Na quarta-feira, pouco depois das 3h da madrugada, sirenes soaram na cidade de Sderot, sul de Israel. No começo da manhã, o mesmo som, que avisa quando foguetes de países vizinhos são lançados contra o país, ecoou pelas ruas de Mabu’im, também no entorno da Faixa de Gaza. Os ataques do Hamas a partir de Gaza são comuns. O que assustou os israelenses foi a tarde de quarta-feira, quando o som, que lembra o barulho de uma ambulância lenta e abafada, disparou na Galileia, norte do país, fronteira com o Líbano.
Os foguetes eram uma resposta de grupos palestinos às incursões da polícia de Israel contra o complexo da Mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, nesta semana, quando 350 palestinos foram presos em meio às celebrações do mês do Ramadã. Apenas na Galileia, foram 34 foguetes em meia hora, maior número desde 2006, na última guerra contra o grupo xiita libanês Hezbollah. A possibilidade de um novo conflito lançou israelenses a refletirem sobre o efeito das profundas divisões internas que marcam o atual momento político do país, efeitos que vão desde ameaças à segurança nacional quanto ao frágil equilíbrio regional.
A tensão se elevou nos últimos dias. Na sexta-feira, atentados na Cisjordânia e em Tel Aviv deixaram três mortos e cinco feridos. Ontem, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, convocou militares para reforçar a segurança nas ruas, em meio a protestos, pelo décimo quarto fim de semana consecutivo, contra a reforma do Judiciário proposta pelo governo. O Exército de Israel confirmou que três foguetes foram disparados contra o país da Síria, sem causar danos.
A fratura exposta na sociedade israelense é grave, causada pela proposta de reforma do Judiciário do premier Benjamin Netanyahu, embalada pela coalizão mais à direita da História de Israel, com dois ministros extremistas em postos-chave. Com ela, Netanyahu e seus aliados pretendem emparedar a Suprema Corte, dando ao Parlamento o direito de derrubar sentenças do tribunal, e dar maior controle ao governo sobre nomeações de juízes. Sentindo que a democracia no país está ameaçada, desde o início do ano, os críticos da reforma vêm tomando as ruas em protestos que reúnem dezenas de milhares de pessoas, com adesão de setores importantes da sociedade, como o de alta tecnologia, reservistas da Força Aérea que se recusam a treinar, sindicatos e até membros do governo, como o ministro da Defesa, Yoav Gallant.
— Esse processo [de instabilidade interna] pode enfraquecer a coesão da sociedade israelense e diminuir sua capacidade de reagir a desafios — avalia o professor da Universidade de Tel Aviv Eran Lerman, que integrou o Conselho de Segurança Nacional de Netanyahu entre 2009 e 2016. — Igualmente perigoso é o fato de que também pode instigar nossos inimigos a pensar que estamos tão enfraquecidos internamente que eles podem assumir riscos, o que iria minar uma parte muito importante da nossa estratégia nacional, que é a dissuasão.
Os inimigos a que o professor se refere são os vizinhos Irã e Síria, assim como grupos paraestatais regionais que atuam nesses países ou são por eles apoiados: Hezbollah, Hamas e Jihad Islâmica.
A ameaça à estabilidade vai além da preocupação com países inimigos. A Jordânia, em paz com Israel desde 1994, se vê pressionada pelas políticas de membros radicais do governo israelense a favor de colonos judeus contra palestinos na Cisjordânia, já que o país tem a custódia do complexo da Mesquita de al-Aqsa.
Até EUA criticaram
Netanyahu visitou o vizinho logo no início do seu governo para tentar acalmar as tensões. Em fevereiro e março, encontrou-se novamente com líderes do país e do Egito, dos Estados Unidos e representantes palestinos, porém especialistas apontam a incongruência entre um primeiro-ministro que quer apagar incêndios enquanto seus aliados da extrema direita tentam inflamá-los.
— A composição do governo que levou à reforma do Judiciário é a mesma que levou a tensões de segurança. O fato de termos ministros de extrema direita em posições no governo, lidando com a segurança nacional, em temas relacionados a assentamentos, cria tensões com os palestinos. As mesmas pessoas estão impactando temas domésticos e a questão com os palestinos — diz Nimrod Goren, do Instituto do Oriente Médio.
O professor afirma que, antes mesmo de Joe Biden criticar a proposta da reforma do Judiciário de Netanyahu, o presidente americano já estava engajado em iniciativas voltadas para a segurança regional. Nimrod lembra outras iniciativas de promoção de estabilidade regional abandonadas pelo governo.
