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Por Renato Vasconcelos — São Paulo

Outrora celebrado no Kremlin pelo importante papel da ofensiva russa na Ucrânia, Yevgeny Prigojin era um homem com o destino marcado desde junho deste ano, quando decidiu por seu prestígio à prova e desafiar o comando militar em Moscou com uma rebelião de mercenários. Embora esteja listado como um dos passageiros de um avião que caiu sem deixar sobreviventes, nesta quarta-feira, em um caso sem aparente relação com o governo russo, não eram poucos os analistas que davam como certa a eliminação do líder do Grupo Wagner.

A ascensão de Prigojin, de ex-presidiário na União Soviética a líder do braço paramilitar mais importante da Rússia, certamente demorou mais do que sua queda. Embora suas discordâncias com a elite militar russa — especialmente com os generais Serguei Shoigu, atual ministro da Defesa, e Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior — muitas vezes tenha se tornado pública, ela serviu até mesmo para influenciar a decisão de seu ex-amigo, Vladimir Putin, sobre a cadeia de comando de suas tropas.

Foi por influência de Prigojin que o general Sergei Surovikin, um velho conhecido do Grupo Wagner na Síria, onde conquistou a alcunha de "General Armagedon", foi indicado ao cargo máximo das Forças Armadas durante a guerra, sendo substituído posteriormente.

Durante a guerra, Prigojin aumentou sua popularidade e seu poder de barganha com uma atitude que, a muitas vistas, poderia parecer suicida, de confronto direto às autoridades russas. O papel no campo de batalha, contudo, garantia-lhe a paciência, e por vezes a aquiescência, do Kremlin, principalmente por fazer os trabalhos mais indesejáveis.

Soldados ligados ao Wagner mostram bandeiras russa e do grupo em Bakhmut. — Foto: AFP Photo/Telegram channel of Concord group
Soldados ligados ao Wagner mostram bandeiras russa e do grupo em Bakhmut. — Foto: AFP Photo/Telegram channel of Concord group

Mas tudo ruiu em poucas horas. Por motivos ainda desconhecidos, Prigojin ordenou que seus homens, que há pouco haviam conquistado seu objetivo mais difícil na guerra na Ucrânia até então (a tomada de Bakhmut, em uma das batalhas mais sangrentas da Europa), marchassem contra Moscou para depor Shoigu e Gerasimov, que seriam responsáveis por desmandos e fracassos na linha de frente. Talvez tenha pensado que Putin aceitaria o gesto mais firme de contestação — mas aquilo não era como cobrar o Estado russo por armas e munição em vídeos e publicações no Telegram.

Quando a coluna mercenária já havia tomado a cidade de Rostov-no-Don, perto da fronteira, e estava a cerca de 200 Km da capital russa, Prigojin ordenou que eles recuassem. Sem nenhum levante massivo dentro das tropas russas, o choque provavelmente resultaria em um banho de sangue (que Putin e Prigojin disseram querer evitar). Um tratado foi costurado pelo presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, que disse à época ter convencido Putin a não matar Prigojin.

Como foi o avanço do Grupo Wagner na Rússia — Foto: Arte/O GLOBO
Como foi o avanço do Grupo Wagner na Rússia — Foto: Arte/O GLOBO

Os termos do tal acordo sempre foram vagos. Em linhas-gerais, garantiriam aos homens amotinados do Wagner e seu líder uma espécie de salvo-conduto para irem à Bielorrússia sem sofrerem perseguição do Kremlin. Uma base chegou a ser montada e ocupada por vários desses homens. Não se tem notícia, porém, de que Prigojin tenha sequer pisado em Minsk ou qualquer outra cidade do país.

Em sua última "aparição pública" (por meio de vídeo), na terça-feira, Prigojin dizia estar no continente africano. Armado com o fuzil e próximo a outros homens armados, ele se dizia comprometido a tornar a África "mais livre" — um objetivo curioso, uma vez que seu grupo mercenário serviu à projeção dos interesses russos no continente ao longo dos anos, principalmente em países em crise democrática, como Líbia, Sudão, República Centro-Africana e Mali.

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