G20 no Brasil
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Por e , Especial para O GLOBO

As cidades têm tamanhos diferentes e desafios distintos. Mas medidas adotadas por prefeituras consideradas inteligentes podem, além de beneficiar os moradores, ser inspirações para outros municípios que tentam melhorar a gestão e levar bem-estar aos cidadãos. Há exemplos no Brasil e no mundo.

O conceito de smart cities — ou cidades inteligentes — se baseia em sistemas e pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida, segundo a União Europeia.

De acordo com o Cities in Motion Index, da Escola de Negócios da Universidade de Navarra, na Espanha, há dez dimensões que indicam o nível de inteligência de uma cidade, entre elas planejamento urbano, tecnologia, meio ambiente e economia. São esferas que norteiam as discussões no âmbito do U20, a rede de prefeituras dos países que integram o G20.

No Brasil, Curitiba e Salvador, por exemplo, vêm apostando na tecnologia para melhorar e integrar serviços públicos. Na capital paranaense, a inteligência artificial vem sendo usada em veículos que circulam nas ruas para analisar dados — de falta de luz a buracos nas vias —, indicando aos gestores públicos onde são necessárias melhorias. Em Salvador, o novo plano diretor contempla a criação de conexões entre prédios e serviços prestados à sociedade, que facilitam a vida do cidadão.

— A tecnologia precisa chegar à gestão pública. Ela ajuda a mapear onde e quem precisa mais — diz Suzana Kahn, diretora da Coppe/UFRJ.

No exterior, são vários os exemplos inspiradores. Cingapura mostra que o meio ambiente ganha uma boa ajuda quando há legislação criteriosa. Lá, novas construções devem erguer jardins nas vias públicas como forma de compensação. Londres taxou os carros poluentes, e Shenzhen, além de ter eletrificado sua frota de ônibus, se tornou um hub de tecnologia, atraindo empresas que impulsionam o desenvolvimento local.

  • CINGAPURA

Árvores metálicas gigantes coletam água para irrigar plantas — Foto: Reprodução da internet/Gardes by the Bay
Árvores metálicas gigantes coletam água para irrigar plantas — Foto: Reprodução da internet/Gardes by the Bay

Cingapura, cidade-Estado no Sudeste Asiático, foi eleita pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a mais verde do mundo. Para chegar ao topo desse ranking não bastou ter muitas árvores. Ao conferir o título, o organismo leva em consideração critérios como qualidade do ar e da água, bom manejo de resíduos sólidos, uso de energia renovável e outras iniciativas governamentais sustentáveis.

No caso de Cingapura, entre as medidas que fizeram diferença, está a lei que impõe, desde 2008, que as novas construções urbanas criem jardins ao longo das vias públicas, como compensação ambiental, e tetos verdes em todos os novos edifícios. A medida aumenta a permeabilidade, já que as águas das chuvas são em parte absorvidas pela vegetação instalada no alto dos prédios. Isso tudo contribui ainda para reduzir o calor.

Um dos símbolos dessa mudança é a área do centro revitalizado da cidade, onde fica o Gardens by the Bay, que abriga 18 árvores gigantes feitas de estruturas metálicas. O jardim se tornou um cartão postal de Cingapura. As árvores são cobertas por plantas de verdade — são mais de 200 espécies — e possuem células fotovoltaicas nas copas. A energia solar é captada de dia e usada para iluminar o parque à noite. Elas também funcionam como coletores de água, com a qual o jardim é irrigado.

  • SALVADOR

Salvador quer usar drones em serviços como fiscalização de obras — Foto: Victor Moriyama/Bloomberg
Salvador quer usar drones em serviços como fiscalização de obras — Foto: Victor Moriyama/Bloomberg

Salvador lançou, em 2022, o Plano Diretor de Cidades Inteligentes e está fazendo consulta pública para criar uma política de fomento ao uso de drones. O plano tem 57 objetivos e 75 ações que vão orientar, pelos próximos 30 anos, as ações destinadas à transformação urbana e social.

Segundo o secretário municipal de Inovação e Tecnologia, Samuel Araújo, a cada quatro anos o plano será revisado, e as medidas do ciclo seguinte passarão a fazer parte do planejamento estratégico da prefeitura, garantindo verbas para a continuidade.

Para o primeiro período, estão contemplados projetos de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), ônibus elétricos, infovia e wi-fi público. A infovia, rede de multisserviços que conecta prédios e áreas públicas com fibra ótica, deve estar funcionando plenamente até o fim de junho.

— Atualmente, já está disponível em 800 edifícios municipais, incluindo escolas e postos de saúde. E o wi-fi é acessado em prédios públicos e 250 praças e áreas turísticas — afirma Araújo.

