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Por O Globo

A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que em fevereiro comparou os ataques israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto, pode ser considerada antissemita, disse nesta quinta-feira a embaixadora americana Deborah Lipstadt, enviada especial do governo Joe Biden para monitoramento e combate ao ódio contra judeus, à Folha de São Paulo. Na ocasião, Lula falava com jornalistas em Adis Abeba, na Etiópia, quando mencionou que “o que está acontecendo em Gaza não existe em nenhum outro momento histórico”. Em seguida, ele completou: “Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

— O Departamento de Estado adota a definição [de antissemitismo] da IHRA (Aliança Internacional de Memória do Holocausto), e a definição da IHRA deixa claro que isso constitui antissemitismo — disse Lipstadt, que foi ouvida em audiência no Congresso dos EUA sobre o aumento do antissemitismo na América Latina. — Essa declaração é a pior possível.

Após a fala de Lula, Israel reagiu com duas medidas: além de repreender publicamente o embaixador brasileiro no Museu do Holocausto, em Jerusalém, o governo israelense declarou o petista como persona non grata. Lula, então, chamou o embaixador brasileiro de volta ao Brasil e convocou o chefe da representação de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, para uma reunião no Palácio do Itamaraty. Dias depois, Lula afirmou que não usou a palavra “Holocausto” ao comparar as mortes, indicando que o termo foi parte da interpretação israelense.

— Primeiro que não disse a palavra Holocausto. Holocausto foi interpretação do primeiro-ministro de Israel. Não foi minha. A segunda coisa é a seguinte, morte é morte — afirmou Lula em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar.

Segundo definição da IHRA, antissemitismo é “uma certa percepção dos judeus, que pode ser expressa como ódio em relação aos judeus. As manifestações retóricas e físicas do antissemitismo são direcionadas a indivíduos judeus ou não judeus e/ou a suas propriedades, a instituições comunitárias judaicas e instalações religiosas”. Ainda conforme a organização, um exemplo disso é “fazer comparações entre a política contemporânea israelense com a dos nazistas”.

Ainda conforme publicado pela Folha, quando questionada sobre a diferença entre críticas legítimas a Israel e antissemitismo, Lipstadt afirmou que as duas coisas não são equivalentes e que a linha é cruzada no momento em que, “em razão de divergências políticas, todos os judeus são responsabilizados globalmente”. Durante a sessão, Lula foi citado nominalmente algumas vezes, assim como o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e o do Chile, Gabriel Boric. Todos foram mencionados como maus exemplos na região.

— Estamos muito desapontados que alguns países da América Latina, incluindo a Bolívia, suspenderam ou cortaram relações diplomáticas com Israel, e outros chamaram seus embaixadores de volta para consultas. Não acreditamos que reduzir canais diplomáticos funcione para o nosso objetivo compartilhado de combater crises — disse.

Em fevereiro, Petro acusou Israel de “genocídio” e também comparou a situação no enclave ao Holocausto. Nas redes sociais, ele comentou a morte dos mais de 100 palestinos que buscavam ajuda humanitária no território, afirmando que os civis foram “assassinados [pelo governo do premier Benjamin] Netanyahu”. Ele também anunciou que a Colômbia estava suspendendo todas as compras de armas de Israel, e que “o mundo deve bloquear Netanyahu”. Já Boric expressou que considera a resposta israelense aos ataques do grupo terrorista Hamas algo “desproporcional” e passível de condenação.

A republicana Maria Salazar, codiretora do subcomitê da Câmara sobre Hemisfério Ocidental, onde ocorreu a audiência desta quinta-feira, errou o nome do presidente brasileiro e criticou outros líderes da região.

— Gustavo Lula da Silva [sic] disse que Israel está repetindo o Holocausto, que israelenses são os novos nazistas dessa era — disse. — É desprezível que chefes de Estado tenham essas opiniões, mas é mais preocupante para nós que esses líderes são os parceiros favoritos do governo Biden na região — continuou ela, cobrando consequências concretas a esses países pelas falas de seus presidentes.

Em resposta, a embaixadora americana afirmou que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou privadamente com Lula sobre o assunto no último mês, e que deixou claro que Washington discorda das declarações. O assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, disse ao GLOBO que, durante a reunião de Blinken e Lula, não “houve debate ou contestação” sobre a incursão de Israel na Faixa de Gaza.

— O secretário de Estado deu sua visão sobre o Holocausto. Lula não comentou, até porque não foi preciso. Não havia o que contestar. Blinken disse, em seguida, que não achava que o que está ocorrendo em Gaza seja genocídio. Lula expressou sua opinião sobre a matança de civis, sobretudo mulheres e crianças na Palestina, e frisou a necessidade de um cessar fogo para pôr fim à tragédia humanitária. Não houve debate ou contestação — disse Amorim.

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