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Por O Globo e agências internacionais — Pequim e Taipei

Em protesto pela visita da presidente da Câmara dos EUA a Taiwan, a China realizou o seu segundo dia consecutivo de exercícios militares de cerco à ilha. Enquanto, na véspera, mísseis balísticos sobrevoaram o território autogovernado pela primeira vez, nesta sexta-feira as Forças Armadas chinesas executaram manobras conjuntos, combinando caças e navios de guerra.

Nas primeiras horas da manhã, "vários grupos de aeronaves e navios de combate realizaram exercícios ao redor do Estreito de Taiwan e cruzaram a linha média do estreito", disse o Ministério da Defesa de Taiwan em comunicado. "Este exercício militar chinês, seja lançando mísseis balísticos ou cruzando a linha média do estreito, é um ato altamente provocativo", acrescentou.

O ministério taiwanês disse ter contabilizado 68 aeronaves militares e 13 navios de guerra chineses realizando atividades frequentes no Estreito de Taiwan — que separa a ilha do continente e tem 180 quilômetros em sua extensão máxima — e seu entorno. Segundo o órgão, alguns equipamentos, mas não todos, cruzaram a linha central do estreito e "prejudicaram seriamente a situação atual".

O comunicado das autoridades em Taipé também diz que a situação está sob monitoramento, e o "Exército Nacional tomará medidas resolutas para salvaguardar a segurança nacional e garantir a democracia".

Já era esperado que, após o lançamento de mísseis, a China buscasse efetuar exercícios combinando diferentes armas. Estas manobras são consideradas menos chamativas, porém mais complexas. Elas buscam testar a capacidade de impor um bloqueio sobre Taiwan.

Também nesta sexta, um porta-voz do Exército de Libertação do Povo (ELP) disse que a China realizou “rastreamento e vigilância” da aeronave de transporte C-40 da Força Aérea dos EUA que transportou Pelosi para Taiwan de Kuala Lumpur, na Malásia. Segundo ele, foi isso que forçou o piloto a desviar sua rota para o Leste das Filipinas, em vez de atravessar o Mar do Sul da China.

— Nossas tropas destacadas em vários locais se tornaram um impedimento para [o avião]— disse o major-general Meng Xiangqing, professor da Universidade de Defesa Nacional, a principal academia do ELP.

Meng não detalhou quais medidas o ELP tomou para o “rastreamento e vigilância”. Ele também disse que o anúncio do ELP de exercícios na costa leste de Taiwan obrigou o grupo de ataque do porta-aviões americano USS Ronald Reagan, que estava perto da área para proteger Pelosi, a navegar para centenas de quilômetros a leste da ilha.

Em seu comunicado, as Forças Armadas da China afirmaram que "o Teatro Oriental do Exército de Libertação do Povo Chinês continuou a realizar exercícios práticos conjuntos no mar e nos espaços aéreos do Norte, Sudoeste e Leste da ilha de Taiwan, conforme planejado, e continuou a testar as capacidades conjuntas de combate das suas força". A nota afirma ainda que os exercícios prosseguirão confirme o planejado. A previsão é que durem até domingo.

A visita de Pelosi despertou forte reação de setores nacionalistas na China, e o presidente Xi Jinping, que busca um terceiro mandato no congresso do Partido Comunista marcado para outubro, está sob pressão para mostrar uma reação forte.

Nesta sexta, a mídia estatal em Pequim destacou que, na véspera, mísseis balísticos chineses sobrevoaram Taiwan como parte de seus exercícios, confirmando uma informação do Ministério da Defesa do Japão confirmada por Taipé. A ação é inédita e considerada muito provocativa.

Trajetória dos mísseis lançados pela China — Foto: Ministério da Defesa do Japão
Trajetória dos mísseis lançados pela China — Foto: Ministério da Defesa do Japão

O primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, pediu a seus aliados que pressionem pelo fim da tensão na região.

— Não esperávamos que o vizinho mostrasse seu poder em nossos portões e pusesse em perigo arbitrário as rotas marítimas mais movimentadas do mundo com seus exercícios militares — disse Su.

Em paralelo às atividades militares, a China impôs punições econômicas contra Taiwan, e, nesta sexta-feira, anunciou também retaliações políticas contra os Estados Unidos, suspendendo sua cooperação em diversos âmbitos.

China lança operações militares em torno de Taiwan

China lança operações militares em torno de Taiwan

Pelosi foi a primeira pessoa em seu cargo a visitar Taiwan desde 1997. Em 1979, quando reataram relações com Pequim, os EUA reconheceram o princípio de "uma só China" e não mantêm relações diplomáticas formais com a ilha, embora forneçam armas ao território.

Os exercícios militares acontecem em algumas das rotas marítimas mais movimentadas do planeta, por onde são transportados, por exemplo, equipamentos eletrônicos vitais de fábricas no Sudeste Asiático para os mercados mundiais.

O Escritório Marítimo e Portuário de Taiwan emitiu alertas para os navios que circulam nessa área, e várias companhias aéreas internacionais disseram que desviariam seus voos para evitar o espaço aéreo da ilha.

Muitos estão ancorados no mar para evitar uma zona de atividades militares localizada nos arredores do porto de Kaohsiung, no Sul de Taiwan, segundo Jayendu Krishna, vice-chefe da consultoria Drewry Maritime Advisors, disse à Bloomberg.

A zona é uma das maiores áreas de ação que a China delimitou ao redor da ilha, e fica a 15 milhas náuticas da entrada do porto. Os proprietários de navios estão preocupados com a possibilidade de mísseis atingirem suas embarcações, optando por deixá-las paradas, queimando combustível extra até que os exercícios terminem

— Alguns navios de carga e petroleiros foram solicitados a ancorar e aguardar ordens — disse Krishna. — Eles evitarão ir a Kaohsiung nos próximos dois ou três dias, porque o trajeto está na linha de fogo da CNenhum navio cancelou os planos de entrar ou sair dos portos na quinta-feira, de acordo com um comunicado do Ministério dos Transportes de Taiwan.

A hipótese de uma invasão de Taiwan, com 23 milhões de habitantes, é improvável. Mas desde a eleição, em 2016, da atual presidente, Tsai Ing-wen, as ameaças de realizá-la aumentaram. Tsai, que pertence a um partido pró-independência, se recusa a reconhecer que a ilha e o continente fazem parte de "uma só China".

Nos últimos anos, multiplicaram-se as visitas a Taipé de autoridades e legisladores estrangeiros. Em resposta, a China tenta isolar Taiwan diplomaticamente e aumenta a pressão militar sobre a ilha. Apenas 14 países mantêm relações diplomáticas formais com Taipé.

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