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Por O GLOBO

As Forças Armadas de Israel (FDI) divulgaram, nesta sexta-feira, as conclusões sobre o bombardeio de um comboio humanitário que matou sete funcionários da ONG World Central Kitchen (WCK), no começo da semana. O comando militar israelense anunciou a destituição de um major e de um coronel da reserva que serviam na unidade diretamente envolvida no ataque, e fez reprimendas aos comandantes da Brigada e da 162ª Divisão do Exército. Em um comunicado oficial, as autoridades voltaram a se desculpar pelo incidente.

As medidas foram tomadas após a conclusão de uma investigação no âmbito do Mecanismo de Avaliação e Apuração de Fatos do Estado-Maior Conjunto de Israel (FFAM, na sigla em inglês), conduzida pelo general aposentado Yoav Har-Even. O relatório final aponta que o ataque foi autorizado após um erro de identificação, em que militares teriam confundido o que julgaram ser homens armados no comboio com integrantes do Hamas.

Um porta-voz do Exército ouvido em anonimato pela CNN disse que os militares teriam identificado erroneamente um objeto pendurado no pescoço de um dos trabalhadores da ONG como sendo uma arma. A avaliação, concluída a investigação, seria que o objeto visualizado provavelmente se tratava de uma bolsa ou sacola. O mesmo porta-voz afirmou também que alguns dos trabalhadores mortos sobreviveram ao bombardeio do primeiro veículo e fugiram para o segundo, que vinha logo atrás. O carro também foi bombardeado.

"As conclusões da investigação indicam que o incidente não deveria ter ocorrido. Aqueles que aprovaram o ataque estavam convencidos de que os alvos eram agentes armados do Hamas e não funcionários da WCK. O bombardeio dos veículos de socorro é um erro grave decorrente de uma falha grave devido a uma identificação equivocada, erros na tomada de decisões e um ataque contrário aos procedimentos operacionais padrão", diz a nota oficial divulgada pelo Exército israelense.

A ONG com sede nos EUA, liderada pelo chef hispano-americano José Andrés, exigiu a abertura de uma investigação independente após a divulgação do relatório israelense, chamando as declarações dos militares de conforto frio”. Em nota, a WCK disse que os movimentos do comboio estavam coordenados com o Exército de Israel e que todos os veículos estavam identificados com logomarcas visíveis. A Polônia, país natal de um dos funcionários mortos, pediu a abertura de um "inquérito criminal" após as revelações.

“Não basta simplesmente tentar evitar mais mortes de trabalhadores humanitários, que já se aproximaram de 200”, disse o fundador do grupo, José Andrés, em um comunicado. "Todos os civis precisam de ser protegidos e todas as pessoas inocentes em Gaza precisam de ser alimentadas e mantidas seguras. E todos os reféns devem ser libertados".

Veículo do comboio da ONG World Central Kitchen, atingido por mísseis israelenses em Gaza — Foto: AFP
Veículo do comboio da ONG World Central Kitchen, atingido por mísseis israelenses em Gaza — Foto: AFP

O general Yoav Har-Even disse que o "fator chave" na cadeia de eventos que levou ao bombardeio do comboio foi um erro de identificação de imagens feitas por drone pela equipe responsável por autorizar o ataque. Embora os carros tivessem as logomarcas da ONG, a câmera do drone não conseguiu vê-las no escuro, explicou o general.

O Exército disse que as conclusões sobre o ataque de segunda-feira seriam enviadas aos promotores militares para avaliar se alguém deveria enfrentar acusações criminais. As FDI também estão avaliando se os dois oficiais destituídos de seus cargos deveriam ser transferidos para outras funções ou totalmente expulsos.

Embora os militares israelitas tenham designado uma comissão especial para investigar alegações de má conduta durante vários conflitos ao longo da última década, críticos apontam que o sistema de justiça militar tem sido historicamente lento em acusar, e muito mais em condenar, soldados suspeitos de crimes contra palestinos.

Exército belga lança ajuda humanitária sobre Gaza

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A WCK, fundada após o terremoto de 2010 no Haiti, respondeu a vários desastres naturais e guerras nos Estados Unidos e no exterior. A associação serviu milhões de refeições em 2017 para os porto-riquenhos afetados pelo furacão Maria, para os ucranianos afetados pela guerra contra a Rússia e, mais recentemente, para as pessoas que estavam lidando com incêndios no Chile e no Texas.

Em Gaza, a ONG operava com 65 cozinhas comunitárias e entregava cerca de 350 mil refeições diariamente — 32 milhões desde o começo da guerra. A operação foi totalmente suspensa após a morte dos funcionários, incluindo as que funcionavam em parceria com outras organizações, como a entrega de alimentos pela via marítima aberta no Mediterrâneo, que acontecia com o apoio da espanhola Open Arms.

Diante de reprimendas partindo de todas as partes do mundo, autoridades políticas e militares de Israel se desculparam pelo incidente. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o fato como um "incidente trágico" na segunda-feira, mas completou dizendo que "isto acontece numa guerra". Na nota oficial do Exército sobre o incidente, autoridades militares voltaram a lamentar o ocorrido.

"As FDI levam a sério o grave incidente que ceifou a vida de sete trabalhadores inocentes de ajuda humanitária. Expressamos nosso profundo pesar pela perda e enviamos nossas condolências às famílias e à organização WCK", escreveram.

Versão sobre o ataque

Os sete funcionários mortos no bombardeio eram de Austrália, Reino Unido e Polônia. Havia também um canadense-americano e um palestino. Eles chegaram ao norte de Gaza na manhã de segunda-feira para ajudar a entregar mais de 100 toneladas de alimentos, segundo a ONG. Os caminhões partiram por volta das 21h.

Enquanto trafegavam na estrada costeira rumo a Deir al-Balah, os caminhões se encontraram com carros que se juntaram ao comboio, segundo os militares. Pouco depois, um homem armado pareceu disparar um único tiro do teto de um dos caminhões, de acordo com o major-general Yoav Har-Even, oficial da reserva que supervisiona as investigações militares sobre possíveis casos de má conduta durante a guerra.

O operador do drone e os seus comandantes não sabiam que os carros faziam parte do comboio humanitário aprovado e assumiram erradamente que transportavam palestinos armados, disseram as autoridades israelenses.

Depois que o comboio chegou ao armazém, imagens de drones capturaram o que as autoridades disseram ser mais homens armados no local, o que convenceu os oficiais de que a cena que testemunharam se assemelhava ao que disseram ter sido tentativas anteriores de militantes do Hamas de confiscar ajuda humanitária em Gaza. Basem Naim, porta-voz do Hamas, negou que o grupo tenha roubado ajuda, chamando a acusação de “propaganda israelense”.

Os carros então deixaram o armazém – três carros foram para o sul e um para o norte, disseram as autoridades militares. Antes de partirem, um operador de drone avistou o que ele acreditava – erroneamente, disse o general Har-Even – ser uma figura portando uma arma entrando em um dos três carros em direção ao sul.

Em quatro minutos, pelo menos um drone israelense atingiu cada um dos três veículos do comboio enquanto viajavam para o sul, um atrás do outro, matando todos os sete passageiros. (Com AFP e NYT)

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