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Por — Brasília

O Reino Unido quer apoiar o Brasil em sua busca pela liderança na agenda mundial e discute novas parcerias com o governo brasileiro nas áreas diplomática e militar, afirmou ao GLOBO o ministro das Forças Armadas britânico, James Heappey.

Durante dois dias, Heappey esteve com os três comandantes militares e sua contraparte em Brasília, o ministro da Defesa, José Múcio. Ele elogiou a atuação do Brasil na presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, função que foi assumida pela China nesta quarta-feira.

O militar defendeu o aumento do número de membros permanentes no colegiado — o Brasil é um dos candidatos ao posto — e afirmou que o órgão ainda não aprovou uma resolução sobre o conflito entre Israel e o Hamas, porque o Reino Unido, os Estados Unidos e outros países querem que o texto reconheça que os israelenses têm o direito de se defender dos ataques de 7 de outubro e destruir o grupo palestino.

Ele afirmou que a ONU precisa passar por uma reforma e aumentar os membros permanentes do seu Conselho de Segurança para se manter relevante.

Leia a entrevista:

Por que é tão difícil para o Conselho de Segurança da ONU aprovar um texto sobre o conflito entre Israel e Hamas, que começou no dia 7 de outubro?

Porque há visões muito antagônicas do que seria a forma correta de avançar na questão. É um tributo ao Brasil, como presidente do Conselho, de que tanto progresso já foi feito até o momento. E penso que há consenso de quais seriam os resultados a longo prazo. Podemos ter uma solução dos dois Estados (o de Israel e o da Palestina), que é a única viável. Mas eu considero que há uma diferença de opinião, que é uma diferença legítima, sobre o direito de Israel se defender, buscando destruir o Hamas como uma entidade. O que aconteceu três sábados atrás não pode acontecer de novo. Quando chamamos para um cessar fogo humanitário, temos de lembrar que o Hamas busca se esconder entre a população civil, e isso é brutal.

Existem manifestações no mundo inteiro alertando para o que está acontecendo na Faixa de Gaza, em que milhões de civis que sequer apoiam ou são do Hamas estão sendo duramente atingidos pela reação de Israel.

Eu não sei como é que esses protestos estão em outras partes do mundo, mas sei como estão em Londres. Vejo não somente um protesto sobre a resposta israelense. Vejo protestos em Londres que, muitas vezes, apoiam e celebram o Hamas. Não é só simpatia ao povo palestino, em relação ao que está acontecendo em Gaza. Muitos defendem a destruição do Estado israelense.

Como o Reino Unido avalia a presidência brasileira no Conselho de Segurança?

Existe, definitivamente, um desafio para as Nações Unidas se manterem relevantes no coração de uma ordem baseada em regras. A ONU serviu, nos últimos 75 anos, muito bem ao mundo, mas existem outros países que querem minar essa estrutura baseada em regras globais e não querem saber das Nações Unidas. E nós temos de peitá-los. Mas há países, como o Brasil, que têm uma voz poderosa. O Brasil acredita absolutamente nas Nações Unidas, nessa ordem baseada em regras globais, mas pede uma reforma das instituições da ONU. E o Reino Unido apoia o Brasil nisso. Nós concordamos que, se as Nações Unidas têm de se manter relevantes e ser uma ordem global baseada em regras, têm que passar por uma reforma e aumentar o número de membros permanentes do Conselho de segurança.

Ou seja, o mundo mudou, mas as Nações Unidas continuam como quando foram criadas?

A política global é diferente, o poder da tecnologia, para o bem ou mal, a forma como governamos os fóruns comuns, como eles vão atuar, mas também o espaço sideral, a internet, a forma com que tentamos coletivamente reagir às oportunidades e aos incríveis perigos da inteligência artificial. São tantas coisas que essa ordem baseada em regras precisa se adaptar, para entender e gerenciar. Esse parece ser um bom momento para uma reforma, em que a situação geopolítica está mais tensa nos últimos trinta anos, ou mais. O sistema está sob estresse e está sendo desafiado. O Brasil, na presidência do G-20 ano que vem, tem essa possibilidade de liderar essa agenda e o Reino Unido quer apoiá-lo.

Como o senhor vê as relações entre Brasil e Reino Unido daqui a algumas décadas?

Reino Unido e o Brasil têm sido amigos por centenas de anos. Temos uma história comum, especialmente no meio militar. E o que eu realmente gostaria de ver, ao longo dos próximos vinte anos, é o Reino Unido apoiando o Brasil em sua intenção de ser o poder no Sul do Atlântico, em ascensão como uma força econômica e diplomática, e trabalhar com o Brasil nessa jornada de reforçar as relações bilaterais em benefício mútuo.

Como foi sua visita ao Brasil?

Foi fantástica. Tivemos uma série de boas reuniões, com o ministro da Defesa e os comandantes do Exército, da Força Aérea e da Marinha. São dois países grandes no mundo e é incrível que não haja mais comércio, que não compartilhemos tecnologia, não tenhamos conexões mais fortes entre os nossos militares.

Em que áreas Brasil e Reino Unido podem trabalhar em conjunto?

Todas. Muitas coisas podem ser feitas agora, com as capacidades que já temos. Temos uma visão comum sobre a ordem global. Não precisamos fazer só diplomacia. Temos a possibilidade de desenvolver capacidades marítimas juntos, aviação militar e sistemas para as nossas forças terrestres.

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