Quatro pessoas, entre elas dois jornalistas, morreram nesta terça-feira durante ataques israelenses no sul do Líbano. A informação foi divulgada pela agência de notícias libanesa Ani e a emissora al-Mayadeen, veículo no qual trabalhavam os repórteres.
Segundo a agência libanesa, três pessoas morreram na região de Tair Harfa — dois jornalistas e um colaborador — no que foi descrito como "um bombardeio inimigo". As mortes da jornalista Farah Omar e do repórter fotográfico Rabih al-Maamari também foram anunciadas pelo canal de TV al-Mayadeen, pró-Irã e politicamente aliado ao grupo xiita libanês Hezbollah, como decorrentes de "em um ataque israelense".
A quarta vítima é uma mulher de 80 anos, que não teve a identidade revelada, atingida em um ataque da "aviação inimiga" na localidade de Kfar Kila, segundo a agência Ani. Além dela, sua neta de sete anos ficou ferida e teria sido hospitalizada na cidade de Marjayun. Ela está em estado crítico.
![Os jornalistas Rabih al-Maamari e Farah Omar mortos nesta terça-feira — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/CviyUZn0oOrnJQN3ECsT3L3FfXQ=/0x0:2000x1194/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/s/w/fnmSCJSQSeeOAARtvUqA/arte.png)
A equipe da emissora foi "deliberadamente atacada, não foi ao acaso", afirmou o presidente da al-Mayadeen, Ghassan Ben Jeddo, durante uma entrevista ao vivo. Segurando as lágrimas, Jeddo disse ainda que o incidente aconteceu depois que o governo de Israel decidiu bloquear o site da emissora.
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Mais cedo, as Forças Armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram ter atacado esquadrões terroristas no Líbano que estariam disparando mísseis antitanque na fronteira, além de outros alvos do Hezbollah. Segundo o jornal Haaretz, uma bomba teria sido disparada do Líbano contra um posto da IDF, que respondeu com novos ataques. Os moradores de Kiryat Shmona e de regiões próximas, no norte de Israel, foram orientados a ficar perto de áreas protegidas.
Tensão na fronteira
Em 13 de outubro, o fotojornalista da agência Reuters, Issam Abdallah, morreu e outros seis profissionais da imprensa — dois da agência AFP, dois da Reuters e outros dois do canal al-Jazeera — ficaram feridos em um bombardeio similar, também no sul do Líbano. Um mês depois, um cinegrafista da al-Jazeera foi ferido por tiros israelenses, quando participava da cobertura dos bombardeios com outros correspondentes na região.
Desde o início da guerra entre o grupo terrorista Hamas e Israel, em 7 de outubro, os confrontos entre o Exército israelense e o Hezbollah são quase diários, embora limitados à zona de fronteira. O grupo é apoiado pelo Irã e está decisivamente inserido na sociedade do país: seus membros são libaneses, o grupo atua como partido político, mantêm escolas, hospitais e uma rede de TV.
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Os combates até agora deixaram ao menos 92 mortos no Líbano, a maioria combatentes do Hezbollah, mas também 14 civis, segundo um balanço da AFP. Do lado israelense, nove pessoas foram mortas, incluindo seis militares, segundo as autoridades locais.
O conflito também tem sido o mais mortal para jornalistas. Até o início de novembro, pelo menos 37 profissionais foram mortos enquanto cobriam a guerra — mais que o dobro do total registrado em 20 meses de confronto na Ucrânia, segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ).
Na última semana, um ataque do Hezbollah acendeu um sinal de alerta vermelho para uma possível escalada do conflito. Combatentes usaram pela primeira vez mísseis antitanque contra uma comunidade israelense na fronteira. O ataque deixou ao menos 18 pessoas feridas.