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A adaptação é azul e verde. Dar às cidades resiliência contra desastres climáticos tão diferentes quanto inundações, deslizamentos e ondas de calor é complexo e envolve uma série de medidas. Porém, uma das que têm se mostrado mais eficientes no mundo é aumentar o verde e o azul urbanos, dizem especialistas.

O retrofit baseado na natureza, ou infraestrutura azul e verde produz, por exemplo, cidades-esponja, que absorvem excesso de água da chuva. Em vez de aprisionar rios em canais de margens concretadas, os libertam e ampliam seus leitos, devolvidos ao tamanho original. Parques com áreas inundáveis e cobertas com a vegetação que favorece a absorção de água ocupam as margens.

Também são frutos da mesma concepção corredores verdes, que conectam ruas, praças, parques arborizados para reduzir o calor e a poluição do ar e sonora, além de amortecer o impacto de chuvas fortes. O solo dessas áreas, poroso, absorve água com mais eficiência, diminuindo o risco de enchentes.

Estudos em Portland (EUA), Leeds e Newcastle (ambas no Reino Unido) mostraram que a recuperação das planícies de inundação de rios e a transformação dessas áreas em parques reduz o risco de inundações.

— Não adianta investir apenas em soluções convencionais de engenharia, acabamos de ver todas elas indo por água abaixo no Rio Grande do Sul. Tudo tem que ser revisto em conjunto com soluções baseadas na natureza — frisa Denise Duarte, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Universidade de São Paulo (FAU/USP) e coordenadora do projeto “Adaptação das cidades à mudança do clima na microescala”.

Ponto de ônibus sem metal

Ela coordenou um estudo sobre planos de adaptação climáticas no mundo e diz que cada lugar desenvolveu sua estratégia. A vertical Hong Kong, por exemplo, tenta criar espaços públicos com vegetação em cada cantinho disponível, incluindo partes comuns de edifícios. Já Sydney redesenhou espaços públicos e criou parques.

 Estudo revela que a temperatura sob uma árvore é em média 5º C menor que a medida em área aberta contígua — Foto: Edilson Dantas / O Globo
Estudo revela que a temperatura sob uma árvore é em média 5º C menor que a medida em área aberta contígua — Foto: Edilson Dantas / O Globo

Denise diz que o município de São Paulo, por exemplo, tem um plano climático vasto. Mas é preciso transformar estações de trem, rodoviárias e pontos de ônibus em “o��sis urbanos”. Nos pontos de ônibus adaptados ao calor, deve haver sombra de qualidade (sem materiais que acumulam calor, como metais e vidro) e água potável. Outra medida é sombrear mais as ciclovias para que possam ser usadas mesmo em dias quentes.

Toda árvore urbana faz diferença. Estudo da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA revela que a temperatura sob uma árvore é em média 5º C menor que a medida em área aberta contígua. Num dia quente, um carro estacionado à sombra de uma árvore pode ficar até 25º C mais fresco do que outro exposto ao sol. Isso acontece porque apenas cerca de 30% da radiação solar chega à área sob uma árvore. O restante é absorvido pelas folhas para a fotossíntese e uma parte é refletida de volta à atmosfera.

Porém, as árvores também são uma medida de desigualdade. No Brasil e no mundo, as áreas mais ricas são as mais arborizadas. Isso é evidente em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. E também em nível regional.

O Norte é milionário em áreas naturais, pois tem a Amazônia. Mas paradoxalmente tem as cidades menos arborizadas do país, algumas não chegam a 1% de arborização de vias e parques públicos.

A diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), Regina Alvalá, cita Barcelona como cidade que conseguiu melhorar a mobilidade, reduzir o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis e aumentar significativamente os espaços verdes.

— Barcelona priorizou o pedestre e não o carro. É bem arborizada, tem muitas ruas somente para pedestres, espaços para descanso, fontes e tem adotado prédios híbridos, comerciais e residenciais, o que melhora a mobilidade.

Educação climática

Acossadas pelas mudanças climáticas e pelos extremos que em 2023 e 2024 bateram todos os recordes, as cidades buscam se adaptar e também mitigar suas emissões. O mais recente e completo estudo sobre o assunto foi publicado em abril na revista científica BMC Public Health, do grupo Nature, que analisou outras 6.104 pesquisas. Nele, os autores ressaltaram a educação climática como uma poderosa ferramenta.

O climatologista José Marengo, uma das maiores autoridades em mudança climática do mundo e líder do relatório da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) sobre o clima da América do Sul, concorda:

— Adaptação urbana não se resume a obras. Aprende-se na escola e se ensina para todas as esferas da sociedade. É preciso letramento climático para todos.

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