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Por O Globo, com agências internacionais — Washington

Autoridades de Defesa dos Estados Unidos descreveram na terça-feira como tragédia o ataque de Israel contra Rafah que matou dezenas de palestinos em um acampamento de deslocados em Rafah, mas afirmou que a ação não ultrapassou a "linha vermelha" traçada pelo presidente Joe Biden para suspender o envio de armas para o principal aliado no Oriente Médio. A afirmação chega em um momento em que especialistas em equipamentos militares indicam que as bombas utilizadas no bombardeio seguido por um incêndio foram fabricadas nos EUA.

John Kirby, porta-voz da Casa Branca, disse que as mortes de civis em Rafah foram “devastadoras”, mas que a maior preocupação dos EUA seria com uma invasão por terra à cidade, argumentando que o atual avanço com tanques de guerra não corresponde ao cenário projetado por Washington como uma violação definitiva. No início deste mês, Biden afirmou que os EUA poderiam reter o envio de mais armas a Israel se o país lançasse uma grande ofensiva terrestre na cidade, que fica no extremo sul do enclave palestino.

— Não queremos ver uma grande operação terrestre — disse Kirby a repórteres na terça-feira. — Não os vimos entrar com grandes unidades e um grande número de soldados em colunas e formações em algum tipo de manobra coordenada contra múltiplos alvos no terreno [em Rafah]. Tudo o que podemos ver nos diz que não realizam uma grande operação terrestre em centros populacionais da cidade de Rafah.

Pressionado até por integrantes do seu partido para reduzir o envio de armas a Israel e influenciar o andamento da guerra, Biden chegou a suspender o envio de bombas em uma remessa recente, posteriormente advertindo sobre a possibilidade de reter mais equipamentos. Mas, apesar da retenção das bombas no início deste mês, especialistas em armas apontaram, a partir de evidências visuais analisadas pelo jornal americano New York Times, que o ataque contra Rafah foi feito com munições GBU-39, projetadas e fabricadas nos EUA — provavelmente enviadas em outros momentos do conflito.

O detalhe principal nos destroços da arma foi o sistema de atuação da cauda, ​​que controla as aletas que guiam o GBU-39 até um alvo, de acordo com Trevor Ball, ex-técnico de eliminação de munições explosivas do Exército dos EUA. O padrão exclusivo do parafuso da arma e a ranhura onde as aletas dobráveis ​​são guardadas eram claramente visíveis nos escombros, disse Ball.

Os fragmentos de munição filmados por Alam Sadeq, um jornalista palestino, também são marcados por uma série de números começando com “81873”. Este é o código identificador exclusivo atribuído pelo governo dos EUA a Woodward, um fabricante aeroespacial com sede no Colorado que fornece peças para bombas, incluindo a GBU-39.

Menino palestino ao lado de barraca incendiada em Rafah — Foto: Eyad Baba/AFP
Menino palestino ao lado de barraca incendiada em Rafah — Foto: Eyad Baba/AFP

Operação em análise

O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz das Forças Armadas de Israel, afirmou que as bombas usadas em Rafah continham 17 quilos de material explosivo, "a menor munição" compatível com os jatos israelenses. O GBU-39 tem um peso explosivo líquido de cerca de 17 kg.

Para Washington, a informação indicou que as forças israelenses realmente pensaram em reduzir baixas. Há meses, autoridades americanas têm encorajado Israel a aumentar o uso de bombas GBU-39 em Gaza por serem mais precisas e mais adequadas a ambientes urbanos do que bombas maiores.

— Os israelenses disseram que usaram bombas de 17 quilos — disse Kirby na coletiva de terça-feira. — Se for de fato o que usaram, é certamente um indicativo de um esforço para serem discretos, direcionados e precisos.

Hagari também afirmou que os militares tomaram medidas para atingir de forma restrita dois líderes do Hamas, que ele disse terem sido mortos no ataque, e não esperavam que as munições prejudicassem civis. As bombas foram lançadas em galpões dentro de um campo para deslocados internos, e muitas tendas eram visíveis nas proximidades. Imagens mostram que o bombardeio desencadeou um incêndio fatal — o porta-voz israelense sugeriu que o fogo poderia ter sido provocado por uma explosão secundária, o que, segundo ele, indicava que poderia haver armas armazenadas na área.

Imagens gravadas por socorristas mostram incêndio em área de deslocados atingida por Israel em Rafah — Foto: PRCS/AFP
Imagens gravadas por socorristas mostram incêndio em área de deslocados atingida por Israel em Rafah — Foto: PRCS/AFP

Larry Lewis, antigo conselheiro do Pentágono e do Departamento de Estado que escreveu vários relatórios federais sobre danos civis, disse que parecia que os militares israelenses tinham, nesse caso, tomado medidas para mitigar o perigo para os civis, acrescentando que explosões secundárias podem ser difíceis de prever. Contudo, disse estar preocupado porque, nas imagens de monitoramento divulgadas pelos militares, quatro pessoas pareciam estar fora dos edifícios visados ​​antes do ataque.

O analista disse que a decisão de atacar naquele momento levanta questões sobre se os militares israelenses “sabiam e aceitavam um possível número de vítimas civis” ou não notaram as pessoas, sugerindo potenciais problemas em suas medidas de precaução.

Wes J. Bryant, um sargento reformado da Força Aérea Americana que serviu numa força-tarefa crítica ao uso de armas por Israel em Gaza, disse ao New York Times que tinha lançado muitas bombas GBU-39 durante o seu serviço militar e que esse ataque foi problemático.

— Isso indica negligência contínua na escolha de alvos, seja uma relutância ou incapacidade de proteger eficazmente os civis — disse Bryant. — Quando você usa uma arma que se destina a ser de precisão e com poucos danos colaterais em uma área onde os civis estão saturados, isso realmente anula o uso pretendido. (Com NYT)

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