Mundo
PUBLICIDADE

Por AFP — Paris

Os franceses voltam às urnas novamente neste domingo para o segundo turno das eleições legislativas, nas quais a extrema direita poderá se tornar pela primeira vez o partido com maioria e até chegar ao governo. E voltaram de maneira massiva: a participação estimada foi de 67%, a mais alta registrada durante um segundo turno em mais de 40 anos e ligeiramente maior do que no primeiro turno.

Os cerca de 50 milhões de eleitores enfrentam um dilema: votar no partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) ou na "frente republicana", um cordão sanitário formado pelo partido no poder e pela esquerda, mas que ameaça ser rompido após mais de 20 anos?

— Estamos em um ponto de virada na História [do país] — disse à AFP Antoine Schrameck, um aposentado de 72 anos, enquanto votava em Rosheim, nos arredores de Estrasburgo.

Ao fim do primeiro turno, cuja participação foi quase 20 pontos maior que em 2022, o Ministério do Interior anunciou que 506 dos 577 círculos eleitorais teriam 2º turno, com 306 disputas triangulares — envolvendo três candidatos — e cinco quadrangulares.

Pelo sistema político francês, todos os candidatos com mais de 12,5% se qualificam para o 2º turno, desde que ninguém alcance mais de 50% dos votos. Mas, com a desistência de mais de 200 candidatos para barrar a extrema direita, o número de disputas triangulares caiu para 94.

O presidente Emmanuel Macron — que chocou a França ao antecipar as eleições após a vitória do partido de extrema direita de Marine Le Pen nas eleições para o Parlamento Europeu em 9 de junho — , votou neste domingo ao lado de sua esposa, Brigitte, em uma seção eleitoral em Le Touquet-Paris-Plage, uma pequena cidade litorânea no norte do país.

Segundo a AFP, ele receberá o primeiro-ministro Gabriel Attal e os líderes partidários às 18h30 (horário local) no palácio presidencial. A reunião deverá durar cerca de 1h30, seguindo até pouco antes da divulgação do resultado das eleições — em algumas áreas rurais, as urnas fecharam às 18h (horário local), de acordo com a BBC. De centro-direita, Attal já anunciou que seu governo está disposto a permanecer no cargo "o tempo que for necessário" para garantir a continuidade do Estado.

O presidente da França, Emmanuel Macron, sai de uma cabine de votação ara votar no segundo turno das eleições em uma seção eleitoral em Le Touquet, norte da França, em 7 de julho de 2024 — Foto: MOHAMMED BADRA/POOL/AFP
O presidente da França, Emmanuel Macron, sai de uma cabine de votação ara votar no segundo turno das eleições em uma seção eleitoral em Le Touquet, norte da França, em 7 de julho de 2024 — Foto: MOHAMMED BADRA/POOL/AFP

As últimas projeções de dois institutos de pesquisa afastam o bloco ultradireitista da maioria dos 289 dos 577 assentos na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), obtendo entre 170 e 210, seguido da NFP (155 a 185) e da aliança no poder (95 a 125). Enquanto a aliança Juntos, de Macron, deverá ficar em terceiro lugar, a Nova Frente Popular, mais bem-sucedida, é uma mistura frágil de várias facções — que vão desde os socialistas tradicionais até a França Insubmissa (LFI, na sigla em francês), do líder da esquerda radical francesa Jean-Luc Melenchon.

Artistas, jogadores de futebol e associações, entre outros, também fizeram apelos para impedir a vitória do RN, em um movimento semelhante ao de 2002, quando Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, concorreu pela primeira vez à presidência e perdeu. Ao visitar a cidade italiana de Trieste neste domingo, o Papa Francisco alertou sobre as "tentações ideológicas e populistas", sem mencionar nenhum país.

Em caso de possíveis "distúrbios", a menos de três semanas dos Jogos Olímpicos de Paris, as autoridades destacarão 30 mil policiais e gendarmes para atuarem nas ruas na noite deste domingo. Receosos com protestos violentos, alguns comerciantes começaram a colocar tábuas em suas vidraças, informou o Le Monde.