Com relação aos drones, a ideia é regulamentar seu uso para prestação de serviços, como fiscalização de obras. Segundo o secretário, Salvador tem a maior malha viária de drones do mundo, com trajetos de até 12 km. O município recebeu a certificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de cidade inteligente em abril.

  • LONDRES

A necessidade de reduzir emissões de gases do efeito estufa levou Londres a criar a Zona de Emissões Ultrabaixas (Ulez, na sigla em inglês), para restringir a circulação de carros antigos e mais poluentes. A área foi implementada em 2019 no centro da cidade para melhorar a qualidade do ar. A medida obriga motoristas daqueles veículos a pagar uma taxa de € 12,50 (cerca de R$ 81,25) por dia que circularem na zona. Desde agosto de 2023, a Ulez inclui toda a região metropolitana.

Há 3.700 câmeras que fazem o reconhecimento das placas dos carros, permitindo verificar se estão em conformidade com os padrões de emissão. Segundo a prefeitura, mais de 500 mil londrinos vivem com asma e são mais vulneráveis a impactos da poluição atmosférica. Sem a ULEZ, a poluição poderia provocar ou agravar doenças que custariam £10,4 bilhões (US$ 13,2 bilhões) ao setor de saúde até 2050.

A cidade também amplia a infraestrutura de abastecimento para a frota de 155,5 mil veículos elétricos. São mais de 19,8 mil estações de carregamento, cerca de 32% do total do Reino Unido. Esse ponto foi destacado pelo Índice IESE Cities in Motion 2024, publicado anualmente pela Escola de Negócios da Universidade de Navarra, que considera Londres pioneira na implementação de tecnologias inteligentes, devido a sua extensa rede de torres 5G.

  • CURITIBA

Vista aérea da pirâmide solar de Curitiba, que fornece energia para instalações municipais — Foto: Ricardo Mapajó / Prefeitura de Curitiba
Vista aérea da pirâmide solar de Curitiba, que fornece energia para instalações municipais — Foto: Ricardo Mapajó / Prefeitura de Curitiba

Curitiba se destaca pelo planejamento urbano, mobilidade e uso de tecnologia na gestão municipal. Uma das inovações é a zeladoria digital, sistema que emprega inteligência virtual (IA) em veículos para analisar e processar dados das ruas, indicando aos gestores públicos onde são necessárias melhorias.

São 35 veículos da frota da prefeitura e de motoristas de aplicativos equipados com um sensor na suspensão e uma câmera fotográfica no para-brisa interligados a um aplicativo no celular dos motoristas. Ao circularem pelas vias da cidade, registram informações detalhadas sobre as ruas, de buracos à falta de iluminação.

— As informações vão para uma base de dados, a IA identifica o problema e emite a ordem para que as equipes da prefeitura possam agir rapidamente — explica Dario Paixão, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação.

A cidade, que tem uma secretaria voltada à inteligência artificial, tem iniciativas que vão de eletrificação da frota, passam pela operação da chamada pirâmide solar — são 8,6 mil painéis capazes de fornecer 30% da energia consumida pelos prédios públicos — e chegam ao Hub de Inovação no Vale do Pinhão. Com exceção de São Paulo, é a única com três startups consideradas unicórnios (que valem mais de US$ 1 bilhão), segundo Paixão.

  • SHENZHEN

Shenzen, que era uma vila de pescadores, se tornou um hub de tecnologia — Foto: Justin Chin/Bloomberg
Shenzen, que era uma vila de pescadores, se tornou um hub de tecnologia — Foto: Justin Chin/Bloomberg

A cidade chinesa de Shenzhen, localizada no sudeste do país e próxima a Hong Kong, é conhecida como sede de grandes empresas, como Huawei, BYD e Tencent, e pelo amplo uso da tecnologia na gestão municipal, o que já lhe proporcionou o título de cidade inteligente em vários rankings. A professora Suzana Kahn, diretora da Coppe/UFRJ, afirma que uma smart city é também resultado da ininterrupção de políticas públicas. E Shezhen é exemplo disso:

— Há 40 anos, a localidade era uma vila de pescadores. A continuidade é essencial.

Foi a primeira cidade chinesa a se tornar uma zona econômica especial, em 1980, atraindo grandes empresas, que utilizam tecnologia avançada na produção de eletrônicos e outros produtos. Também adota a tecnologia do gêmeo digital — espécie de cópia virtual de um objeto ou região, que permite prever virtualmente o que acontecerá no mundo físico e, assim, resolver problemas com antecedência ou mais rapidamente. É possível monitorar de ventos e chuvas a sistemas de água e eletricidade.

Com mais de 17 milhões de habitantes, outra medida de impacto foi eletrificar toda a sua frota de 16 mil ônibus, melhorando a qualidade do ar e deixando a cidade mais silenciosa.

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