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Por O Globo com agências internacionais — Gaza e Tel Aviv

O Hamas está disposto a reconsiderar sua posição e aceitar um cessar-fogo parcial para selar um acordo com Israel e garantir a troca entre reféns e prisioneiros palestinos, afirmou um oficial sênior do grupo à rede americana CNN. A mudança no posicionamento pode ser a chave para o êxito de um acordo, travado há meses por divergências entre as duas partes.

E enquanto o impasse sobre uma trégua continua, os ataques em Gaza não são interrompidos: Israel bombardeou no sábado uma escola que abrigava deslocados pela guerra, deixando 16 mortos. Em Tel Aviv, israelenses voltaram às ruas exigindo que o governo faça mais para libertar os reféns.

O Hamas vinha defendendo de maneira contundente que um acordo só poderia ser alcançado se ele conduzisse ao fim da ofensiva israelense no enclave palestino, governado pelo grupo extremista desde 2007. Agora, no entanto, segundo o membro da equipe de negociações, o Hamas aceitaria que as conversas sobre um cessar-fogo total ocorressem só na primeira fase de qualquer acordo, que poderia durar pelo menos seis semanas.

Falando sob condição de anonimato, a fonte também afirmou que o grupo aceitou uma proposta para iniciar as negociações sobre a libertação de homens e soldados israelenses mantidos como reféns em Gaza após no máximo 16 dias do início da primeira fase da trégua.

Na última semana, autoridades de Israel e do Hamas se reuniram em Doha para uma nova rodada de negociações, realizadas com a mediação do Catar, EUA e Egito. O chefe do Mossad (serviços de Inteligência de Israel), David Barnea, teve reuniões na capital catari na sexta-feira, quando reconheceu que havia ainda "diferenças" nas negociações. Mas afirmou que enviaria uma delegação novamente a Doha para continuar as discussões.

A mídia israelense relatou anteriormente que um esboço da proposta israelense estabelecia condições semelhantes. O documento estipulava que "no máximo no 16º dia, as negociações indiretas começarão entre as duas partes para concluir as condições para a implementação da fase 2 deste acordo. As negociações devem ser concluídas antes do final da 5ª semana da primeira fase".

Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu vem afirmado que o conflito continuará até “a destruição total do Hamas e a libertação de todos os reféns”. Mas o premier, que já foi acusado por Doha de obstruir as negociações, está sendo pressionado interna e externamente: os EUA, seu principal aliado, e boa parte da comunidade internacional instam um acordo para a libertação dos reféns e a suspensão dos combates em Gaza; em Tel Aviv, israelenses voltaram às ruas neste fim de semana, exigindo que o governo faça mais para libertar os reféns. Carregando bandeiras de Israel, os manifestantee bloquearam estradas e rodovias em frente às casas dos membros da coalizão do governo. Pelo menos cinco pessoas foram detidas.

A polícia montada israelense dispersa manifestantes de esquerda durante uma manifestação contra o governo em Tel Aviv, em 6 de julho de 2024 — Foto: JACK GUEZ / AFP
A polícia montada israelense dispersa manifestantes de esquerda durante uma manifestação contra o governo em Tel Aviv, em 6 de julho de 2024 — Foto: JACK GUEZ / AFP

Manifestações em Tel Aviv

Enquanto as negociações seguem cercadas de expectativas, a guerra completa nove meses neste domingo. Em Israel, manifestantes, entre eles familiares de reféns que ainda permanecem em cativeiro, deram início ao "dia de interrupção" neste domingo às 6h29 (horário local) para marcar o início do ataque do Hamas em outubro, bloqueando o trânsito em um cruzamento na capital Tel Aviv para pedir eleições antecipadas e que o governo faça mais para libertar os reféns.

Carregando bandeiras de Israel e entoando lemas exigindo um acordo que permita a libertação dos cativos, eles também bloquearam estradas e rodovias em frente às casas dos membros da coalizão do governo, informou o jornal Haaretz. Os manifestantes também exigem a renúncia de Netanyahu, que "precisa da guerra para que não haja eleições", afirmou a líder do protesto Shikma Bressler em uma publicação nas redes sociais. Até o momento, pelo menos cinco pessoas foram detidas, informou o jornal Times of Israel.

À noite, os protestos seguirão para a frente do prédio da Histadrut Labor Federation (central sindical dos trabalhadores no país) e as sedes do Ministério da Defesa e das Forças Armadas israelenses, em Tel Aviv, informou o Haaretz, pontuando que uma marcha até a casa de Netanyahu, em Jerusalém, também está sendo organizada. A polícia reforçou a segurança ao redor da residência na noite anterior.

Em uma publicação no X (antigo Twitter) feita neste domingo, o presidente Isaac Herzog enfatizou que "é dever do país trazê-los de volta, e isso está no coração do consenso". "A nação inteira quer o retorno deles, e uma maioria absoluta apoia um acordo de reféns", acrescentou. No dia anterior, manifestantes contrários ao governo que bloqueavam uma rodovia entraram em confronto com a polícia a cavalo antes que as autoridades usassem canhões de água para limpar a estrada.

Já em Gaza, os nove meses de conflito foram marcados por mais ataques israelenses. O Crescente Vermelho Palestino informou que seis pessoas, incluindo duas crianças de três e quatro anos, foram mortas em um bombardeio israelense contra uma casa em Zawaida, no centro da Faixa de Gaza, e no norte do território, três pessoas foram mortas em um ataque a uma casa, de acordo com equipes de resgate e a Defesa Civil.

A imprensa palestina afirmou que o vice-chefe do Ministério do Trabalho em Gaza, Ihab al-Ghussein, foi morto em um ataque aéreo israelense na cidade de Gaza. As Forças Armadas israelenses ainda não comentaram sobre o ataque.

Crianças choram após bombardeio israelense enquanto se refugiam na escola Jaouni administrada pela UNRWA  em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, em 6 de julho de 2024 — Foto: Eyad BABA/AFP
Crianças choram após bombardeio israelense enquanto se refugiam na escola Jaouni administrada pela UNRWA em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, em 6 de julho de 2024 — Foto: Eyad BABA/AFP

O campo de refugiados de Nuseirat — que no sábado foi atingido por um bombardeio a uma escola administrada pela ONU que deixou 16 pessoas mortas, de acordo com as autoridades sanitárias do enclave — continua sob fogo israelense. Israel informou no sábado que sua aeronave atacou "vários terroristas" no "setor da escola al-Khauni" de Nuseirat, dirigido pela ONU.

A organização alertou sobre as condições "desastrosas" em que os 2,2 milhões de habitantes da Faixa sobrevivem, sem comida e água devido ao cerco imposto por Israel. Além disso, 80% da população foi deslocada pelo conflito e há relatos de mortes por desnutrição. A Agência da ONU para Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), que coordena grande parte da ajuda a Gaza, informou no sábado que dois de seus funcionários foram mortos em al-Bureij. A agência informou que 194 de seus funcionários morreram durante o conflito.

A guerra começou após o ataque do Hamas contra Israel deixou 1,2 mil pessoas mortas, a maioria civis, e cerca de 250 pessoas foram sequestradas. Em resposta, Israel tem lançado uma ofensiva massiva contra o enclave que já deixou mais de 38,1 mil palestinos mortos, a maior parte mulheres e menores de idade, segundo o Ministério de Saúde de Gaza. O conflito também alimenta a preocupação internacional de que se espalhe pela fronteira norte de Israel, onde a troca de ataques entre o exército e o movimento xiita libanês Hezbollah ocorrem diariamente. (Com AFP)

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