Possíveis cenários

Os primeiros resultados serão divulgados às 20h (15h em Brasília), quando as seções eleitorais serão fechadas, depois de uma campanha marcada por insultos e ataques a candidatos e apoiadores, bem como por discursos racistas e antissemitas. Em alguns territórios ultramarinos alguns deputados já foram eleitos.

Na ilha caribenha de Guadalupe, segundo a BBC, foram eleitos quatro deputados de esquerda, enquanto as duas cadeiras na Nova Caledônia, palco de protestos em maio, foram divididas entre um deputado conservador e outro pró-independência. Na Polinésia Francesa, estimativas apontam a vitória de candidatos pró-independência, e a extrema direita levou a melhor na Ilha da Reunião.

Analistas alertam para um resultado incerto, que dependerá do número de abstenção. Se nenhum bloco obtiver a maioria absoluta, surgem vários cenários: uma difícil coalizão entre parte da esquerda, o partido no poder e os deputados de direita que não se associaram ao RN, ou mesmo um governo tecnocrata com apoio parlamentar.

Independentemente do resultado, a França vive um momento crucial em sua história política, que poderá acelerar o fim do macronismo — um ciclo que começou em 2017 com a ascensão de Macron ao poder. Seu mandato termina em 2027.

Uma maioria absoluta do RN levaria a sua jovem estrela Jordan Bardella, de 28 anos, ao cargo de premier do primeiro governo de extrema direita no país. A vitória dessa corrente na segunda maior economia da União Europeia poderá enfraquecer a influência da França em Bruxelas, onde tem sido um dos principais motores da integração europeia, bem como minar a política de apoio à Ucrânia. Além disso, adicionaria um novo governo de extrema direita na Europa: na Itália, a pós-fascista Giorgia Meloni é primeira-ministra, e em outros países como Finlândia, Eslováquia e Países Baixos, ultradireitistas fazem parte do Executivo.

Mais recente Próxima Guerra em Gaza: Hamas está disposto a aceitar cessar-fogo parcial para selar acordo com Israel
Mais do Globo

Atores estão no Brasil para promover novo longa da Marvel

Ryan Reynolds e Hugh Jackman arriscam o português em evento para fãs de ‘Deadpool & Wolverine’, no Rio

Ex-presidente americano marcou presença ao final do primeiro dia da Convenção Nacional Republicana, em Wisconsin

Com curativo na orelha, Trump aparece em público pela primeira vez desde tentativa de assassinato; veja vídeo

Polícia do país confirmou que dezenas de pessoas ficaram feridas

Ataque a tiros perto de mesquita em Omã deixa 4 mortos; veja vídeo

O acordo começou com cinco rotas e está sendo ampliado para 40

Cade abre procedimento para apurar acordo de cooperação comercial entre Azul e Gol

Caso foi relatado após Juliana Bierrenbach saber que Augusto Heleno era amigo de seu pai

Em áudio, advogada de Flávio narra ‘soco na cara’ de ex-presidente da CBF após suposta proposta de corrupção

Fundos de investimento e pessoas físicas fizeram reservas superiores ao que foi oferecido pela estatal paulista de saneamento

Sabesp conclui oferta de ações com  demanda perto de R$ 120 bilhões e deve ter rateio

Partes chegaram a um acordo e rescisão deve ser assinada nesta terça-feira

Fluminense encaminha acordo para rescisão de contrato de Douglas Costa

Com o anúncio de J.D. Vance como candidato a vice e presença do ex-presidente, sigla tenta reforçar a união em torno da chapa que enfrentará Biden e Kamala em novembro

Partido Republicano abre convenção com Trump como personagem central e críticas à gestão econômica de Biden

Foi a segunda maior audiência do ano em São Paulo (19 pontos) e foi recorde de audiência em Curitiba e Florianópolis

Atentado contra Trump: cobertura do 'Fantástico' foi vista por quase 30 milhões

Na verdade, imagens são de 1° de outubro de 2022, quando o republicano declarou apoio à reeleição do ex-presidente do Brasil

É #FAKE que Trump comparou atentado que sofreu à facada em Bolsonaro em 2018; vídeo é montagem