Bebê picado por jararaca escondida atrás de sofá sobrevive após 17 dias internado; entenda

A criança teve necrose na mão e precisou de cirurgia, mas recebeu o soro em tempo e se recuperou bem

Por O GLOBO — São Paulo


Jararaca Reprodução/Comunicação Butantan

O pequeno Heitor, de apenas 1 ano e 10 meses, passou 17 dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), teve necrose na mão e precisou de cirurgia após ser picado por uma cobra, segundo informações do Portal do Butantan. O animal estava escondido atrás do sofá na casa onde Heitor mora com os pais.

Priscila Cassimiro e seu marido, Wilson Sousa, acordaram uma noite com o filho chorando. Ele estava com o braço roxo. Os pais imaginaram que ele podia ter caído e o levaram para o pronto-socorro de Santana de Parnaíba (SP), onde moravam. Após atendimento inicial, a família foi encaminhada ao Hospital Infantil Sabará, na capital paulista. Os médicos suspeitaram de picada de aranha e ligaram para o Instituto Butantan para solicitar apoio no diagnóstico e tratamento.

Após trocarem informações e fotos da lesão, os especialistas do Butantan constataram que os sintomas e as características do ferimento eram compatíveis com um envenenamento por jararaca – algo completamente inesperado pelos pais. Com o diagnóstico, o soro antibotrópico, específico para neutralizar o veneno dessa serpente, foi enviado ao hospital.

— O caso aconteceu em maio de 2022. Eu estava de plantão quando o hospital entrou em contato com a nossa equipe às 5h da manhã, falando que estavam com uma criança que, aparentemente, havia sido picada por uma aranha, e que ela estava com o braço roxo, inchado e com alterações de coagulação — conta a médica Ceila Málaque, do Hospital Vital Brazil, especializado no tratamento de pacientes acidentados com animais peçonhentos, ao Portal do Butantan. Ela descreve o atendimento como um dos mais marcantes para a equipe.

Ao recordar os dias antes do acidente, os pais lembraram de ter visto em certa ocasião o filho olhando atrás do sofá e rindo. Como era muito pequeno, Heitor não percebeu o perigo.

— Os médicos acharam que ele deve ter tentado pegar a cobra e acabou se acidentando — afirma Priscila, ao Portal do Butantan.

Ela nunca tinha visto uma serpente na região onde a família mora. Após a suspeita da equipe, Priscila pediu que sua irmã fosse até a casa. Ela encontrou a cobra atrás do sofá, tirou foto, e foi confirmado que realmente era uma jararaca.

Heitor teve necrose na mão, onde foi picado, e precisou de cirurgia. Ele passou 17 dias internado na UTI e levou 30 pontos no braço, mas se recuperou bem e manteve todos os movimentos da mão preservados.

— Se não fosse o soro, meu filho não estaria vivo hoje. Foi um milagre. Também sou muito grata ao Hospital Sabará e à médica que atendeu o Heitor, que correu atrás das informações e do soro para salvá-lo — comemora a mãe.

A gravidade do acidente ofídico depende da quantidade de veneno inoculado e do tempo entre a picada e a aplicação do soro. As complicações aumentam em pacientes que demoram mais de 6 horas para receber o tratamento e, em alguns casos, o envenenamento pode ser fatal. Em 2022, o Brasil registrou 1.638 casos de acidentes ofídicos em crianças de 1 a 9 anos. Nos menores de 1 ano, foram 290, segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS).

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