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Por O Globo e agências internacionais — Bari, Itália

Duas semanas após o presidente dos EUA, Joe Biden, aprovar o uso de armas americanas contra o território russo, Washington e seus principais aliados ocidentais, reunidos nesta quinta-feira na Cúpula do G7 na Itália, adotaram uma nova frente de pressão contra a Rússia. O grupo (formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) alcançou um acordo político para emprestar a Kiev US$ 50 bilhões (R$ 270 bilhões) financiados com ativos financeiros russos congelados no exterior desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Além disso, Washington selou um novo acordo de segurança com Kiev, garantindo apoio contínuo dos EUA à Ucrânia pelos próximos dez anos, concebido para ser uma "ponte" para a adesão do país à Otan.

Em um momento crucial da guerra, em que a Rússia tem vantagem no campo de batalha, o dinheiro será emprestado para ajudar o país a comprar armas e começar a reconstruir infraestrutura danificada pelos ataques de Moscou. A expectativa é de que o empréstimo seja pago usando os juros que incidem sobre US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão) em ativos russos congelados, que ficaram em instituições financeiras ocidentais (a maioria em bancos europeus) após a invasão.

O empréstimo será subscrito pelos EUA, mas as autoridades americanas dizem esperar que os seus aliados, incluindo membros da União Europeia, forneçam parte dos fundos. Segundo um alto funcionário europeu, falando em anonimato ao NYT, o bloco poderá contribuir com até metade do montante.

— Confirmo-lhes que chegamos a um acordo político para dar um apoio financeiro adicional à Ucrânia de aproximadamente US$ 50 bilhões até o final deste ano — disse a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

A decisão de usar os juros como garantia do empréstimo foi tomada após meses de discussões entre os aliados ocidentais, que chegaram a cogitar o confisco dos ativos da Rússia. À margem de um evento do G20 no Brasil em fevereiro, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, falou abertamente sobre a entrega dos ativos a Kiev.

Em resposta à imprensa, no mesmo dia, o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, prometeu uma "resposta simétrica", caso algo nesse sentido fosse aprovado. O ministro das Finanças francês, Bruno LeMaire, defendeu à época não haver base jurídica para esse tipo de confisco e destinação de ativos, alegando risco ao Estado de Direito.

— Pretendemos dar à Ucrânia os recursos necessários para travar uma guerra eficaz contra a Rússia e para apoiar as suas necessidades orçamentais diretas. E vamos fornecer uma parcela muito significativa de recursos — disse Yellen em um evento em Nova York nesta quinta-feira. — De certa forma, estamos conseguindo que a Rússia ajude a pagar pelos danos que causou.

Especialistas apontam que a pressão para o plano partiu sobretudo de Washington, onde Biden e seu Gabinete tentam criar um esquema de apoio econômico que não deixe a Ucrânia exposta à ofensiva russa se Donald Trump vencer as eleições presidenciais — o republicano já falou abertamente em mudar o posicionamento americano sobre o conflito.

Compromissos de longo prazo

No encontro desta quinta, Biden teve uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na qual também assinaram um novo acordo de segurança, uma medida que garantiria o apoio contínuo dos EUA a Kiev pelos próximos dez anos, segundo o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan. O ucraniano afirmou que o objetivo do acordo de segurança seria a formação de uma "ponte" para a adesão da Ucrânia à Otan.

O acordo "estabelece que os Estados Unidos apoiam a futura entrada da Ucrânia na Otan e reconhecem que nosso acordo de segurança é uma ponte para a entrada da Ucrânia na Otan", disse ele em uma coletiva de imprensa junto com o presidente dos EUA, acrescentando que este foi um "dia histórico", e que o acordo é mais forte entre os países desde a independência ucraniana. Biden, por sua vez, mandou um recado ao presidente russo, Vladimir Putin, dizendo que "eles não vão recuar".

Com o acordo, similar ao que os EUA têm com Israel, Washington se compromete a treinar o Exército ucraniano, fornecer equipamentos de defesa ao país, realizar exercícios e cooperar na indústria de defesa. No entanto, diferentemente do que ocorreria se a Ucrânia fosse membro da Otan, não há compromisso dos EUA em enviar suas tropas para defender o país.

Uma declaração americana afirmou que, com a promessa, os Estados Unidos enviam "um sinal poderoso do nosso forte apoio à Ucrânia agora e no futuro". Antes de sua chegada, Zelensky já havia anunciado nas redes sociais que a Ucrânia assinaria acordos de segurança com Estados Unidos e Japão e que esperava "decisões importantes" na reunião de cúpula.

— Queremos demonstrar que os EUA apoiam o povo da Ucrânia, que estamos com ele e que isso continuará a ajudar a resolver suas necessidades de segurança, não apenas amanhã, mas no futuro — disse Sullivan aos repórteres a bordo da Força Aérea Um, a caminho da Itália, mais cedo. — Ao assinar isto, também enviaremos à Rússia um sinal da nossa determinação. Se Putin pensa que pode sobreviver à coalizão que apoia a Ucrânia, está errado.

Mas, independentemente do compromisso alcançado entre o governo Biden e Kiev, Trump poderá abandonar qualquer acordo de segurança se for reeleito. Na Europa, o cenário de instabilidade também é motivo de preocupação: o primeiro-ministro Rishi Sunak, do Reino Unido, e o presidente da França, Emmanuel Macron, enfrentam eleições antecipadas importantes, que podem mudar o humor de alguns dos principais aliados sobre a disputa no Leste Europeu.

Outro tema: Gaza

O presidente da França, Emmanuel Macron, os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, do Reino Unido, Rishi Sunak, do Japão, Fumio Kishida, e o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, foram recebidos pela anfitriã, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, para a tradicional foto de família no resort de luxo de Borgo Egnazia, na região da Apúlia, sul da Itália.

Além de Ucrânia, eles também debaterão na cúpula como alcançar uma trégua na guerra da Faixa de Gaza entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas. Os líderes do G7 anunciaram apoio a uma proposta de trégua de Biden, que prevê a libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas em Israel no ataque de 7 de outubro de 2023. (Com NYT, El País e AFP.)

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