Estreante como intérprete de samba na Beija-Flor, Ludmilla sai da Sapucaí e canta em bloco

Cantora concilia rotina de ensaios da escola com shows, aparições em camarotes e puxadora de blocos de rua

Por Julia Noia — Rio de Janeiro


Ludmilla chegando para interpretar samba-enredo da Beija-Flor Julia Noia/Agência O Globo

Imagina tocar um trio elétrico, agitar camarotes da Sapucaí e embalar uma das principais escolas de samba do Rio, tudo em menos de uma semana. Essa é a maratona que Ludmilla vem correndo desde quinta-feira, para entregar tudo de si para o carnaval de 2023. A cantora, que interpretou o samba-enredo da Beija-Flor na madrugada desta terça-feira, já se prepara para embalar mais de um milhão de foliões no Centro do Rio, no Fervo da Lud.

Rotina regrada e sessões quase que diárias com a fonoaudióloga foram as peças-chave para garantir o porte físico da cantora entre quinta-feira passada, dia 16, e a Quarta-Feira de Cinzas. Durante o período, ela coloca o Fervo da Lud, seu bloco de carnaval, nas ruas do Rio e de Salvador, se apresenta como intérprete da azul e branco de Nilópolis — penúltima escola a desfilar nesta segunda — e foi atração em quatro festas de carnaval.

— Ontem (domingo), cheguei em casa às 8h da manhã, acertei minhas coisas e descansei um pouquinho. Mas essa bateria de carnaval é insana. Eu mesma achei que não fosse concluir, mas agora eu vi que sou forte (risos) — conta a cantora.

A rotina começou na última quinta-feira, dia 16, quando a cantora reuniu centenas de milhares no Fervo da Lud, em Salvador. E a farra continuou na noite de domingo, enquanto as primeiras escolas do Grupo Especial enchiam a Sapucaí de festa, Ludmilla se preparava para subir no palco do Nau Cidades, e depois voltou para se apresentar na Avenida, de onde saiu às 8h.

Mal conseguiu descansar e já pisava novamente na Sapucaí, agora com os preparativos para o desfile da Beija-Flor, que começou entre 2h e 3h da madrugada desta terça-feira. E só deu tempo de passar no hotel para tomar um banho rápido, porque antes de 7h a cantora já deveria estar na Rua Primeiro de Março para o Fervo da Lud.

Mais tarde, nesta terça, a cantora vai dividir o palco com Pabllo Vittar, Glória Groove, Lexa e Chá da Alice, em evento privado na Marina da Glória. E, para fechar a maratona, ludmilla volta para a Avenida para a apuração das escolas de samba, quando deve cantar no Nosso Camarote, um dos pontos mais badalados da Sapucaí.

Há meses, ela se prepara para interpretar o samba-enredo “Brava Gente! O grito dos excluídos no Bicentenário da Independência”, que coloca em cena narrativas, figuras e datas representativas para a população negra, em contraposição com “o conhecimento das matrizes branco-europeias”. Para a cantora, nada mais representativo que, enquanto mulher, negra e LGBTQIA+, entoar o canto na madrugada desta segunda-feira.

“Acho que isso simboliza muito o momento que estamos vivendo, que é de transformação, de respeito a todos os seres humanos. Temos muito a caminhar ainda, mas abordando cada vez mais estes assuntos, vamos avançando”, reforça.

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