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Por O Globo com agências internacionais — Cairo e Territórios Palestinos

No mesmo dia que a guerra em Gaza completa cinco meses, a delegação do Hamas deixou o Cairo nesta quinta-feira — onde estava participando de negociações para uma trégua no conflito com Israel desde o último domingo — sem um acordo, e às vésperas do Ramadã. A expectativa inicial era de que um cessar-fogo fosse alcançado antes do início do mês sagrado para os muçulmanos, que começa no domingo, mas as tratativas só devem ser retomadas na próxima semana, segundo um meio de comunicação próximo ao governo egípcio. Uma autoridade do grupo palestino culpou Tel Aviv, que não enviou uma delegação para as conversas, pelo impasse.

Os líderes do grupo seguem agora para consultas em Doha, local em que mantêm um escritório político.

"A delegação do Hamas deixou o Cairo esta manhã [de quinta-feira] para consultar a liderança do movimento, com negociações e esforços continuando para interromper a agressão, devolver os deslocados e trazer ajuda humanitária ao nosso povo", disse o grupo em um comunicado citado pela agência Reuters.

Sami Abu Zuhri, membro do alto escalão do Hamas, afirmou à Reuters que Israel "frustrou" todos os esforços dos mediadores (Estados Unidos, Catar e Egito) para chegar a um acordo durante os últimos quatro dias. O grupo apresentou sua proposta na terça-feira, e Abu Zuhri disse que Tel Aviv rejeitou as exigências para acabar com a ofensiva em Gaza, retirar suas tropas, bem como para garantir a entrada de ajuda humanitária e o regresso dos milhares de palestinos deslocados para suas casas.

Autoridades egípcias afirmaram, segundo a Associated Press, que o grupo aceitou os principais termos do acordo como primeira etapa, mas quer compromissos por parte de Israel de que a proposta levará a um cessar-fogo eventual e permanente, o que é descartado por Tel Aviv. Apesar disso, as autoridades egípcias não descartaram um acordo antes do domingo.

— Estamos aguardando a resposta oficial final do inimigo (Israel) — disse um membro do grupo à AFP, que não foi identificado. — As respostas iniciais (israelenses) não atendem aos requisitos mínimos relacionados à suspensão permanente das hostilidades.

Segundo a Reuters, o Hamas continuará as negociações, embora um líder do grupo tenha reiterado na quarta-feira que as exigências devem ser estabelecidas antes da libertação dos reféns — um ponto de impasse com Israel.

No domingo, Tel Aviv vetou a ida da sua delegação ao Cairo após o grupo não ter enviado uma lista com os prisioneiros, vivos e mortos, ainda sob custódia. O grupo alega que a contagem é impossível sem uma suspensão nas hostilidades, já que os sequestrados estariam espalhados pelo enclave palestino.

O governo de Israel calcula que 130 dos 250 reféns sequestrados pelo grupo durante o ataque terrorista do dia 7 de outubro continuam em cativeiro em Gaza, mas que pelo menos 31 deles tenham morrido.

Segundo o al-Qahera News, ligado aos serviços de inteligência egípcios, citando uma autoridade sênior, as negociações "serão retomadas na próxima semana". Ao jornal israelense Haaretz, uma fonte árabe familiarizada com as negociações informou que o grupo espera continuar as conversas pelo menos até a primeira semana do mês sagrado, acrescentando que há uma expectativa de que o período leve os palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém a pressionar as partes, incluindo Israel, por avanços nas negociações.

Catar, Estados Unidos e Egito estavam reunidos no Cairo desde o último domingo para tentar alcançar um acordo antes do Ramadã. A proposta, apresentada anteriormente em Paris, prevê uma pausa de seis semanas nos combates e a libertação de 42 reféns em posse do Hamas em troca de prisioneiros palestinos em Israel. De acordo com a AP, entre os detidos a serem libertados no novo acordo estariam militantes importantes para o grupo que cumprem prisão perpétua.

Na terça, o presidente dos EUA, Joe Biden, alertou seu aliado sobre uma situação “muito, muito perigosa” caso o cessar-fogo não seja alcançado em breve e disse que “não havia desculpas” para não permitir mais ajuda ao enclave.

Para alcançar a "vitória total", Israel disse que estava preparando uma ofensiva terrestre em Rafah, uma cidade no extremo sul de Gaza, ao longo da fronteira egípcia fechada. Lá, de acordo com a ONU, cerca de 1,5 milhão de palestinos estão amontoados em condições terríveis. Em fevereiro, Tel Aviv deu ao grupo o início do mês sagrado como prazo para libertar todos os reféns, caso contrário daria início à incursão.

Palestinos frustrados

Enquanto autoridades israelenses e do Hamas seguem em um impasse, os palestinos em Gaza acompanham as negociações com os nervos em frangalhos após sucessivas frustrações.

— É uma forma de tortura psicológica — afirmou Khalil el-Halabi, de 70 anos, ao New York Times. — É insuportável. Um dia nos dizem que a guerra está acabando e o contrário no dia seguinte.

Uma série de informações conflitantes tem levado os moradores do enclave a uma exaustiva montanha-russa emocional, enquanto se amontoam em apartamentos lotados, barracas e abrigos. A tensão é especialmente aguda em Rafah.

Hazem Surour, 20 anos, que veio do norte de Gaza, disse ao jornal americano que parou de permitir que as notícias aumentassem suas esperanças depois de meses em que Israel e o Hamas não conseguiram chegar a um acordo.

— Precisamos seriamente de algo real, não de notícias — disse. — Só podemos ser pacientes e orar.

A guerra completa cinco meses após o ataque sem precedentes do grupo terrorista em solo israelense, no qual quase 1,2 mil pessoas pessoas, a maioria civis, foram mortas. Desde então, Gaza contabiliza mais de 30 mil mortos, a maioria mulheres e menores, e milhares de deslocados. Sob um "cerco total", mortes por inanição também tem sido registradas no enclave: o governo do Hamas diz que pelo menos 20 pessoas, a maioria crianças, morreram por desnutrição e desidratação. As mortes têm aumentando a pressão internacional sobre Tel Aviv para proteção de civis e para o aumento na entrada de ajuda humanitária no enclave.

Diante das dificuldades de entregar ajuda humanitária por terra, vários países, incluindo os EUA, a Jordânia e a França, começaram a lançar alimentos por via aérea no norte do território, uma solução considerada insuficiente e perigosa por ONGs.(Com AFP e NYT)

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