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Por Nick Corasaniti e Trip Gabriel, The New York Times

Enquanto os advogados do ex-presidente americano Donald Trump elaboram os argumentos legais da estratégia contra múltiplas acusações nos tribunais, o magnata optou por uma tática antiga de defesa política: o martírio. “Estou sendo denunciado por causa de vocês”, repete.

Em discursos, nas mídias sociais e peças de propagandas, Trump tem declarado à exaustão que os processos judiciais são uma caça às bruxas política e se apresentado como um mártir que vem sendo atacado por democratas e pelo governo em nome do povo.

— Eles querem tirar minha liberdade porque eu não vou nunca deixá-los tirar a sua liberdade — Trump disse aos apoiadores em um evento de campanha em New Hampshire, na terça-feira. — Querem me silenciar porque eu nunca vou deixá-los silenciar vocês.

Em duas campanhas anteriores (2016 e 2020), o ex-presidente se apresentou aos eleitores como um candidato rebelde, que entendia as suas reclamações e prometeu lutar por eles. Agora, no entanto, ele está fazendo a disputa de 2024 ser sobre as suas próprias queixas — tentando convencer seus apoiadores a se verem nele.

Ele continua a defender, falsamente, que a eleição de 2020 foi roubada, e a promover a ideia de que os eleitores também foram lesados. Também repete à sua base que o tipo de ameaça legal que ele enfrenta, com múltiplas denúncias, pode ser imputado a eles. Há provas de que a mensagem está repercutindo.

Lorraine Rudd, que esteve em New Hampshire durante o evento do ex-presidente, disse que, após a terceira denúncia contra Trump, na semana passada — com um documento de 445 páginas apontando, ponto a ponto, os esforços do então ocupante da Casa Branca de anular as eleições de 2020 — ela sentiu que também poderia ser erroneamente processada legalmente.

— Se eles podem fazer isso com ele e derrubá-lo, eles também podem se voltar contra mim — disse a moradora de Massachusetts, de 64 anos.

Ela disse que concorda fortemente com a alegação falsa do ex-presidente de que ele foi o vencedor da eleição de 2020.

— E agora, eu sou a próxima? Pergunta.

O movimento de se apresentar como vítima do sistema de justiça criminal — ecoando temas ligados à investigação sobre a influência russa na campanha de 2016 e do seu primeiro impeachment (que não resultou em interrupção do mandato) — serviu para consolidar o apoio de republicanos em torno dele.

Desde a primeira denúncia contra ele em Nova York, em março, por acusações ligadas ao suborno a uma atriz pornô, os eleitores republicanos têm impulsionado Trump nas pesquisas. Parlamentares do partido vem apoiando investigações sobre o que chamam de uso do sistema legal federal como arma política. E muitos rivais do ex-presidente na disputa pela candidatura republicana em 2024 repetiram a sua promessa de demitir o diretor do FBI (a Polícia Federal americana) e acabar com a tradicional independência do Departamento de Justiça em relação à Casa Branca.

Em uma pesquisa do New York Times e do Siena College divulgada na semana passada, antes da última denúncia contra Trump, 71% dos eleitores republicanos disseram que ele não cometeu crimes federais graves e que os republicanos precisam apoiá-lo.

O ex-deputado republicano Will Hurd — um dos rivais de Trump na disputa pela candidatura à Presidência no ano que vem, mas com poucas chances na disputa — foi vaiado em um evento do partido quando alegou que o ex-presidente estava concorrendo não para representar as pessoas que o apoiaram em 2016 ou 2020, mas para ficar fora da prisão.

Em declarações públicas, os advogados de Trump indicaram que vão construir um argumento em torno do direito à liberdade de expressão para defendê-lo no caso relacionado à eleição de 2020. Eles já argumentaram que qualquer coisa que o ex-presidente tenha dito antes do dia 6 de janeiro de 2021 (quando ocorreu a invasão do Congresso americano por apoiadores dele) eram apenas pedidos sem maiores aspirações.

Isso inclui mentir sobre fraude disseminada aos eleitores, pressionar o então vice-presidente Mike Pence para ignorar a Constituição e pedir a um secretário do estado da Geórgia para “encontrar” votos adicionais suficientes para ajudá-lo a vencer no estado.

O ex-presidente e seus aliados na mídia conservadora e no Congresso estão simultaneamente travando uma batalha pela opinião pública ao acusar o filho do presidente americano, Joe Biden, Hunter Biden, de má conduta em negociações empresariais e tentar ligar o próprio presidente a ausações de práticas duvidosas quando era vice-presidente. Investigações conduzidas por deputados republicanos não encontraram nenhuma prova contra o presidente americano, mas o movimento ajudou a convencer muitos republicanos de que os processos contra Trump são parte de uma conspiração para desviar a atenção sobre Biden e sua família.

Com Trump dominando todas as pesquisas para as primárias republicanas, alguns rivais dentro do partido têm sido mais diretos recentemente em desafiá-lo sobre a questão da eleição de 2020.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, disse esta semana que “é claro” que Trump perdeu a reeleição, na declaração mais explicita dele até hoje sobre uma realidade da qual se esquivou por três anos. O ex-vice-presidente Mike Pence, que poderá ser uma testemunha crucial em um julgamento sobre os atos de 6 de janeiro, disse que Trump o pressionou a essencialmente anular a eleição.

A cerca de uma hora de viagem, a noroeste do local do comício de Trump na noite de terça-feira, o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie zombou das declarações do ex-presidente.

— Enquanto estou andando pela Ucrânia, ele está entrando em um tribunal em Washington para nos dizer que está sendo denunciado por nossa causa. Por nós! Como temos sorte! De termos um líder tão altruísta e magnânimo — disse Christie, provocando risos e alguns aplausos.

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