— Um dos pilares da estabilidade regional foi o Fórum do Negev, um mecanismo que pôs EUA, Israel, Egito, Emirados Árabes, Bahrein e Marrocos para discutir vários aspectos da cooperação regional. A cúpula deveria ter sido em março, mas foi adiada sem a marcação de nova data. A capacidade deste governo de levar adiante a cooperação em questões de segurança que acontecia antes não está acontecendo mais.
Nimrod acredita que o aumento da tensão com os EUA, países europeus e a desaceleração da cooperação com alguns países árabes também afetam o posicionamento internacional de Israel.
— Quando se juntam os tumultos internos à situação com o ministro da Defesa, isso reflete fraqueza, e essa fraqueza aliada a políticas extremistas é um manual para o escalonamento da violência — disse ele, referindo-se ao episódio em que Netanyahu demitiu o ministro Yoav Gallant por suas críticas à reforma do Judiciário, mas voltou atrás.
Veja fotos da trajetória de Benjamin Netanyahu
![O líder de direita Benjamin Netanyahu se encontra com jovens ortodoxos durante campanha em Bene Beraq, em maio de 1996, durante campanha eleitoral. Natanyahu se tornou líder do Likud em 1993 e, em 1996, tornou-se o mais jovem primeiro-ministro da história de Israel, exercendo o cargo, pela primeira vez, até 1999. — Foto: Arquivo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/-rcnbHcsWmBTaRK5qkjFMe45mYA=/0x0:1265x760/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/G/A/iad9MGTEAOsArZDxyidg/benjamin-netanyahu.jpg)
![O líder de direita Benjamin Netanyahu se encontra com jovens ortodoxos durante campanha em Bene Beraq, em maio de 1996, durante campanha eleitoral. Natanyahu se tornou líder do Likud em 1993 e, em 1996, tornou-se o mais jovem primeiro-ministro da história de Israel, exercendo o cargo, pela primeira vez, até 1999. — Foto: Arquivo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/o8DCJxWyiCpY0c73AyNN4B97A7Q=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/G/A/iad9MGTEAOsArZDxyidg/benjamin-netanyahu.jpg)
O líder de direita Benjamin Netanyahu se encontra com jovens ortodoxos durante campanha em Bene Beraq, em maio de 1996, durante campanha eleitoral. Natanyahu se tornou líder do Likud em 1993 e, em 1996, tornou-se o mais jovem primeiro-ministro da história de Israel, exercendo o cargo, pela primeira vez, até 1999. — Foto: Arquivo
![Netanyahu, em 2 de junho de 1996, discursa para uma multidão em Jerusalém após ser eleito primeiro-ministro. — Foto: Arquivo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/TfwSJmWbXx3gK3yj5Yb61tZs32Q=/0x0:1265x760/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/6/B/3UsRUrTZC13JqocGrpDw/benjamin-netanyahu-1-.jpg)
![Netanyahu, em 2 de junho de 1996, discursa para uma multidão em Jerusalém após ser eleito primeiro-ministro. — Foto: Arquivo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/A1j-289B9-2ZIeBAmeK5z-Y70qI=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/6/B/3UsRUrTZC13JqocGrpDw/benjamin-netanyahu-1-.jpg)
Netanyahu, em 2 de junho de 1996, discursa para uma multidão em Jerusalém após ser eleito primeiro-ministro. — Foto: Arquivo
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![Encontro entre primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Yasser Arafat, em fevereiro de 1997, em Davos, durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial. — Foto: Avi Ohayon / Reuters](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/yt9Patf6rIWwposvL6sqcNNaNiM=/0x0:1265x760/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/l/H/Y6ZTh0QGyyAo5txEBvEA/benjamin-netanyahu-2-.jpg)
![Encontro entre primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Yasser Arafat, em fevereiro de 1997, em Davos, durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial. — Foto: Avi Ohayon / Reuters](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/xG5i3eKSDL37DeTO3LOrm8FhvTU=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/l/H/Y6ZTh0QGyyAo5txEBvEA/benjamin-netanyahu-2-.jpg)
Encontro entre primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Yasser Arafat, em fevereiro de 1997, em Davos, durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial. — Foto: Avi Ohayon / Reuters
![Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, em janeiro de 1998, no Salão Oval da Casa Branca. — Foto: Rick Wilking / Reuters](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Kwr12aNXdYZjoC3M3Nl9BBINs2Y=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/f/D/f64PN2RQqKkhXymAxECw/benjamin-netanyahu-3-.jpg)
Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, em janeiro de 1998, no Salão Oval da Casa Branca. — Foto: Rick Wilking / Reuters
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![Benjamin Netanyahu se encontra com Yasser Arafat durante as negociações de paz no Oriente Médio, em 1998. — Foto: Foto: Barbara Kinney / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/3X-JxsMpwHAal8Xo8GeIpYabYy4=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/B/M/tFdWF0Tgy7mp3SKJdK0A/benjamin-netanyahu-4-.jpg)
Benjamin Netanyahu se encontra com Yasser Arafat durante as negociações de paz no Oriente Médio, em 1998. — Foto: Foto: Barbara Kinney / AFP
![Netanyahu é abençoado pelo rabino Yehoshua Katz em sua chegada a um assentamento judeu na Cisjordânia, em março de 1998. — Foto: David Silverman / Reuters](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Szn6imC-QkESdKYB-AO0uQUwMWc=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/M/c/NcIzc4R2m1kYOMGOZZTg/benjamin-netanyahu-5-.jpg)
Netanyahu é abençoado pelo rabino Yehoshua Katz em sua chegada a um assentamento judeu na Cisjordânia, em março de 1998. — Foto: David Silverman / Reuters
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![O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao lado de sua esposa, Sarah, depois de reconhecer a derrota para o líder do Partido Trabalhista Ehud Barak, em Tel Aviv, em maio de 1999. — Foto: Ruth Fremson](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/1PZ31oC3SHSQp1VZuPezwGJqzjs=/450x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/c/2/6bqqMARFONS22AevJQmw/benjamin-netanyahu-6-.jpg)
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao lado de sua esposa, Sarah, depois de reconhecer a derrota para o líder do Partido Trabalhista Ehud Barak, em Tel Aviv, em maio de 1999. — Foto: Ruth Fremson
![O ex-primeiro-ministro durante coletiva de imprensa em 2002, quando anunciou seu retorno ao cenário político no governo de Ariel Sharon. — Foto: Sebastian Scheiner / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/PwpNceY9PV8EYoyZZpLNOeZH0TM=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/B/g/nR1BTaQE6OLPjmpWaSAw/benjamin-netanyahu-7-.jpg)
O ex-primeiro-ministro durante coletiva de imprensa em 2002, quando anunciou seu retorno ao cenário político no governo de Ariel Sharon. — Foto: Sebastian Scheiner / AFP
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![O líder do partido Likud de Israel e ex-primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, vota nas primárias do partido em Tel Aviv, em janeiro de 2006. Netanyahu reassumiu a liderança do partido em dezembro de 2005, quando Sharon deixou a legenda para fundar o Kadima. — Foto: Ariel Schalit /](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/1fi-pjJ-eYFrOilrFezgkQUnp0s=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/C/a/oVJHB2RhSQOUCjPWItXg/benjamin-netanyahu-8-.jpg)
O líder do partido Likud de Israel e ex-primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, vota nas primárias do partido em Tel Aviv, em janeiro de 2006. Netanyahu reassumiu a liderança do partido em dezembro de 2005, quando Sharon deixou a legenda para fundar o Kadima. — Foto: Ariel Schalit /
![Eleito novamente em fevereiro de 2009, Netanyahu se encontra com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, em março do mesmo ano. — Foto: RONEN ZVULUN / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/P7G05hDuG9ogD87ObXqkRxJkJUA=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/K/B/D4SZBQSp6a7v1cr8izAA/benjamin-netanyahu-9-.jpg)
Eleito novamente em fevereiro de 2009, Netanyahu se encontra com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, em março do mesmo ano. — Foto: RONEN ZVULUN / AFP
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![O presidente dos EUA, Barack Obama, se encontra com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, em 20 de maio de 2011. — Foto: JIM YOUNG / Reuters](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/ZfPEpHa6Vq0MCcZgUZ_gyDx97JA=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/F/H/2qge1STaynkzU0xdqp5A/benjamin-netanyahu-10-.jpg)
O presidente dos EUA, Barack Obama, se encontra com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, em 20 de maio de 2011. — Foto: JIM YOUNG / Reuters
