A Gol apresentou hoje um plano financeiro de cinco anos, que servirá como base para o projeto de reestruturação da companhia. Nele, a empresa reconhece que precisará de recursos de investidores ou credores para viabilizar sua saída do Chapter 11, mecanismo similar ao da recuperação judicial.
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A partir de junho, em um processo que pode se estender até o fim do terceiro trimestre ou entrar pelo quarto trimestre, a companhia vai analisar propostas de financiamento para sair do Chapter 11 e “quaisquer operações alternativas viáveis e competitivas, incluindo oportunidades apresentadas por potenciais fontes de capital próprio e de dívida”.
Em termos práticos, a companhia poderá receber aportes de capital ou se tornar alvo de propostas de investidores e credores. Seja qual for o caminho selecionado, ele dependerá de aprovação do Tribunal de Falências americano.
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A reorganização das finanças da Gol está dividida em duas frentes: uma delas é o refinanciamento de US$ 2 bilhões da dívida de longo prazo. A outra é uma injeção de recursos de US$ 1,5 bilhão de capital novo por meio da emissão de novas ações. Ainda não se sabe como esse processo seria conduzido.
Pilar da reestruturação
Na semana passada, a Gol anunciou um acordo de compartilhamento de voos (codeshare) com a Azul para rotas domésticas operadas apenas por uma das empresas. O acordo inclui programas de milhagem das duas empresas, permitindo que o passageiro acumule pontos ou milhas no programa de sua escolha ao efetuar a compra de trechos incluídos no codeshare.
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O mercado interpretou o acordo comercial como uma espécie de test-drive para uma fusão (embora as empresas não tenham comentado essa hipótese) e os papéis da Gol encerraram a sexta-feira com alta de 11,9%. Ontem, porém, as ações caíram 3,55%, a R$ 1,36.
— O plano já prevê a entrada de um parceiro, é o pilar central da reestruturação. A depender do nível de conversa com um investidor, seja a Azul ou outro, ele já poderia entrar opinando sobre como seria a reestruturação da companhia — afirma Vitor Hugo Erlich Varella, sócio do Bumachar Advogados.
Segundo uma fonte do mercado, o plano pode funcionar como um instrumento para pressionar a Azul, caso estejam em curso negociações para uma aquisição, ou servir de chamariz para outros investidores. A mesma fonte diz que isso dá um recado aos credores sem garantia de que, se não aderirem ao plano, o desconto no pagamento dos créditos será grande.
O plano financeiro apresentado hoje contempla outros aspectos e indica que a companhia terá de encolher para retomar a rota de crescimento adiante. Com uma frota de 142 aviões ao fim do primeiro trimestre, a Gol afirma ter alcançado acordo com arrendadores para 113 aviões e 48 motores sobressalentes.
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Agora, ela negocia pacotes que cubram o restante dos aviões da frota, mas deixa claro que não será possível expandir o número de aeronaves até 2026.
Em 2029, frota de 169 aviões
A partir daí, ela voltaria a incrementar a frota. A ideia é chegar a 169 aviões no fim de 2029. Em paralelo, a Gol diz ter recebido aprovação para financiar a entrega de aviões e motores para receber novos Boeing 797 Max ao longo do processo de reestruturação.
Com restrições na frota, a capacidade da companhia este ano ficará “temporariamente” abaixo da registrada em 2023, o que vai afetar o Ebitda (lucro antes de juros, impostos e amortizações) da Gol. A estimativa é que o Ebitda da companhia, que usa como referência um percentual da receita da Gol, recue para 23% este ano, ante 27% em 2023.
Segundo o plano, a estimativa é que a taxa vá se recuperando e fique em 34% em 2029.
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Celso Ferrer, CEO da Gol, diz que o plano é um “marco importante’ na reestruturação. “Com um plano claro em vigor, podemos começar a nos preparar para iniciar em breve o processo competitivo de financiamento para a saída do Chapter 11”, diz.
Segundo o executivo, a empresa foi informada de que, de acordo com o Código de Falência dos EUA, os créditos sem garantia devem ser pagos primeiro. A avaliação é que esses créditos deverão ter desconto substancial no plano de recuperação.