Da MPB de Djavan ao indie-folk de Devendra Banhart, passando pelas “Palavras” de Rubel e o reencontro de Lenine e Marcos Suzano com o icônico “Olho de peixe”, o Queremos! Festival aporta na Marina da Glória, sábado, com sua marca registrada, uma curadoria fina que vai do “hipster” ao “mainstream”.
São, ao todo, nove shows, que começam de tarde (às 15h15), com a nova sensação da MPB — ou, como ela mesmo chama, da “pós-MPB” — Ana Frango Elétrico, e seguem pela madrugada com a DJ carioca KENYA20Hz, artista, assim como Ana, muito ligada ao experimentalismo. Do time gringo, além de Devendra, também se apresentam a baixista franco-caribenha Adi Oasis e o britânico Alfa Mist — este, pela primeira vez no país.
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— Hoje em dia, as pessoas são bombardeadas com tanta informação, que é difícil conseguir buscar alguma novidade musical especial e de qualidade. É parte da nossa missão fazer esse intercâmbio. Sempre há uma preocupação em apresentar algo novo e interessante— afirma Pedro Seiler, um dos idealizadores do festival, também sempre de olho na mistura entre nomes “clássicos” e os ainda pouco conhecidos.
Um “sonho realizado” de Pedro é a “volta” do celebrado “Olho de peixe”, em show inédito. A ideia surgiu no último ano, com a reedição do disco em vinil. Lenine e Suzano, é claro, toparam de imediato.
— Vai ser uma oportunidade de confirmar o porquê da perenidade desse trabalho, que, na época, reafirmava a condição da mistura brasileira e era também uma crônica daquele tempo — afirma Lenine, que lamenta a atualidade de algumas daquelas canções, como “Acredite ou não”. — A música pode ser a maneira de uma pessoa compreender o “aqui e agora” de uma determinada época. É triste perceber que esses versos (“Rififi na Palestina/Bangue-bangue no Borel”) continuam atuais.
No palco, a MPB, o pop, o rock e o funk se encontram no pandeiro de Susano e no violão de Lenine, que serão acompanhados por Denilson Campos, Carlos Malta e Jovi Joviniano.
Também no time dos “clássicos”, Djavan chega para a última apresentação em solo carioca do show “D”, que já rodou e vai seguir rodando, até julho, o Brasil e o mundo. Veterano do line-up, ele celebra os novos nomes da música brasileira com quem divide a programação e também a possibilidade dos encontros que o festival propicia.
— Tenho dois filhos jovens (Inácio e Sofia, de 15 e 22 anos, respectivamente) que ouvem todos eles (Ana Frango Elétrico, Rubel e o rapper Djonga). Então em casa, através dos meus filhos, também os escuto e fico feliz de ver o quanto se interessam por mim e pela minha música — diz Djavan, que lança nesta quinta-feira (11), nas plataformas digitais, o álbum “D ao vivo Maceió”, com registros da bem-sucedida turnê.
Um disco mal saiu do forno, e o próximo já vem aí ("Eu descanso trabalhando", afirma, aos 75 anos). Em setembro, conta Djavan, ele entra em estúdio para gravar as novas composições:
— A música é o sopro da minha vida, um elixir maravilhoso que alimenta a minha alma desde garotinho. No que depender de mim, vou estar aí na cena para sempre.
Fã declarado de Djavan, Rubel não esconde a animação com este e os outros shows que pretende ver no sábado, enquanto não estiver no palco, em seu primeiro show com 33 anos (ele fez aniversário nesta quarta-feira, dia 10 de abril). Em turnê com “As palavras vol. 1 & 2”, seu terceiro álbum, Rubel não se apresenta desde o carnaval.
— Esse show tem uma energia diferente do meu trabalho anterior. Ele é mais da rua, da catarse, da dança. É um pouco mais para cima e para fora — diz o músico, que lotou o Circo Voador em setembro passado, com uma plateia entregue e emocionada. — Esse contraste de ter funk, MPB, pagode e forró acabou gerando um panorama que é um pouco caótico, mas se torna, ao mesmo tempo, um arco de emoção, do início ao fim.
Para o artista, o contato com o público está no campo do espiritual:
— A música tem o poder de, por alguns instantes, elevar a gente para um espaço de transcendência coletiva.
Americano criado na Venezuela, Devendra Banhart desde sempre fez questão de expor seu amor pela cultura brasileira, em lista de inspirações que vão de Gal Costa e Dorival Caymmi a Sessa e Tinganá Santana. Voltando ao país mais uma vez, o músico recentemente pediu aos fãs brasileiros sugestões de músicas para incluir no setlist. Ao GLOBO, ele garante que está tentando atender os pedidos de todos. O que esperar desse show?
— Um gaspacho musical, com um “toque de chef”, feito por pessoas que não sabem cozinhar... e mamilos, muitos mamilos — brinca o bem-humorado Devendra, que recebeu dicas do amigo carioca Rodrigo Amarante para aproveitar a cidade. — Ele me deu uma lista linda de coisas para fazer, mas talvez eu tente fazer amizade com uma capivara.
Line-up completo
- Ana Frango Elétrico (15h15)
- Alfa Mist (16h20)
- Rubel (17h25)
- Lenine e Suzano (18h45)
- Adi Oasis (19h50)
- Devendra Banhart (21h)
- Djavan (22h30)
- Djonga (0h10)
- Kenya20HZ (01h15)
Programe-se
Onde: Marina da Glória. Quando: Sáb, a partir das 15h. Quanto: R$ 230 (com 1kg de alimento), pela Eventim. Classificação: 14 anos.