto: SPUTNIK / via REUTERS
Premier russo, Mikhail Mishustin, durante videoconferência com integrantes do governo nesta quinta-feira Foto: SPUTNIK / via REUTERS

MOSCOU — No dia em que a Rússia ultrapassou os 100 mil casos confirmados de Covid-19, o primeiro-ministro, Mikhail Mishustin , revelou estar infectado com a doença, e que vai entrar em quarentena por pelo menos duas semanas. O anúncio foi durante uma videoconferência com o presidente Vladimir Putin .

— Acabo de saber que os testes que realizei para o coronavírus mostraram resultado positivo (para a Covid-19). Dessa forma, de acordo com as orientações do Rospotrebnadzor (serviço responsável pelo bem-estar dos cidadãos), devo observar o auto-isolamento, seguir as instruções dos médicos, para proteget meus colegas — afirmou Mishustin, que vem exercendo um papel central nas ações do governo contra o coronavírus.

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Enquanto estiver em isolamento, ele será substituído pelo vice-premier, Aleksandr Belusov. Logo depois do anúncio, Putin pediu a ele que "ligue do hospital" (ele não está internado) e disse que o que ocorreu com seu premier pode acontecer com qualquer pessoa.

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De acordo com reportagem do site de jornalismo investigativo Proekt, os integrantes do primeiro e boa parte do segundo escalão se submetem a testes semanais para a Covid-19 . No começo do mês, Sergei Kiriyenko , vice-chefe de gabinete de Putin, foi infectado com a doença — é ele o responsável pelas ações relacionadas ao referendo de reforma constitucional, uma votação que estava prevista para o dia 22 de abril mas foi adiada por tempo indeterminado. Esse voto pode abrir caminho para que Putin permaneça no poder até 2036.

100 mil casos

A confirmação do teste de Mishustin foi feita no mesmo dia em que a Rússia teve o maior número de novos casos em um só dia: 7.099 . Ao todo, são mais de 100 mil casos e 1.073 mortes. Diante de um salto aparentemente inevitável nas infecções, o governo ampliou as medidas de distanciamento social até o dia 11 de maio , mas sinalizou que as ações podem começar a ser amenizadas a partir do dia 12 em algumas áreas:

— A situação continua sendo difícil. Os especialistas e os cientistas, com os quais estamos em contato para verificar nossos planos e medidas, dizem que ainda não chegamos ao pico — declarou Putin na terça-feira, em uma reunião com governadores transmitida pela televisão.

O mapa de casos na Rússia, elaborado pelo portal Yandex, mostra que mais da metade das infecções foi registrada em Moscou e áreas próximas, quase 60 mil, seguida por São Petersburgo , com 4 mil, por Nizhny-Novgorod , com 2 mil, e Murmansk , com 1,2 mil. Por outro lado, a terceira maior cidade russa, Novosibirsk , na Sibéria, tem menos de 500 casos, e pode ser um dos primeiros locais a ver algum afrouxamento das restrições.

Por outro lado, as autoridades mostram preocupação com o ressurgimento de um dos maiores fantasmas de saúde pública na Rússia: o alcoolismo . Nos últimos anos, uma série de medidas de restrição à venda e consumo de álcool conseguiram reduzir em 40% o consumo nacional entre 2003 e 2016, ajudando também a melhorar os indicadores de saúde pública. Os números são da Organização Mundial da Saúde.

Agora, segundo o grupo de pesquisas de mercado GfK , as vendas aumentaram 65% no final de março, quando começou a quarentena. Segundo representantes da polícia, esse aumento no consumo pode levar a um aumento de casos de violência doméstica, especialmente contra as mulheres.