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Por O GLOBO

No dia em que a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas ultrapassou a marca de 10 mil mortes — cerca de 8.800 do lado palestino e 1.400 do lado israelense — em menos de um mês, o primeiro grupo de pessoas teve permissão ontem para sair da Faixa de Gaza, bloqueada por Israel e Egito desde o início do conflito. Pelo menos 76 palestinos feridos gravemente, transportados em ambulâncias, e 335 estrangeiros ou palestinos com dupla cidadania atravessaram, pela passagem de Rafah, no sul de Gaza, a fronteira com o Egito, que permitiu sua entrada.

As autoridades egípcias anunciaram que abririam excepcionalmente a fronteira para a passagem de pessoas — até agora, só caminhões com ajuda humanitária passavam — e informaram que cerca de 90 palestinos feridos e 545 estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade estavam elegíveis para sair. Estavam na lista pessoas de 12 países — o Brasil não foi incluído nesta primeira leva.

A negociação para a retirada foi concluída na terça-feira à noite entre Israel, Egito — que controlam os acessos a Gaza — EUA, Turquia , Catar e o Hamas. Algumas famílias foram separadas porque nem todos os membros tinham passaporte estrangeiro para poderem deixar Gaza.

— É difícil, mas ela tem de ir — disse Nadia Salah, de 53 anos, que foi acompanhar a filha, Lama Eldin, de 30, que nasceu na Bulgária quando a família morava lá e tem cidadania do país, enquanto o resto dos parentes não tem.

O Egito enviou os feridos para o Hospital Geral de el-Arish, a cidade mais importante no vizinho Sinai. A televisão estatal egípcia al-Qahera mostrou pacientes em macas sendo transportados pelos corredores do hospital.

Reféns mortos em ataque

Entre os que foram autorizados a deixar Gaza estavam todos os 22 membros da equipe internacional da Médicos Sem Fronteiras (MSF), de acordo com a organização humanitária. Em comunicado, a MSF disse que uma nova equipe de funcionários internacionais, incluindo médicos especializados, estava pronta para entrar em Gaza “assim que a situação permitir”, mas acrescentou que 300 funcionários palestinos e suas famílias continuavam presos retidos no território.

“Aqueles que desejam deixar Gaza devem ter permissão para fazê-lo sem mais demora”, cobrou a organização.

Por sua vez, a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) afirmou que suas equipes vão permanecer “junto aos palestinos” no enclave, apesar da guerra. Na semana passada, a UNRWA anunciou, pela primeira vez em mais de 70 anos, que precisaria interromper seu trabalho humanitário em Gaza, devido à escassez de combustível provocada pelo “cerco total” decretado por Israel após os ataques terroristas do Hamas, que deixaram cerca de 1.400 mortos no país em 7 de outubro.

— Minha mensagem firme, minha mensagem clara a todo o pessoal e aos moradores de Gaza é que a UNRWA permanecerá junto aos refugiados palestinos e aos palestinos aqui em Gaza — declarou o chefe da agência, Philippe Lazzarini.

Por sua vez, o subsecretário-geral da ONU, Martin Griffiths, apelou por uma “mudança radical” na situação em Gaza com o estabelecimento de uma pausa dos combates para permitir a libertação imediata dos reféns em poder do Hamas e de outros grupos extremistas palestinos e também o aumento da entrada de ajuda humanitária, como água, medicamentos, combustíveis e comida.

— A incapacidade de atuar agora terá consequências para além da região, porque esta é uma crise global — afirmou Griffiths, após visita a Israel e à Cisjordânia.

Israel aumentou ontem para 240 o número de reféns levados para Gaza, mas o Hamas informou que sete foram mortos nos ataques israelenses de terça-feira ao campo de refugiados de Jabaliya, quando morreram dezenas de pessoas e um comandante do grupo terrorista. Entre as vítimas, segundo um comunicado no Telegram, estariam três pessoas “titulares de passaportes estrangeiros”. Em uma mensagem de vídeo gravada, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os reféns estão submetidos “à mesma morte e destruição” que a população de Gaza.

A ajuda humanitária está entrando em níveis bem inferiores ao mínimo necessário estabelecido pela ONU, de 100 caminhões por dia. Ontem, apenas 51 entraram, segundo o porta-voz do posto de Rafah. E nenhum levava combustível, proibido por Israel. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que 16 dos 35 hospitais do território estão com as atividades interrompidas por falta de combustível para alimentar os geradores ou danos causados pelos bombardeios.

Uma das unidades é o Hospital da Amizade Turco-palestino, o único para o tratamento de câncer na região. De acordo com a autoridade, a suspensão das operações ocorreu depois de bombardeios feitos por Israel na segunda-feira, e deixou 70 pacientes em uma “situação crítica”.

11 mil alvos atacados

Exército de Israel afirma ter atingido mais de 11 mil alvos na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, e ontem disse que 16 soldados morreram na terça-feira e ontem no território, invadido por terra na sexta-feira passada após três semanas de pesados bombardeios.

— Não há combate sem um preço doloroso — afirmou Tzachi Hanegbi, conselheiro de Segurança Nacional de Israel, à imprensa em Tel Aviv, acrescentando que a campanha militar em Gaza “é difícil”.

As forças israelenses fizeram ontem novo ataque ao campo de refugiados de Jabaliya, o maior de Gaza com 116 mil habitantes, segundo o jornal Haaretz.

Blindado israelense cruza uma estrada perto de Gaza: forças lutam em terra desde sexta-feira — Foto: Menahem KAHANA /AFP
Blindado israelense cruza uma estrada perto de Gaza: forças lutam em terra desde sexta-feira — Foto: Menahem KAHANA /AFP

Navios israelenses

Em outra frente, navios de guerra israelenses com mísseis chegaram ao Mar Vermelho. A medida foi tomada após a milícia xiita houthi, que governa o norte do Iêmen e é aliada do Irã, ter reivindicado um ataque com mísseis balísticos e um “grande número de drones” contra a cidade turística de Eilat, no sul de Israel. A ação seria em resposta ao bombardeio israelense na Faixa de Gaza.

Os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã, publicaram o primeiro vídeo mostrando lançamentos de mísseis e drones do Iêmen em direção a alvos em Israel. Segundo o jornal israelense Times of Israel, alguns dos projéteis foram interceptados por sistemas de defesa aérea e caças de Israel. Um dos mísseis atingiu o deserto jordaniano.

A Jordânia, por sua vez, ordenou ontem a retirada imediata do seu embaixador em Israel, como forma de protesto contra o bombardeio de Gaza.

“O ministro das Relações Exteriores jordaniano, Ayman Safadi, decidiu retirar imediatamente o embaixador da Jordânia em Israel”, afirmou a pasta em um comunicado, acrescentando que a medida foi tomada “para condenar a guerra israelense que está matando pessoas inocentes em Gaza”. Safadi também ordenou que o embaixador de Israel em Amã, que já havia deixado o país, não retornasse.

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