![O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, coloca uma nota no Muro das Lamentações, na Cidade Velha de Jerusalém, depois de votar nas eleições parlamentares em 22 de janeiro de 2013. — Foto: POOL](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/QJtYB6HfG7VuHHe7V6FIBt2Cs30=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/9/R/xBpkBySlinBC4qB0h3gg/benjamin-netanyahu-11-.jpg)
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, coloca uma nota no Muro das Lamentações, na Cidade Velha de Jerusalém, depois de votar nas eleições parlamentares em 22 de janeiro de 2013. — Foto: POOL
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![O Papa Francisco caminha ao lado do presidente israelense, Shimon Peres (esquerda), e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante uma cerimônia de boas-vindas ao chegar ao aeroporto Ben Gurion, em maio de 2014, perto de Tel Aviv — Foto: DAVID BUIMOVITCH / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/2hi6cxSMx42wF40dPiSFq3aQW3I=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/2/T/wAf2HBTVaxF7233vyuVg/benjamin-netanyahu-23-.jpg)
O Papa Francisco caminha ao lado do presidente israelense, Shimon Peres (esquerda), e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante uma cerimônia de boas-vindas ao chegar ao aeroporto Ben Gurion, em maio de 2014, perto de Tel Aviv — Foto: DAVID BUIMOVITCH / AFP
![O presidente francês, François Hollande, cercado por chefes de Estado, incluindo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, caminha pelas ruas de Paris. No dia 11 de janeiro de 2015, cidadãos franceses se juntaram a dezenas de líderes estrangeiros, entre eles representantes árabes e muçulmanos, em uma marcha em homenagem às vítimas do atentado a tiros contra o jornal satírico Charlie Hebdo — Foto: PHILIPPE WOJAZER / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/kDXxE_qUmtjL1MLmOuryziT78AQ=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/Y/S/UgQp3gQpGg9dGr3B4eOw/benjamin-netanyahu-12-.jpg)
O presidente francês, François Hollande, cercado por chefes de Estado, incluindo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, caminha pelas ruas de Paris. No dia 11 de janeiro de 2015, cidadãos franceses se juntaram a dezenas de líderes estrangeiros, entre eles representantes árabes e muçulmanos, em uma marcha em homenagem às vítimas do atentado a tiros contra o jornal satírico Charlie Hebdo — Foto: PHILIPPE WOJAZER / AFP
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![O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apertam as mãos após discurso no Museu de Israel, em Jerusalém, em maio de 2017. — Foto: RONEN ZVULUN / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/ZiE_WAygh-PmJUw7aRLFXHrvOYE=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/5/Q/YvkdoqSJatPPhpd7epLg/benjamin-netanyahu-13-.jpg)
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apertam as mãos após discurso no Museu de Israel, em Jerusalém, em maio de 2017. — Foto: RONEN ZVULUN / REUTERS
![O presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após declaração conjunta no Palácio do Eliseu, em Paris, em julho de 2017 — Foto: STEPHANE MAHE / Reuters](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/vNtD0rQRmcU4tLS0nLfdYJcJCE0=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/T/g/Bne32dR7qLq3wB78Yoow/benjamin-netanyahu-14-.jpg)
O presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após declaração conjunta no Palácio do Eliseu, em Paris, em julho de 2017 — Foto: STEPHANE MAHE / Reuters
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![O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tocam o Muro das Lamentações, o local mais sagrado onde os judeus podem orar, na Cidade Velha de Jerusalém, em 1º de abril de 2019. — Foto: MENAHEM KAHANA](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Qowv6kjytc8QUt3QWwGv72F5aFQ=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/5/Z/ImGPOnTwSb5OtO6As8nQ/benjamin-netanyahu-15-.jpg)
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tocam o Muro das Lamentações, o local mais sagrado onde os judeus podem orar, na Cidade Velha de Jerusalém, em 1º de abril de 2019. — Foto: MENAHEM KAHANA
![Netanyahu cumprimenta apoiadores na sede do Likud, em Tel Aviv, na noite de eleição, no dia 10 de abril de 2019. — Foto: Thomas Coex / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/m67EQBQzdtp2g78vGku0-7oH8kg=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/m/O/QBrIGAQGemUfLtxn0BoA/benjamin-netanyahu-16-.jpg)
