Nísia reconhece que faltou 'acompanhamento mais próximo' dos hospitais federais do Rio

Diretor e secretário foram exonerados após denúncias de precariedade e nomeações sem critérios

Por — Brasília


Nísia Trindade em live com o presidente Lula Reprodução/Twitter Lula

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reconheceu que houve falta de diálogo entre o ministério e os gestores dos hospitais federais do Rio de Janeiro no ano passado. Conforme o GLOBO mostrou, o ex-chefe do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) Alexandre Telles, responsável pelas seis unidades em mau funcionamento, coordenou em setembro uma nota técnica que identificou uma série de irregularidades na rede.

— Faltou diálogo com os diretores, faltou um acompanhamento mais próximo, e nós estamos num momento de rever tudo isso (...) para que esses hospitais ofereçam o serviço que a população precis — afirmou Trindade em entrevista à Globo News nesta quarta-feira.

Telles foi exonerado na segunda-feira, 18, depois de uma série de notícias sobre precariedade nos hospitais. Segundo a ministra, a demissão aconteceu porque a pasta já "havia apontado pra ele pontos críticos na gestão" que não foram solucionados.

— Houve sim avanços em alguns pontos trabalhados junto ao secretário Helvécio Magalhães, como abertura de leitos em um dos hospitais. Houve outras ações para superar a crise, mas não foram suficientes — completou Trindade.

A nota técnica do DGH de setembro alerta para “fragilidades e irregularidades no âmbito da contratação de serviços continuados” na rede, como: contratação de serviços com preços superiores aos praticados na administração pública ou no mercado, estabelecimento de preço restrito a algumas empresas e desclassificação de empresa detentora da melhor proposta sem justificativa técnica plausível.

Devido às irregularidades, na última semana o ministério criou um comitê para coordenar uma espécie de intervenção nas seis unidades, cujo o papel é, conforme a pasta, "promover o diálogo junto aos servidores, sindicatos, gestores e propor melhorias na governança”. Além da criação da equipe, a Saúde centralizou os processos de aquisição dos medicamentos, insumos e de contratação de obras dos hospitais no DGH.

O chefe do comitê seria o ex-secretário de Atenção Especializada à Saúde, Helvécio Magalhães. Contudo, ele foi exonerado após Telles, na segunda-feira, depois de ser citado na reportagem do Fantástico como um dos responsáveis por apadrinhamentos e nomeações sem critérios técnicos nas unidades de saúde, em casos que foram denunciados ao Ministério Público.

— Sua exoneração se deveu ao fato de que uma avaliação de um descuido nesse momento era algo de fragilizava muito o próprio comitê gestor e ações do Ministério da Saúde — explicou a ministra.

A ministra negou que exista uma "limpeza" no ministério, mas afirmou que irá "fazer revisão cuidadosa" dos nomes nas direções dos seis hospitais federais:

— Se trata de garantir mais eficiência neste momento.

Conforme o GLOBO apurou, Trindade já escolheu a pessoa que irá ficar no lugar de Helvécio na Secretaria de Atenção Especializada. O nome deve ser anunciado em até 30 dias, assim como o titular efetivo do DGH.

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