'Brasil e Irã são mais parecidos do que a gente imagina', dizem diretores de peça que estreia no Rio

Encenada pelo prestigiado Grupo Sobrevento, 'Pérsia' joga luz sobre temas como democracia, repressão e imigração

Por — Rio de Janeiro


'Pérsia', peça do Grupo Sobrevento, se debruça sobre imigração e democracia Divulgação/Marco Aurelio Olimpo

Uma viagem à capital iraniana, Teerã, em 2010, para participar do festival Fajr (Liberdade), plantou uma semente na cabeça de Luiz André Cherubini e Sandra Vargas, fundadores do Grupo Sobrevento. Apesar dos quase 12 mil quilômetros que separam os dois países, os dois perceberam que “Brasil e Irã são mais parecidos do que a gente imagina”. Oito anos depois, os diretores da companhia — referência do Teatro de Animação há 38 anos —, começaram a pensar no espetáculo “Pérsia”, que estreou em São Paulo em 2022 e chega hoje ao Sesc Copacabana, marcando a volta do grupo ao Rio após oito anos.

O espetáculo, pautado no Teatro de Objetos, retrata de maneira poética histórias reais de imigrantes que deixaram o Irã em busca de uma sociedade mais democrática. A dramaturgia traça um paralelo entre a política e a cultura das duas nações.

— A relação potente que os iranianos têm com a cultura, apesar do conservadorismo e do fundamentalismo terem tomado conta da política local, nos chamou a atenção — diz Sandra. — Quando o discurso autoritário começou a ganhar força aqui, percebemos que os relatos que ouvimos de imigrantes, como represálias por conta da orientação sexual, não estavam distantes do que vivemos no Brasil. Pensamos: “Pérsia [antigo nome do Irã] poderia ser aqui”.

— Os dois países vivenciaram uma ditadura, um momento de arbitrariedade, de perdas, e se ancoram na busca de um futuro melhor — completa Cherubini.

A montagem é embalada por poesia e música persas, apresentadas pelos próprios artistas, que aprenderam a tocar setar e daf, instrumentos clássicos de lá, que se misturam ao violão e à flauta.

Programe-se:

Onde: Sesc Copacabana (Arena). Rua Domingos Ferreira 160. Quando: Qui a dom, às 20h. Até 21 de abril. Estreia quinta, dia 28. Quanto: R$ 30. Classificação: Livre.

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