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Por O Globo com agências internacionais — Porto Príncipe e Kingston

A União Europeia (UE) anunciou nesta segunda-feira que retirou seus funcionários do Haiti à medida que a desordem e a violência, desatadas por gangues armadas, se intensificam nas ruas de Porto Príncipe. A partida da delegação havia sido comunicada um dia antes pela Chancelaria alemã, ao informar sobre a saída de seu embaixador. As decisões somam-se à da embaixada americana, que também no domingo anunciou a retirada de alguns funcionários e o reforço da segurança. Diante do agravamento da crise, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou a doação de US$ 133 milhões (R$ 563 milhões) adicionais ao país, durante reunião convocada pela Comunidade do Caribe (Caricom).

— Removemos os funcionários da UE do Haiti — disse Peter Stano, porta-voz da divisão diplomática da Comissão Europeia, o braço Executivo do bloco europeu.

A delegação havia emitido um comunicado no dia anterior afirmando que “encerrou temporariamente os seus escritórios e reduziu ao mínimo a sua presença no país”. As atividades seguirão sendo realizadas de maneira remota, e as funções serão retomadas “assim que as condições de segurança permitirem”. Uma fonte a par da operação informou à CNN que o embaixador da União Europeia, Stefano Gato, também foi retirado.

Também no domingo, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha informou à AFP que "devido à situação muito tensa de segurança no Haiti, o embaixador alemão e o representante permanente em Porto Príncipe partiram hoje [domingo] para a República Dominicana junto com representantes da delegação da UE". Os diplomatas trabalharão da República Dominicana, país fronteiriço, "até novo aviso". Uma fonte a par da operação informou à CNN que o embaixador da União Europeia, Stefano Gato, também foi retirado.

O deslocamento dos funcionários exigiu dias de preparo, além de uma coordenação intensiva dos dois lados da fronteira, contou a fonte à rede americana. Como o aeroporto internacional do Haiti está fechado e é constantemente alvo de ataques, a saída ocorreu em um helicóptero comercial, que teria feito pelo menos duas viagens rápidas, uma atrás da outra. O espaço aéreo de Santo Domingo está fechado para o Haiti, mas as autoridades dominicanas abriram uma exceção. Além disso, para que a operação durasse o mínimo possível, a aeronave aterrissou em uma pista de pouso em uma base militar em vez de usar heliportos mais distantes na capital dominicana.

De acordo com a fonte, cerca de 12 pessoas foram retiradas até agora. Outra fonte a par das operações explicou à CNN que foram pelo menos 12 voos no últimos três dias — todos comerciais, e não militares. Os passageiros eram funcionários diplomáticos e agentes humanitários.

Os funcionários das Nações Unidas, por sua vez, continuam no Haiti “para fazer tudo o que puderem para prestar assistência às pessoas necessitadas, apesar dos riscos para sua própria segurança”, afirmou em nota o porta-voz do secretário-geral da organização, Stephane Dujarric.

Desde a semana passada, gangues criminosas tem atacado delegacias, prisões — de onde fugiram cerca de 3,7 mil prisioneiros na semana passada — e hospitais em Porto Príncipe. O temor é que a espiral de violência possa seguir rumo à Petionville, uma região onde estão localizadas embaixadas, bancos e hotéis de luxo.

EUA doam US$ 133 milhões

Devido ao cenário caótico, a Caricom — grupo formado por 20 países, sendo 15 Estados-membros e cinco associados — convocou uma reunião ontem, realizada na Jamaica. O bloco também convidou representantes dos EUA, França, Canadá e da ONU. Durante o encontro, Blinken anunciou que Washington doará mais US$ 113 milhões (R$ 563 milhões) para o país.

Também serão destinados US$ 100 milhões (R$ 498 milhões) para a futura Missão Multinacional de Apoio à Segurança, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU no ano passado, além de US$ 33 milhões (R$ 165 milhões) imediatos em ajuda humanitária, elevando para US$ 333 milhões (R$ 1,66 bilhão) o total de promessas dos EUA para o Haiti durante a crise, que já dura anos.

Após o encontro, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que lidera o bloco, disse estar “otimista”.

— Estou muito confiante de que encontramos pontos em comum e que encontramos um caminho por meio do qual podemos apoiar uma solução liderada pelos haitianos e de propriedade dos haitianos.

A primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, por sua vez, afirmou que as “partes interessadas” haviam concordado amplamente que um conselho presidencial deveria ser instalado para escolher um primeiro-ministro que, ao lado do conselho, estabeleceria um novo governo.

As gangues e parte da população pedem a renúncia do premier Ariel Henry, que lidera o país desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021. O poderoso líder de de uma das gangues, Jimmy Cherizier, conhecido como Barbecue, prometeu uma “guerra civil” caso Henry não renuncie.

Henry deveria ter deixado o cargo em fevereiro, mas, em vez disso, concordou com um acordo de compartilhamento de poder com a oposição até a realização de novas eleições. O premier anunciou que o pleito será convocado em agosto de 2025, data que muitos consideraram distante. O Haiti não celebra eleições desde 2016.

Há uma semana, as autoridades haitianas declararam estado de emergência e toque de recolher noturno no departamento do Oeste, que inclui a capital. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) aponta que 362 mil pessoas estão atualmente desabrigadas, enquanto crescem os alertas para o risco de abastecimento de alimentos.

Hospitais, alvo dos grupos armados, também não estão funcionando normalmente no país. Repartições públicas e escolas seguem fechadas há dias, e alguns corpos estão espalhados pelas ruas da capital.

A Autoridade Portuária Nacional informou à AFP que as autoridades retomaram o controle do porto, alvo de saques e ataques na sexta-feira. Vários navios conseguiram descarregar contêineres, mas ainda é um desafio retirar mercadorias e alimentos, pois as estradas principais não são seguras o suficiente, acrescentou.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou no ano passado a criação de uma força internacional, liderada pelo Quênia, para ajudar o Haiti a combater a violência das gangues — o que não agradou os grupos armados. O país tem menos de 10 mil agentes frente a uma população de 11 milhões.

Henry assinou no início de março em Nairóbi um acordo para mobilizar policiais quenianos, mas não pôde retornar a seu país desde então, permanecendo em Porto Rico desde terça-feira. A República Dominicana lhe negou a entrada. (Com AFP e El País)

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