Netanyahu cumprimenta apoiadores na sede do Likud, em Tel Aviv, na noite de eleição, no dia 10 de abril de 2019. — Foto: Thomas Coex / AFP
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![Netanyahu recebe estudantes durante uma cerimônia de abertura do ano letivo no assentamento judaico de Elkana, na Cisjordânia ocupada por Israel, em 1º de setembro de 2019 — Foto: AMIR COHEN / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/0RC-oT4ipKW6yU0xyF8LwCiTZoU=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/4/e/FBQ58iQDqXqus529JWqw/benjamin-netanyahu-17-.jpg)
Netanyahu recebe estudantes durante uma cerimônia de abertura do ano letivo no assentamento judaico de Elkana, na Cisjordânia ocupada por Israel, em 1º de setembro de 2019 — Foto: AMIR COHEN / REUTERS
![O primeiro-ministro israelense em visita ao assentamento judaico de Elkana, na Cisjordânia. — Foto: AMIR COHEN / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/KRNgITnkUj0qQBpPmWIivj79nQQ=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/c/j/VUKOY7RmKAlmzdPPGESQ/benjamin-netanyahu-18-.jpg)
O primeiro-ministro israelense em visita ao assentamento judaico de Elkana, na Cisjordânia. — Foto: AMIR COHEN / REUTERS
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![Netanyahu e sua esposa, Sara, que toca a parede externa da Caverna dos Patriarcas, um local sagrado para judeus e muçulmanos, durante uma cerimônia em Hebron, na Cisjordânia ocupada por Israel, em setembro de 2019. — Foto: POOL / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/8CN_AfL4Vi7BZL47mdOjWXQ9eIk=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/6/p/qmEzj6R8SuTRyidP0Aeg/benjamin-netanyahu-19-.jpg)
Netanyahu e sua esposa, Sara, que toca a parede externa da Caverna dos Patriarcas, um local sagrado para judeus e muçulmanos, durante uma cerimônia em Hebron, na Cisjordânia ocupada por Israel, em setembro de 2019. — Foto: POOL / REUTERS
![Benjamin Netanyahu durante declaração em Ramat Gan, perto de Tel Aviv, 10 de setembro de 2019. — Foto: MENAHEM KAHANA / AFP](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/wyM54EQtR3wKKyXV-SywE6vipY4=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/j/8/bqa0SbQCu2CwGAfHo9Ug/benjamin-netanyahu-20-.jpg)
Benjamin Netanyahu durante declaração em Ramat Gan, perto de Tel Aviv, 10 de setembro de 2019. — Foto: MENAHEM KAHANA / AFP
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Há uma quarta linha de preocupação, que é como reagirão os países dos Acordos de Abraão (Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos), que se aproximaram recentemente de Israel.
— A violência contra os palestinos na Cisjordânia, a situação no Líbano e em Gaza, tudo isso definitivamente está gerando preocupação no mundo árabe. Nesse sentido, este governo está criando problemas e, se as coisas continuarem do jeito que estão agora, os países que normalizaram recentemente as relações com Israel podem dar um passo para trás — avalia Gerald Feierstein, pesquisador sênior do Instituto para o Oriente Médio.
Já o professor Manuel Trajtenberg, diretor executivo do Instituto para Estudos de Segurança Nacional, acredita que a instabilidade política não soa bem para esses parceiros extremistas e pode mesmo impedir que mais países se juntem aos Acordos de Abraão. Apesar da preocupação com a política externa, Trajtenberg afirma que a principal consequência da instabilidade doméstica causada pelo novo governo de extrema direita e sua proposta de reforma do Judiciário foi trazer um novo elemento: a interferência da política em questões de segurança nacional.
— Neste momento, a maior consequência para a segurança nacional é o fato de que as divisões dentro da sociedade israelense estão entrando no Exército também. Muitos dos manifestantes pertencem a unidades do Exército, inclusive pilotos e outras unidades de elite.
Aposta nas instituições
Trajtenberg afirma que, em caso de um conflito entre uma ordem de Netanyahu e os valores das Forças Armadas, prevaleceriam a democracia e as instituições. Isso, diz, deveria afastar receio de aliados de que Israel possa fazer algo irresponsável agora que radicais integram o governo — algo que poderia preocupar os vizinhos, já que, apesar de não admitir publicamente, o país é considerado como sendo detentor de armas nucleares.
— A capacidade dos políticos de tomar uma atitude extremista [nesse sentido] é praticamente nula —afirma Trajtenberg. — A resposta é unânime entre os membros do aparato de segurança: vamos obedecer a lei.