Lula diz que Campos Neto é adversário 'político e ideológico' e que está chegando o momento de trocá-lo

Semana foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo ao presidente do Banco Central

Por — Brasília


Lula diz que Roberto Campos Neto, presidente do BC, é adversário político e ideológico Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

RESUMO

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GERADO EM: 21/06/2024 - 17:02

Lula critica Campos Neto e mercado reage

Lula critica Campos Neto e sugere trocá-lo após seu mandato em 2024. Presidente do BC é acusado de falta de autonomia e ligações políticas. Mercado reage com nervosismo após decisão de manter a taxa de juros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a subir o tom contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao afirmar em entrevista nesta sexta-feira que vê o titular como um adversário "político, ideológico e do modelo de governança".

O presidente ainda falou que está chegando o momento de trocá-lo por outra pessoa, referindo-se ao fim do seu mandato como presidente do BC no final de 2024.

--- O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu --- disse Lula em entrevista à rádio maranhense Mirante News FM.

A semana foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo a Campos Neto. Nos últimos dias, Lula disse que o presidente do BC“tem lado” e não demonstra “capacidade de autonomia”.

--- Está chegando o momento de trocar, vamos ter que tirar ele e colocar outra pessoa, e eu acho que as coisas vão voltar à normalidade, porque o Brasil é um país de muita confiabilidade. Esse nervosismo especulativo que está acontecendo não vai mexer com a seriedade da economia brasileira --- completou Lula.

Nova composição: Presidente e diretores do Banco Central

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Comitê de Política Monetária (Copom) é formado pelo presidente do BC e mais oito diretores

Na quinta-feira, Lula também lamentou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75%.

A decisão do Copom acerca da manutenção da taxa básica de juros aconteceu na quarta-feira. Mesmo os diretores indicados por Lula, que vem pedindo juros mais baixos, votaram pela interrupção do ciclo de cortes.

Na quarta-feira, antes da reunião do Copom, a tensão no mercado fez o dólar chegar a R$ 5,48. Mas a moeda acabou perdendo fôlego e fechou a R$ 5,44. Ainda assim, foi o maior patamar desde janeiro de 2023.

Com as falas de Lula, o dólar reverteu a queda registrada na abertura do pregão dessa quinta-feira, e fechou o dia em R$ 5,46. Após o Copom anunciar sua decisão, especialistas acreditavam que a manutenção da taxa de juros em 10,50% daria alívio à moeda americana, que, nos últimos dias, vinha registrando altas consecutivas, acumulando valorização de mais de 12% no ano.

Críticas ao BC e a Campos Neto

Lula voltou a criticar a gestão do atual presidente da autoridade financeira, Roberto Campos Neto e a autonomia do Banco Central. Em 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei que estabeleceu que o presidente e diretores do BC terão mandatos fixos de quatro anos, não coincidentes com o do Presidente da República.

Campos Neto tem mandato até o fim de 2024 e, no início do próximo ano, dará lugar a um sucessor a ser indicado por Lula.

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